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Os games possuem gloriosos anos nas costas, mas 1997 foi algo à parte. Tivemos Fallout, Final Fantasy VII, Tomb Raider II, The Curse of Monkey Island e muito mais, mas 97 também trouxe o que para alguns, marcou época. Naquele ano, o mundo contemplava Theme Hospital, o simulador de criação de hospital que não se permitia ser levado a sério mas possuía um game design seriamente bem feito. Muito mais do que apenas um eco do passado, Two Point Hospital vem para resgatar o amor perdido por esse clássico de outrora.

Com mecânicas bem definidas e que funcionavam de forma a entreter enquanto desafiavam o jogador, Theme Hospital marcou os corações de toda uma geração que deu muita risada com médicos que pareciam o Danny DeVito e pacientes com doenças fora do comum como “Bloating Head”, quando o indivíduo entrava no hospital com uma cabeça gigante, causada por cheirar queijo ou tomar água da chuva.

Não só os mesmos ingredientes… A mesma fórmula!

Two Point Hospital tem como premissa rebobinar nossas vidas e reviver Theme Hospital, mas o jogo não funciona como remake e também passa longe de ser uma sequência. Digamos que ele senta no meio termo e procura cumprir com sua missão de trazer novos fãs para o mundo do gerenciamento de hospitais com pequenas mudanças que melhoram a experiência final do jogador.

O game traz o aspecto visual do clássico para o novo século, mantendo a linha simplista que pudemos presenciar no último Sim City. Modelos 3D simplificados com poucas texturas e muita cor que dão o tom cartunesco necessário para lidar com a linha de humor que o jogo segue.

imagem do jogo Two Point Hospital
Visual mais clean que uma sala do SUS

Sarcasmo para todo lado

Humor por sinal é a base de Two Point Hospital. O jogo continua apostando em piadas para todo lado, desde a música tocada na rádio durante a jogatina, até os avisos que passam nessa mesma rádio e diversos outros pontos do game, como o nome dos médicos e, definitivamente, as doenças e como elas são apresentadas.

Temos por exemplo, pacientes psiquiátricos que acreditam ser o Freddie Mercury. Eles andarão pelo hall do hospital dançando e cantando com seu microfone com pedestal e seus belos bigodões. Um retrato fiel – mas nem tanto – do que seria Freddie indo ao consultório desabafar sobre seus shows.

Imagem do jogo Two Point Hospital
Bohemian Rhapsody direto da UTI

Simplesmente simples

Para os que já jogaram o “original”, Two Point Hospital traz uma jogabilidade similar ao lendário título de 97 que vai fazer todos se sentirem em casa, enquanto permite uma fácil aprendizagem para os novatos em administrar um hospital. Basicamente, você deve fazer uma boa seleção de staff para rodar o dia a dia do hospital e mantê-lo com lucros.

Para o bom funcionamento, devemos escolher bem a equipe, prestando atenção ao fato de que, nem sempre um funcionário que tem mais estrelas e teoricamente mais experiência, é o melhor para o momento. Todos possuem habilidades especiais que podem deixá-los muito mais eficientes para coisas específicas. Por exemplo, doutores que possuam extra em diagnosticar doenças mas tenham duas estrelas, vão as diagnosticar melhor do que um médico 3 estrelas mas sem qualquer adicional na área específica.

Temos que levar em conta também o custo do profissional. Quanto mais experiência o membro da equipe possui, mais caro ele cobra. Claro que trazem vantagens como pedir menos tempo de férias, se irritarem menos e atenderem melhor os pacientes, mas podem acabar pesando demais no orçamento e fazendo o hospital passar de lucrativo para devedor. Muitas vezes vale mais a pena pegar um funcionário com pouca experiência mas com boas habilidades e o deixar evoluir no trabalho. Eventualmente eles pedem aumento mas muitas vezes acaba saindo mais barato que ter contratado um Dr. House de começo.

imagem do jogo Two Point Hospital
Fique atento à sua staff sempre!

Desafios graduais

Conforme vamos evoluindo no jogo, vamos abrindo novos hospitais para administrar e por  conseguinte são liberadas novas salas para atender a novas doenças. É um sistema evolutivo que vai trazendo cada vez mais dinâmica ao jogo e aumentando a dificuldade dos desafios que são constantes e dão aquele impulso extra para continuarmos jogando.

Os hospitais ainda apresentam terrenos extras em seu entorno que permitem sua compra para a expansão das salas, podendo criar alas específicas para tratamentos de certas doenças e, assim, agilizar alguns desafios. Claro que sem a devida atenção à equipe, tudo vai por água abaixo, então tenha sempre em mente que é necessário estar vigilante ao que os funcionários estão fazendo e como estão fazendo.

De forma agradável, todo fã da antiga geração de Sim Games, praticamente aposentada devido aos excessos de jogos mobile como FarmVille que levaram o estilo à exaustão, estará bem servido com Two Point Hospital. O jogo traz diversão que paga fácil o seu baixo custo na Steam, promovendo horas e horas de entretenimento e risadas. Infelizmente o game não possui tradução, mas com sua interface bem gráfica, você certamente conseguirá lidar com os contratempos de não falar a língua do Tio Sam.

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024