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As maquinas de arcade eram e ainda são um sucesso no Brasil e mundo todo, afinal de contas ainda há muitos bares espalhados pelo país que possuem uma máquina de The King of Fighters 98 ou Magic Plus 2002 em seu estabelecimento. Se baseando nessa cultura e paixão dos brasileiros pelo gênero de luta e seus clássicos que marcaram terras nacionais, Pocket Bravery chega chutando a porta!

Produzido pela Statera Studios, o jogo esteve presente em seu estado inicial na Retro Games 2022, onde pude testa-lo. Na época conversei com Jonathan Ferreira o CEO da Statera Studios e sobre quais eram os objetivos de Pocket Bravery e assim que chegou a chave de acesso, o importante era ver até onde conseguiram chegar, então vamos lá.

Cães que ladram e mordem

Pocket Bravery é um jogo de luta, que traz a história de Nuno, um jovem de Portugal que está em busca de redenção por seus crimes enquanto fazia parte da organização criminosa conhecida como Matilha. Um grupo de criminosos extremamente poderosos e violentos que agem no Brasil, sob o comando de Hector.

Pocket Bravery
Nuno deixou sua família para trás para servir à fúria de Hector

Nuno acaba se opondo a Hector e após apanhar bastante para seu antigo chefe, Nuno é lançado a sua própria sorte em um local chamado Canil, onde conhece Lobo, que o treina sobre o Ichor. Uma espécie de energia especial que certas pessoas possuem e podem controlar, com esse Ichor, Nuno poderá aprender a lutar de igual a igual com Hector.

Após fugirem, Lobo deixa Nuno com MingMei, uma agente da organização Ghost Hat, que busca impedir Hector. Juntos de Sebastian e Hadassa, o grupo irá viajar pelo mundo em busca de Hector, novos lutadores para ajuda-los nesta empreita e misteriosos artefatos capazes de aumentar o poder do Ichor de seus usários.

Uma aventura digna dos grandes animes e jogos de luta se desenrola no mundo de Pocket Bravery. Em um mundo que aparentemente guarda muito mais segredos do que demonstra em sua primeira narrativa, mas que pode vir a criar um universo tão interessante quanto os grandes jogos de luta já estabelecidos no mercado mundial.

Pocket Bravery
Vai com calma com o garoto aí, Snake

Jogo novo, velhos sentimentos

Jogos de luta são sem dúvida alguma um dos melhores gêneros já criados, principalmente em minha opinião jogos nos moldes de S.F: Third Strike, Marvel Vs Capcom: Clash of Super Heroes e SNK Vs Capcom e Pocket Bravery acerta na mesma proporção. Trazendo um modo história interessante, um Arcade e modos extras excelentes, além de um roster que abraça todo tipo de jogador.

Jogar Pocket Bravery é uma experiência divertida e extremamente semelhante à dos jogos acima. Isso se dá pelo fato de Pocket Bravery ser um jogo para os amantes de jogos de luta primeiro e um projeto comercial em segundo. Trazendo inúmeras referências, ferramentas, modos e claro aquela sensação de ser um jogo que estaria em uma máquina nos arcades de esquina, bares e rodoviárias do Brasil.

Trazendo até mesmo um modo rodoviária que muda muito o estilo do jogo, deixando o gameplay bem diferente, como nos casos de máquinas hackeadas deixando o jogo todo bem maluco. Há também o modo Busca Implacável, onde controlamos o personagem Daisuke em um vôo a lá Flappy Bird atrás da personagem Ximena. Minha única decepção com Pocket Bravery em si, já que esperava algo semelhante a Tekken Special Forces.

Pocket Bravery
Caso queira calcular melhor o tempo, diminua a velocidade na Fábrica de Combos

Outro grande ponto que mostra o carinho que a Statera Games teve com o projeto, foi o de incluírem uma linda animação de abertura. Com vocal e animação de ponta, algo que sempre amei em jogos de luta, salvo exemplos marcantes de aberturas como a de Evil Zone, Soul Edge e muitos outros.

Campeões do Ichor

Pocket Bravery traz um roster que agrada todo e qualquer tipo de jogador de F.G, seja ele zoner, grappler, all-rounder, trapper e vários outros. Cada um representando uma etnia e pais diferente na grande parte dos casos e até mesmo um convidado especial sob o qual escrevi não faz muito tempo.

Os personagens príncipas são Nuno o protagonista, Ming Mei sua parceira versada em kung-fu, Hadassa uma lutadora de Jiu-Jitsu brasileira e o Boxeador Sebastian que usa ataques congelantes. Na história eles são auxiliados por Arshavin, um lutador russo que treinava com ursos, Malika, uma lutadora Indiana, Indidi um poderoso e sábio guerreiro Africano e Kimberly, uma agente americana que luta semelhantemente a C.Viper.

Pocket Bravery
Referências? Tantas que nem couberam no texto todo

Ainda há Daisuke, porém tal como uma de suas inspirações, esse Samurai, fica um tanto quanto de fora, tal como Vergil em D.M.C buscando uma das antagonistas. Chamada Ximena e sendo avatar da própria Morte, ela serve como uma antagonista antes de Hector, líder da matilha e objeto de vingança de Nuno.

Há ainda a participação de Sho, da série Breakers, que fora lançado novamente por um projeto da excelente QUByte Interactive que deve ser desbloqueado após se completar certos requisitos em lutas, remetendo ao Reptile de MK1 ou Akuma em Street Fighter 2. Além de Jorge, uma máquina de referências de vários personagens, usando ataques de personagens como Rolento, Yamazaki e vários outros!

Primeiros passos dentro do ringue

O gameplay de Pocket Bravery é extremamente satisfatório, com hit boxes bem definidas, timing de combos não muito abertos, mas também não tão fechados. A conexão de movimentação e captação de inputs é afinadíssima e permite que o jogador jogue calmamente usando seus combos sem ter que ficar batendo ou calculando milimétricamente cada frame contado.

Pocket Bravery
Sho empresta seus ataques e um dos cenários de Breakers para Pocket bravery

Eu testei o jogo de duas formas, a primeira com um teclado gamer Redragon Lakshmi Sunset, e o jogo respondeu a todos os comando sem problemas. A segunda foi com um Frankenstein de controle arcade que montei e o jogo respondeu tranquilamente o reconhecendo como um controle de console. Houve no segundo caso um pouco de input lag, mas isso se deve muito provavelmente ao meu projeto caseiro de controle.

Essa liberdade facilita jogar com qualquer tipo de personagem que o jogador desejar, eu por ter o cérebro de um Neanderthal como todo bom jogador de personagens “parede”, usei em maior parte Arshavin, Hector e Indidi, que são personagens ainda que lentos, bem fortes. Admito que fiquei surpreso por Arshvin não ser uma cópia tão direta de Zangief, mas sim de King de Tekken, uma vez que o Russo combina diversos agarrões.

O modo online também funciona lindamente, com um rollback netcode excelente, permitindo partidas macias e suaves, claro que a internet sua ou do oponente pode não estar das melhores o tempo todo. Mas no geral o jogo funciona super bem, ainda mais com tantos modos para se jogar e experienciar as maravilhas de Pocket Bravery.

Pocket Bravery
Ximena usa o poder da Morte para poder lutar

Simples, mas complexo

Pocket Bravery funciona de uma maneira semelhante a The King of Fighters, trazendo seis botões principais. Um para soco fraco, um para o forte e um para os dois combinados, o mesmo para os chutes. Há ainda um botão para agarrões e um para os Breakers, que servem para interromper o combo dos inimigos caso você tenha barra.

Os Breakers usam uma das duas barras do jogo, uma de ichor e uma de especial. A barra de Ichor se enche durante a luta normalmente e permite que além do breaker, o jogador use versões mais poderosas de suas habilidades, aqui chamadas de Elementais, enquanto a segunda barra permite que o jogador use ataques especiais maiores.

Cada personagem dois especiais principais, alguns com pequenas modificações internas, como inputs extras, semelhantes ao Deadly Rave de Geese Howard, que é um combo todo dentro de um especial. Caso o personagem tenha perdido até 30% de sua vida, ele pode usar um especial supremo, que causa mais dano e é bem mais chamativo visualmente.

Pocket Bravery
Calma Hector, já vai irmão

A sinergia entre os personagens é muito boa e todos tem uma toolbox capaz de superar qualquer um dos outros, basta saber utilizar. Por isso sempre use o modo de treino, desafios e combo factory, para aprender mais sobre seu personagem favorito e assim ganhar todas as lutas que puder.

Uma carta para os fãs e ao Brasil

Além do sistema de combate excelente, modos divertidos e uma narrativa muito boa, Pocket Bravery traz muitas referências a outros jogos e animes, através de referências em estágios, personagens e suas skins e cenas do modo história. Um dos maiores exemplos está no estágio do Treta Championship, onde podemos ver na plateia vários grandes nomes da F.G.C. Além das Skins de animes e jogos como Seyia, Goku, Apocalipse, Akuma, Brolly, Tao Pai Pai, Mistica e várias outras em diversos personagens.

Pocket Bravery é uma excelente pedida para quem está afim de jogar um jogo novo de luta, mas que remeta aos grandes clássicos! Eu pessoalmente confio e espero muito que o Projeto Bravery siga adiante como os planos que conversei com Jonathan Ferreira em 2022, onde o mesmo espera poder fazer um jogo nos moldes de The King of Fighters XIII.

Pocket Bravery
Especial do último chefe do jogo é quase um Touch of Death do Rugal

Pocket Bravery é mais uma das várias provas de uma tecla que eu sempre bato em meus textos e conversas. O mercado nacional de games é muito fértil, nós brasileiros temos capacidade de fazer tudo que se faz lá fora, isso se não melhor, não podemos esquecer o quão bem vista nossa cultura e nosso jeito é bem visto e recebido no exterior!

Apoiem estúdios nacionais e projetos que prometem e entregam produtos tupiniquins de qualidade. Usem projetos que nos decepcionam como 171 como estudo de caso para não cair nesse tipo de narrativa onde vendem mundos e fundos sem ter onde se apoiar minha gente e vamos colocar jogos como Pocket Bravery, Wolfstride, Relic Hunters, Dodgeball Academia e muitos outros no topo das listas!

95 %


Prós:

🔺 Excelente jogo de luta nos moldes clássicos
🔺 Diversos modos de jogo
🔺 Gameplay divertido, desafiador e recompensador
🔺 Direção de arte e trilha sonora excelente
🔺 Muitos easter-eggs

Contras:

🔻 O modo Busca Implacável não adiciona nada

Ficha Técnica:

Lançamento: 31/08/23
Desenvolvedora: Statera Studio
Distribuidora: Pqube
Plataformas: PS4, PS5, PC, Xbox Series, Xbox One, Switch
Testado no: PC