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Já vi muito shmup diferente, mas nada parecido com Black Bird. É um jogo estranho, naturalmente feito por japoneses, e que apresenta ideias interessantes para o gênero. Depois de curtir o Aces of the Luftwaffe – Squadron, estava sedento por outro “jogo de navinha” no Switch. Também lançado para PC, o game conta com controles simples e história mínima, ainda que ela o faça matutar sobre o que diabos está acontecendo.

Uma triste garotinha morre na rua e, sem que as pessoas se importem com o ocorrido, ela renasce como o corvo negro – a ave é uma das grandes calamidades conhecidas pelo reino. Para evitar a destruição total, um exército nada convencional é convocado pra tentar impedir o seu avanço.

A saga do corvo emputecido

A movimentação do corvo é livre em uma orientação horizontal, sendo os disparos em linha reta. No início seus tiros (em formato de bolhas) são fracos e limitados, mas o suficiente para a primeira fase. Os inimigos são basicamente soldados (terrestres e aéreos) e torres com uma boa defesa e que funcionam como respawn para os inimigos. Tem também os soldados com armadura (que geralmente voam) e os civis, que não fazem nada além de correr em desespero. Além do tiro comum você conta com bombas que sugam os inimigos numa espécie de redemoinho, além de cancelar os tiros próximos à você.

Imagem do jogo Black Bird
Quanto maior o corvo ficar, melhor são seus disparos.

Nesta simplicidade toda moram duas características muito bacanas: o visual humorado e ao mesmo tempo sombrio e a forma como o corvo evolui. Cada inimigo morto deixa um cristal verde, cujo tamanho varia de acordo com o tipo de inimigo abatido. Os mais difíceis de morrer deixam os maiores cristais, mas fique esperto: a cada quicada no chão, o cristal diminui de tamanho (assim como seu valor na pontuação).

É preciso ficar esperto para não perder cristais à toa, pois ao alcançar uma pontuação específica o corvo evolui ganhando tamanho e força nos disparos. O tamanho serve justamente para equilibrar a jogatina, uma vez que fica mais fácil dos inimigos te acertarem. Ainda assim, a área de colisão do corvo não aumenta tanto. O game apresenta também um esquema de combo que, ao matar 30 inimigos na sequência, potencializa a sua bomba. Isso ajuda bastante quando há muitos inimigos na tela, aumentando o dano de área e resultando numa bela quantidade de cristais para coletar.

Claro, não poderia faltar os power ups: velocidade, vida e bomba. Exceto pelo power up de aumento de velocidade, que é temporário, os outros são acumulativos entre as fases. Eles são encontrados dentro de jarros, que os civis fazem de tudo para o impedir de destruí-los. O power up voa pelo cenário e, ao ser atingido, muda de tipo. Ou seja, quando precisar de bomba basta atirar no power up até virar bomba.

Imagem do jogo Black Bird
A animação da bomba, no combo máximo, é espetacular.

Estranhamente encantador

O visual, mesmo com a aparência de pixel art rudimentar, impressiona pela quantidade de detalhes. Tudo é bem vivo, o corvo deixa um rastro de sombra negra e há muita coisa rolando no cenário. Atirando para todos os lados você encontrará segredos bem escondidos, semelhante aos da série Metal Slug. E quanto mais descobrir, mais pontos conseguirá juntar.

Outro ponto positivo fica para os efeitos sonoros, bastante variados, e a trilha sonora fora do comum para um shmup: soa como uma ópera antiga, com certas notas vocais sincronizadas com a aparição dos inimigos. É bem legal, mas passa longe da genialidade da sincronia de Beat da Beat, por exemplo. Por ser diferente e autoral, Black Bird garantiu o prêmio de Excelência em Áudio no festival indie japonês BitSummit Vol.6 – além de outro chamado Vermilion Gate, o prêmio máximo do evento.

Imagem do jogo Black Bird
Este é um dos chefões, em sua forma inicial.

A aventura infelizmente é curta: apenas 4 fases, cada uma com um chefão. Porém não há checkpoints: ao morrer, o jogo reinicia. O objetivo é eliminar, em cada fase, todas as torres inimigas sinalizadas no mini mapa para então atrair o chefão. Eles são bizarros e intimidadores, mas longe de difíceis. Ao terminar pela primeira vez, é liberado o True Mode: além do desafio aumentar, novos inimigos dão as caras e personagens secretos surgem para você encontrar.

Black Bird possui ao total 8 finais diferentes, que variam de acordo com a sua pontuação ao terminar a aventura. Em momento algum é informado quantos pontos você precisa fazer para ver cada um dos finais, o que aumenta o fator replay para os mais insistentes. Mas não se empolgue muito: os finais são bem simplórios. É um jogo divertido e viciante, mas que merecia mais fases e uma dificuldade maior, inclusive com mais bullet hell.

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024