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A Ryu Ga Gotoku Studio não para de impressionar com sua criatividade. Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é a prova de que, não importa o tema, os japoneses sabem como trazer novidades junto de um game extremamente divertido e que não foge à fórmula estabelecida pela série. Ou seja, vai ter karaokê, vai ter minigames insanos, vai ter tudo o que os fãs amam. E, de um jeito curioso, a pirataria se encaixa muito bem nessa aventura ambientada nos tempos modernos.

Goro Majima, uma das personagens mais populares da franquia, vai parar com amnésia em uma praia da remota Ilha Rich, habitada por pescadores. Noah, um garoto de 10 anos e que anda acompanhado de um filhote de tigre (ironicamente chamado Goro) o ajuda com água e abrigo. Em pouco tempo Majima vence a barreira da língua e eles se tornam amigos. Estes e outros eventos importantes da história são contados em uma conversa direta o jogador, como se fosse uma apresentação de teatro. Ele então promete levar Noah para conhecer outros lugares para além da ilha, onde vive isolado com o pai e seu “gato”.

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Um capitão, uma tripulação e um mar de maluquices

Os eventos levam Majima a virar um pirata em busca de um grande tesouro espanhol, inicialmente com um navio caindo aos pedaços (Goromaru) e uma tripulação composta por Noah e seu pai Jason (um frustrado dono de bar, mas exímio navegador), o cozinheiro Masaru e mais quatro marujos que abandonaram seu antigo capitão. Na Ilha Rich você aprende o básico, em uma área menor mas suficiente para aprender os macetes do combate, que retorna ao tradicional beat ‘em up e com novidades.

No abrigo inicial, você curte 5 jogos de Master System disponíveis logo de cara: Poseidon Wars 3-D, Alex Kidd in Miracle World, Alien Syndrome, Penguin Land e Fantasy Zone. Com savestate e tudo mais, pra manter a tradição da emulação in-game dos jogos anteriores. A biblioteca expande com mais cartuchos conforme você os encontra na campanha e o antigo videogame da SEGA fica acessível em outras áreas. Os fliperamas também estão de volta, incluindo o clássico on-rails shooter The Ocean Hunter. Jogo que, segundo o diretor técnico Yutaka Ito, a RGG Studio ralou para inserir neste spin-off justamente por não existir port para console, tendo que fazer tudo do zero.

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii introduz um sistema de plantação no qual você utiliza sementes e fertilizantes para depois colher e usar na cozinha, que por sua vez apresenta um novo minigame que envolve etapas diferentes de gameplay conforme a dificuldade do prato que deseja fazer. Você também cuida de animais, recebe loot encontrado pelo felino Goro, faz amizade com geral cumprimentando com um “Aloha”, e participa de uma série de tarefas secundárias diferentes, como sair fotografando pontos turísticos. Mas a cereja do bolo está no gameplay do navio, bastante único se comparado a Sea of Thieves e Skull and Bones. É mais arcade, porém supera em alguns aspectos a batalha naval de Assassin’s Creed IV: Black Flag. Só não é mundo aberto pra exploração em alto mar igual o game da Ubisoft.

O controle do navio é bem simples e prático, tanto no comando da navegação quanto no uso dos botões para funções diferentes como controlar os canhões de bombordo e estibordo separadamente, usar a metralhadora para atirar frontalmente, consertar o casco danificado, apagar incêndio, trocar a visualização para longe ou perto, sair do timão e andar livremente pelo convés (podendo disparar lança-foguetes contra os adversários), impulsionar o navio com um turbo e até derrapar como se fosse um carro tunado. E, como esperado, tem upgrades e personalização do navio.

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Macacos me mordam, piratas à vista!

Sua tripulação cresce conforme a campanha avança e são apresentados vários NPCs que podem aceitar o convite de imediato ou mediante a troca de favores. Além das personagens importantes da história, com os quais você aumenta o vínculo através do bate-papo, os demais tripulantes secundários – isso inclui o próprio Kazuma Kiryu e Ichiban Kasuga – possuem level próprio que sobe conforme as vitórias nas batalhas e os presentes que você dá particularmente pra cada um, como cigarros raros, seleção de cafés, cartões-postais e outros mimos. À estes tripulantes também são atribuidos funções distintas (atacantes, tanques, curadores e atiradores), sendo essencial ter uma formação bem equilibrada para ajudá-lo nos combates em busca de ouro e tesouros nas ilhas. Combates que, inclusive, ocorrem no convés durante invasões.

O perigo está em todo lugar. No mar, além de outros navios piratas você enfrenta a fúria da natureza com tempestades que formam grandes redemoinhos. Em terra firme, hordas de inimigos e chefões estarão te esperando. E até quando finalmente chegamos em Honolulu, capital do Havaí e a grande hub de exploração do de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii, os encrenqueiros estarão por toda parte. Majima está mais agil e poderoso, dispondo de dois estilos de luta (“Cachorro Louco”, com os próprios punhos, e “Cachorro do Mar”, usando espadas e arma de fogo) que podem ser trocados a qualquer momento e permitem uma variedade enorme de combos, inclusive no ar.

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

O contra-ataque virou praticamente um especial à parte, bem poderoso. E ao enfrentar uma grande quantidade de inimigos, seus especiais e o uso das relíquias amaldiçoadas (com invocações animalescas) jogam os inimigos pelos ares como vemos em jogos do gênero musou, como a série Dynasty Warriors. É um exagero mais do que bem vindo, especialmente apelando com os clones de Majima. Outra coisa que gostei foi a possibilidade de equipar anéis em todos os dedos do protagonista para turbinar as habilidades. Fica um treco brega, mas bastante eficaz.

Falando em Honolulu, que cidade praiana linda! Dá gosto visitar cada cantinho e fazer as missões mais bestas possíveis, como encontrar tiras da sorte espalhadas pela cidade para trocar por pontos com Kamulop, o mascote de um santuário. Ainda sobre as novidades, agora dá pra explorar algumas áreas verticalmente com o uso de um gancho. E para novamente dar velocidade à exploração, o Street Surfer (introduzido em Infinite Wealth) faz seu retorno com maior personalização do diciclo.

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Voltando aos minigames, que são muitos, vale destacar os de Madlantis: um cemitério de navios naufragados que funciona como um grande cassino e manterá o jogador distraído por um bom tempo, subindo no ranking e ganhando recompensas especialmente no Coliseu dos Piratas. O lugar é tão legal e especial que me fez lembrar o Gold Saucer de Final Fantasy VII. Quanto aos minigames tradicionais da franquia, temos repeteco do delivery, corrida de kart e outros. Mas deixo aqui uma crítica à involução do karaokê: sigo achando que poderiam melhorar a sincronia dos botões com o ritmo da música e dar mais peso aos efeitos sonoros de confirmação de acertos e erros. Você não sente nada ao apertar os botões. Era só a RGG Studio ter usado de referência qualquer Rock Band ou Guitar Hero, incluindo vaia do público ao cantar mal. Pelo menos tiraram os efeitos sonoros genéricos de Yakuza: Like a Dragon e Infinite Wealth.

Um spin-off imperdível

Se tem uma coisa que essa franquia faz muito bem é contar histórias. Todas as personagens recebem o devido destaque, seja com revelações sobre o passado, dramas pessoais ou motivações. A cada novo integrante da tripulação, como Clark e Naomi, mais a história fica interessante e ganha força. E o carisma de todos impressiona, no sentido de você se importar com tudo e querer ler cada frase dos diálogos em texto. Fora o humor nonsense, que o faz gargalhar o tempo todo. Em suma, a história gira em torno dos eventos que levaram Majima a naufragar e perder a memória, envolvendo outros membros da Yakuza e a Ilha de Nele, usada como aterro de lixo nuclear.

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

É estranho lidar com o fato de que Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é uma expansão standalone de Infinite Wealth. Dá pra notar que muita coisa foi reaproveitada e que o visual é o mesmo, mas tem tanta coisa nova e divertida que me fez desacreditar que produziram isso no espaço de apenas 1 ano. Embora a duração seja bem menor que a média, o jogo está redondinho e oferecerá uma experiência fantástica para os fãs e também para quem busca um RPG mais leve.

88 %


Prós:

🔺História deliciosamente maluca
🔺Muitas personagens cativantes
🔺Gerenciamento simples e criativo da tripulação e navio
🔺As áreas de Madlantis e Honolulu são belíssimas
🔺Gameplay recheado de novidades e ideias boas
🔺Excelente trilha sonora, com direito a musicais

Contras:

🔻Mesmo visual de Infinite Wealth, sem evoluções
🔻Algumas áreas são muito escuras, com problemas de iluminação
🔻Muito fácil, tendo apenas o Coliseu dos Piratas como desafio real
🔻Estão cobrando caro por um spin-off que oferece metade da duração média
🔻Já passou da hora de fazerem um karaokê melhor

Ficha Técnica:

Lançamento: 21/02/2025
Desenvolvedora: Ryu Ga Gotoku Studio
Distribuidora: Sega
Plataformas: PS5, PS4, Xbox Series, Xbox One, PC
Testado no: PC