Durante os anos 80 e 90, o futuro sempre foi retratado como algo distópico, repleto de luzes, robôs e ciborgues. Um futuro onde o orgânico dá lugar ao metal e dados computadorizados e é neste resultado caótico e cromado onde a história de Vengeful Guardian: Moonrider se passa.
No universo que mistura metal e carne em formas de vida, um guerreiro surge diante da luz fria que brilha nos céus deste futuro incerto, um guardião vingativo. Seu nome é Moonrider e é mais uma prova de como o mercado nacional é capaz de criar experiências incríveis, sendo mais um dos vários acertos da Joymasher.
Desperte, ó, guardião!
Criado para ser a arma absoluta de um partido autoritário em uma longínqua época alternativa, Moonrider seria a arma definitiva para manter por anos a fio o governo autoritário de um comitê de interessados em subjugar as massas. Desperto de seu sono, o protagonista se vira contra seus criadores e busca vingança contra eles.
Com este cenário em Vengeful Guardian: Moonrider, devemos controlar este ninja cibernético em uma jornada por seis estágios iniciais e outros onde vamos em busca da verdade sobre seus criadores. Eu poderia definí-lo como um jogo que mistura Mega Man com Shinobi, Ninja Gaiden original e principalmente Hagane: The Final Conflict.
Com uma forte influência no estilo visual de obras como Hagane, Akira, Contra e Blazing Chrome, este título é desafiador, mas não injusto. Ele faz com que o jogador tenha uma aproximação mais cautelosa com o jogo e seus ambientes, mas o que ele traz em dificuldade, também equivale à inovação.
Seja visualmente ou através do gameplay, a jornada do herói não será fácil. Em seu lugar, enfrentará inimigos que mostram o quão sádico o mercado de soldados genéticos e tecnologicamente modificados pode ser, enquanto todos estarão em busca de sua cabeça, sejam eles simples soldados, mini-bosses ou chefões.
Vingança irrefreável
Os níveis geralmente são separados em dois ou até mesmo três estágios diferentes. Sendo intercalados por diferentes sessões de gameplay e mini-chefes distintos. Como a grande sacada é emular os jogos de 16-bit, muitos deles ainda são personagens de padrão de ataques determinados ritmicamente, mas não se engane, alguns são totalmente aleatórios, como o submarino das ruínas.
Os mini-chefes geralmente são maiores e mais imponentes que os verdadeiros chefes de cada nível, mas, isso não quer dizer que sejam mais fortes, é mais o quesito da apresentação. Afinal de contas uma enorme criatura presa a uma parede é bem mais chocante do que ciborgues ninjas,
Mesmo sendo menores e aparentemente menos perigosos que seus subordinados, estes ciborgues ninjas são poderosos e funcionam como chefes de Mega Man, garantindo armas novas sempre que derrotamos algum deles. Armas essas que além de ajudarem a atravessar os níveis, servem contra outros chefes.
Com seus irmãos e irmãs sob o controle do comitê, Moonrider não vê outra solução além de derrota-los, tomar seus poderes para si e destruir de vez este grupo opressor. Ele contará também com poderosos chips que podem garantir novas habilidades como regeneração de HP e MP, pulos duplos, maior alcance de ataque e vários outros.
Upgrade cibernético
Enquanto avançamos em Vengeful Guardian: Moonrider, vemos que o alcance do grupo que criou o protagonista é gigantesco. Os vilões cobrem canais de mídia, instalações públicas governamentais e até mesmo instalações que proporcionam necessidades básicas para as pessoas que vivem neste mundo.
Durante sua jornada e batalhas, ele irá aprender mais sobre si mesmo e aqueles que vieram antes dele. Se indagando qual é seu real propósito, e se, mesmo que tenha sido criado para subjugar a população, ele talvez possa servi-la como um guardião.
Tudo isso ocorre em magníficos gráficos pixelados, trazendo um ar de nostalgia incrível, com cenários incríveis, animações fluídas, níveis grandes com segredos a serem descobertos e muito sangue. As lutas contra chefes são magníficas, com os inimigos usando poderosas habilidades como socos de fogo, impulsos super velozes, shurikens de água e muito mais, dignas de animes da época.
Somado a épica trilha sonora que embala os níveis e combates, Vengeful Guardian: Moonrider é algo de se admirar. Criando um alto valor de replay, com sua apresentação apenas, mas, ao mesmo tempo, pela qualidade de exploração dos níveis, inimigos e chefes, um jogo que muito provavelmente se torne um foco de speedrunners.
Tempero futurista caseiro
Ver um projeto como esse é um grande motivo para se ter mais uma vez orgulho do mercado de games nacionais. Se unindo a fileira de grandes jogos produzidos nas terras tupiniquins, ao lado de Fobia, Blazing Chrome, Dodgeball Academia e muitos outros, que já estão no mercado ou estão para ser lançados.
Minha única reclamação de fato é o fato do jogo não ser tão grande quanto eu esperava inicialmente. Dito isto, o jogo em si cabe perfeitamente no molde em que foi produzido, mas deixa muito o gosto de quero mais, principalmente nos níveis de moto e de salto pelo forte Asura.
Vengeful Guardian: Moonrider traz uma excelente narrativa de vingança de máquina contra seus criadores e opressores de um mundo doentio futurístico. Com uma excelente gameplay, gráficos de saltar os olhos para os fãs de games old school e uma vontade de continuar a jogar. Quem sabe não temos no futuro um crossover com Blazing Chrome para saciar a vontade de ambos os games?