Review – MainFrames

O mundo da programação, dos softwares e hardwares, algumas vezes, é cheio de mistérios indescritíveis. Seu código pode estar perfeitamente indentado e escrito corretamente, mas não fazer absolutamente nada do que se espera. Em contrapartida, um código escrito de forma desorganizada pode funcionar perfeitamente. MainFrames conta uma história que se passa dentro desse incrível mundo da tecnologia.

Através de desafiadoras plataformas, o jogador explora mundos de computadores conectados a um sistema LAN, navegando por cada PC ligado à rede em busca de informações sobre sua função. No início, acreditei que seria apenas um jogo simples de plataforma, mas MainFrames me surpreendeu com uma história interessante e cativante sobre a computação e uma disquete aventureira.

Caminho não encontrado

MainFrames traz uma protagonista pouco convencional. Afinal de contas, aqui controlamos uma pequena disquete, que inicialmente surge em um dos computadores da empresa MainFrames. Ao explorar algumas das telas (frames) da máquina, encontramos um dos personagens secundários que ajudará o jogador e a protagonista em sua jornada. Ele não possui um nome propriamente dito, mas digamos que é um pinguim bem famoso no mundo da computação!

Após conversar com ele, ele diz que a única forma de descobrir qual é sua verdadeira função é viajar pelos computadores ligados à rede, resgatando os daemons (processos executados em segundo plano no computador) operando nas máquinas, na esperança de que algum deles possa lhe ajudar. Dessa forma, Disquete também pode chegar ao computador de seu desenvolvedor, que talvez tenha respostas para todas as suas perguntas.

Assim começa a aventura de Disquete pelo mundo virtual dentro dos computadores, onde seu universo existe dentro de janelas de VMs (virtual machines). Cada computador esconde desafios, surpresas e diferentes interações com partes de hardware e software. Sempre retornamos ao roteador após completar cada máquina, local que funciona como uma espécie de central para Disquete e seus companheiros.

Mesmo que muitos desejem ajudá-la, haverá inimigos que farão de tudo para deter Disquete, além de bugs e arquivos corrompidos que a destroem ao menor toque. Portanto, todo cuidado é pouco neste espaço cibernético. Resta ao jogador guiar nossa heroína até seu código-fonte e descobrir sua funcionalidade.

Duas dimensões, infinitas possibilidades

MainFrames é um jogo com uma curva de dificuldade equilibrada. Os níveis e mundos iniciais são simples de atravessar, focando em pulos e molas que ajudam o jogador a navegar pelos cenários enquanto desvia das barras vermelhas que representam bugs no sistema. Essas barras podem ser pequenas, grandes, horizontais, verticais, estáticas ou móveis, mas uma regra é clara: não encoste nelas!

O desafio do jogo está em explorar ao máximo cada máquina, visitando todas as telas e resgatando os mini-daemons espalhados. Cada um deles traz um desafio relacionado às habilidades do jogador, como controle de cenário, plataforma, paciência e estratégia. Alguns desafios são simples, outros extremamente exigentes, então esteja preparado.

Cada nova máquina implementa uma mecânica inédita, que será incorporada progressivamente nos próximos mundos. No início, Disquete usa apenas pulos duplos para atravessar. No mundo seguinte, utilizamos plataformas para saltos mais longos. Depois, aparecem janelas ocultas que podem ser alternadas, cada uma com estruturas ou perigos distintos, além de janelas móveis e expansíveis. Essas mudanças se tornam cada vez mais frequentes, aumentando o desafio e exigindo mais habilidade.

Por volta do quarto mundo, MainFrames se torna bem mais desafiador, com janelas em cascata que alternam a gravidade e lançam Disquete na direção em que apontam. Isso exige boa preparação, reflexos e controle preciso do jogador. Não é impossível, mas é extremamente desafiador.

Eu adoro meus amigos virtuais

Disquete contará com a ajuda de vários aliados durante sua jornada em MainFrames, como o pinguim citado anteriormente, além de outros espalhados pelas máquinas. Alguns são apenas easter eggs de funções computacionais, como o sistema de filtragem de spam, que protege os e-mails da companhia e evita sobrecargas no mainframe.

Outros têm papéis mais relevantes, como ajudar o sistema de som a controlar seu volume, que está travado no máximo, ou fornecer energia a uma seção da máquina. Ajudar esses personagens não garante habilidades novas, itens ou recompensas, mas oferece interações educativas sobre partes de um computador. Isso pode despertar o interesse de crianças e adolescentes que não têm conhecimento sobre informática.

A dupla Deane & Dann, que habita o sistema de rede, sempre compartilha curiosidades e fatos históricos da computação, mantendo o clima divertido e didático. Disquete, por outro lado, fala pouco. Aliás, eu só a vi falar uma vez, enquanto se banhava em uma xícara de Java.

A trilha sonora e o estilo de arte tornam a aventura de MainFrames bem convidativa na maior parte do tempo. No entanto, em desafios de chefes, como a abelha que nos ataca com uma chuva de ponteiros de mouse, a música se torna mais intensa. Seus únicos pontos fracos estão nos últimos mundos, que podem ser bem difíceis para crianças, e nas janelas expansíveis em movimento, que podem irritar alguns jogadores.

Debugando a nota

MainFrames é uma aventura divertida e desafiadora para todas as idades, seja para aficionados por computação ou para aqueles que desejam aprender mais sobre máquinas. A movimentação me lembrou Super Meat Boy, principalmente pela quantidade de saltos necessários, o formato da protagonista e sua mecânica de deslizar pelas paredes. Se você busca um bom platformer repleto de desafios, MainFrames é uma excelente escolha. Começa devagar e gradualmente acelera, tornando-se uma aventura dinâmica e cheia de energia!