Review – Until Dawn

A Sony está realmente comprometida com sua nova tendência de relançar “jogos nem tão velhos”. Ambos os The Last of Us já receberam o tratamento premium (mesmo que o segundo tenha sido lançado há apenas quatro anos) e Horizon Zero Dawn também está prestes a entrar para o clube. Contudo, dessa vez falaremos dessa joinha rara chamada Until Dawn – o melhor filme de terror que você já jogou!

Until Dawn foi originalmente lançado em 2015 para PS4 e, apesar de ser um daqueles jogos que não precisam de um upgrade gráfico, até que o trabalho da Ballistic Moon se provou surpreendente. A parte complicada desta análise é o dilema de recomendar algo que permanece sendo praticamente o mesmo de nove anos atrás por um preço exageradamente maior.

Sobrevivendo à noite

Para aqueles que não conhecem a obra original, Until Dawn é o que a Quantic Dream costumava chamar de “drama interativo”. O jogo é basicamente um filme, onde o jogador tem o poder da escolha e suas ações moldam o desfecho da história. Dito isso, esse é um daqueles que nós mais assistimos do que jogamos.

Toda a trama se passa em um chalé nas montanhas. Um grupo de adolescentes se reúne após um trágico acidente que matou duas de suas integrantes – fatalidade que, por sinal, foi causada por uma brincadeira de mau gosto. Nessa tentativa de reconciliar a amizade da galera, eles se deparam com estranhos eventos envolvendo um serial killer, um homem com um lança-chamas e todo tipo de bizarrice que você pode imaginar.

Nesse contexto, você assume o papel de todos os adolescentes, totalizando sete personagens jogáveis. A campanha se intercala em capítulos e, em cada um, assumimos a pessoa que está na maior enrascada do grupo. Seu objetivo é garantir que todos cheguem vivos ao amanhecer – o que é praticamente impossível quando você não sabe o que está fazendo! Qualquer um deles pode morrer e o final obtido vai depender desse detalhe.

Seguindo a temática do bom e velho efeito borboleta, no jogo podemos encontrar diversos totens que nos fornecem visões do que está por vir. Todas são enigmáticas e, no fim, não ajudam muito na tomada de decisões, mas é uma forma de manter o jogador alerta em elementos específicos da história. A partir disso, pode-se afirmar que Until Dawn é um dos melhores jogos do gênero!

Para quem gosta dos saudosos slashers dos anos 1980, o jogo entrega exatamente tudo que se espera do estilo: mistério, jump scares e uma porção de gore. Além disso, seu visual já era bem impressionante há quase uma década, dando a impressão de que estamos literalmente jogando um filme. A presença de rostos famosos como Rami Malek, Peter Stormare e Hayden Panettiere apenas deixa essa experiência ainda mais fiel a uma obra hollywoodiana.

O que tem de novo?

Dito isso, vamos falar do que a versão repaginada de Until Dawn tem de novo, começando pelo mais óbvio: o visual. Todos os principais elementos do jogo foram refeitos na Unreal Engine 5, trazendo modelos de personagens mais realistas e cenários mais caprichados, com efeitos de iluminação aprimorados. O original já era bem bonito, então podemos dizer que agora o jogo está apenas com mais “cara de filme”.

Fui um tanto cético em relação a esse upgrade gráfico, mas até que as melhorias foram notáveis. Contudo, há muitas ressalvas, a começar pelo desempenho. Em sua versão retrocompatível, o Until Dawn do PS4 roda em 60 fps constantes no PS5; já na versão nativa, ele mal consegue chegar em 30 fps! O framerate é bem limitado e existem quedas frequentes, o que não acontecia no jogo anterior.

O gameplay também foi levemente modificado em alguns trechos. No original, o jogo seguia os moldes clássicos do gênero, com câmera fixa e visão mais espaçada. Isso ainda se mantém no remake, mas em alguns momentos, a câmera se posicionará atrás dos ombros do personagem, da mesma forma que a maioria dos jogos cinemáticos do momento. Eu sinceramente não senti muita diferença nessa mudança, mas também não sou contra.

Quem estiver rejogando também notará algumas diferenças no prólogo da campanha, que contempla todos os eventos que levam à fatalidade de Hannah e Beth. Os desenvolvedores estenderam essa parte para criar um laço maior entre os irmãos e deixar as consequências da “brincadeira” ainda mais pesadas. Após comparar ambas as versões, posso confirmar que a nova ficou melhor e mais profunda – mas infelizmente, esse tipo de novidade acaba por aqui.

Além do prólogo estendido, a única novidade que adiciona algum conteúdo à história é um novo tipo de colecionável, que ainda segue a mesma premissa dos totens. Você poderá ver algumas visões inéditas neste remake, mas para quem já jogou o anterior, é uma adição bem fraca. Vale citar que um dos finais também recebeu leves modificações para deixar um gostinho de sequência no ar, mas nada que justifique rejogar o jogo inteiro.

O Until Dawn do PS5 é basicamente o mesmo do PS4, só que levemente maquiado para parecer superior. Visualmente falando, ele realmente vence a disputa, mas todo o restante do conjunto decepciona – especialmente se tratando de um “remake” que está sendo vendido a preço cheio e sem opção de upgrade com desconto. Para quem nunca jogou, até pode valer a pena, mas pagar caro para revisitá-lo não será uma decisão muito sábia.