Quando vi o trailer de Aces of the Luftwaffe – Squadron (esse abaixo), eu pirei na hora. O novo game da HandyGames pode até parecer um shmup qualquer, principalmente pela escolha do visual retrô cartoon, mas não se engane: fora a fórmula tradicional há várias ideias perfeitamente aplicadas no gameplay, resultando em uma experiência completamente inédita.
Squadron é a sequência de Aces of the Luftwaffe, lançado pra PC em 2015. O game original possui orientação horizontal (da esquerda pra direita) e já brincava com o conceito de esquadrão, incluindo dois aviões de suporte ao lado do jogador. Possui também um sistema de upgrades para o seu avião e piloto, adicionando estratégia ao game. A continuação mantém o esquadrão e upgrades, mudando a orientação (agora na vertical, de baixo pra cima) e adicionando novidades mais do que bem vindas.
Esquadrão suicida
O jogo introduz uma história alternativa à Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Aliança do Eixo aos Estados Unidos. Cabe ao jogador, na companhia de NPCs ou amigos, enfrentar a ameaça nazista conhecida como Aces of the Luftwaffe. Você encarna o líder do esquadrão, Mark Taylor, que conta com a ajuda de John King, Melissa Monroe e Steve Davis. Para a minha surpresa, a história se desenvolve muito bem entre estas personagens e o General Moore, que passa as missões mais suicidas possíveis.
As personagens possuem características interessantes, que afetam diretamente o gameplay. Mark tem um problema de saúde devido à um envenenamento: quando ele passa mal, é necessário se movimentar lentamente para não lhe causar dor. John é o Rambo do esquadrão: quando perde a cabeça ele sai voando descontroladamente, sendo necessário desviar de seus movimentos para não ser atingido acidentalmente. Steve sofre de narcolepsia: quando menos se espera ele cai no sono profundo, forçando seus companheiros a defendê-lo dos tiros inimigos enquanto não acorda. Melissa tem medo de altura: quando o esquadrão precisa subir acima das nuvens, ela os abandona temporariamente.
Tais situações, que possuem momento certo pra acontecer, adicionam desafio e diversão extra à jogatina. Além de atirar sem parar e pegar caixas de power-up, cada missão oferece um objetivo paralelo: variam entre sobreviver, destruir todos os alvos, resgatar sobreviventes, perseguir um inimigo, soltar cargas de suprimentos em locais marcados e voar com cuidado e sem atirar para não ser detectado pelos inimigos.
Aces of the Luftwaffe – Squadron permite co-op local para até 4 jogadores. Claro que jogar com toda essa galera não é nada fácil, mesmo que cada piloto possua uma barra de saúde e esteja identificado por cor. Agora o que complica mesmo, em meio à chuva de tiros inimigos, são as 4 vidas compartilhadas entre os jogadores. Jogando sozinho fica bem mais tranquilo de administrar os aviões (que permanecem sempre juntos) e as vidas, uma vez que apenas a morte do Mark conta como vida perdida. Os outros NPCs, ao morrer, voltam depois do contador de respawn zerar.
No lugar de bombas, habilidades
Diferente dos shmups tradicionais, não há um botão para disparar bombas que limpam a tela. Os power-ups continuam a oferecer melhorias imediatas, mas são as habilidades individuais dos pilotos que fazem a diferença. Com pontuação e medalhas você adquire moedas de habilidade, gastas entre as personagens para melhorar atributos básicos (dano, acerto crítico, alcance, saúde, sorte) e ativar várias habilidades exclusivas.
Cada personagem representa uma classe: Melissa, por exemplo, é a engenheira do esquadrão e possui a habilidade de reparar os aviões em pleno ar. Há ainda as habilidades ativas de cada um, como a tempestade de Steve, que causa dano em todos os inimigos e ainda suga os aviões mais leves para dentro de um furacão. Estas habilidades ativas são disparadas aleatoriamente, pelo período de 10 segundos, e ajudam muito.
Essas possibilidades, inseridas no lugar da famosa bomba, oferece um equilíbrio interessante em meio ao bullet hell. Jogando na dificuldade Normal, este é um jogo bastante acessível. Isso até chegar no último capítulo, em que a dificuldade aumenta exponencialmente. São 5 capítulos com 5 fases cada (25 ao total) e, se você procura desafio, jogue direto no Hard. Se conseguir terminar, uma nova dificuldade (Extreme) é desbloqueada. Aí, só quem for MUITO bom em shmup irá conseguir sobreviver.
Além das recompensas ao concluir os objetivos paralelos, as fases possuem moedas de habilidade escondidas (uma por fase) e os chefões, ao serem derrotados, podem desbloquear novos aviões com atributos melhores. Eu disse “podem” porque o loot é aleatório, dando uma forçadinha no fator replay. Aliás, todas as fases vencidas, inclusive os chefões, podem ser rejogadas. E esta é uma forma de conseguir mais moedas e destravar todas as habilidades das quatro personagens, algo imprescindível se você for encarar a dificuldade Hard e Extreme.
Aces of the Luftwaffe – Squadron tem tudo o que se espera de um bom bullet hell e ainda renova o gênero com ideias comuns, porém bem utilizadas. O visual não impressiona, embora os chefes sejam bastante criativos, mas funciona perfeitamente para a proposta e para não atrapalhar a visão do jogador com a quantidade de coisas acontecendo na tela ao mesmo tempo. Pra fechar, a excelente trilha sonora orquestrada dá um toque todo especial ao jogo, junto à dublagem competente em inglês. Pena que a campanha dure tão pouco.