Quando falamos de jogos puzzle, tudo que esperamos é um bom desafio. Neste quesito The Talos Principle não deve em nada. O jogo desenvolvido pela Croteam e Devolver Digital é uma obra que trará isso à tona das formas mais diversas possíveis.
Começando pela história do game, o mistério já se faz presente. O criador, Elohim, te garante vida eterna se você conseguir resolver todos os desafios que levarão até uma gigantesca torre. No caminho, várias questões filosóficas que misturam o divino com tecnologia são apresentados. Afinal de contas, você sabe o que te torna humano? Completando o cenário, o personagem principal é um robô e ele lhe ajudará a chegarem juntos a essa resposta.
Desafios entre divindade e tecnologia
Os puzzles são gradativos conforme seu aprendizado, o que é um dos maiores pontos positivos do jogo. Mesmo não tendo jogado algo do gênero, você não se perderia facilmente. Tudo é uma questão de analisar o padrão do ambiente e do equipamento que tem em mãos. Cada item também possui funções diferentes, desde abrir portais e paralisar máquinas até lhe jogar por cima das paredes e, usá-los sabiamente, garante seu progresso.
São três galpões com sete portas e diversos desafios em cada uma. Desbloqueando eles, você tem acesso à gigantesca torre onde realmente será colocado à prova com alguns andares de dor e sofrimento, digo, uma experiência que forçará seus neurônios ao máximo. Tudo isso rola em primeira pessoa, para que tenha a visão limitada do protagonista robótico e só passará para a próxima fase se conseguir enxergar a resolução através de seus olhos.
![imagem do jogo The Talos Principle](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2018/09/The-Talos-Principle-imagem.jpg)
Cada galpão te apresenta itens novos e uma filosofia distinta. Enquanto o primeiro lembra bastante o Jardim do Éden, sendo guiado por Elohim, o segundo te coloca em dúvida sobre sua fé nele com uma figura antagonista, seguindo de vários dilemas morais. Estações de PC, códigos QR, hologramas e arquivos de áudio espalhados pelos mapas complementam suas questões, dando-lhe mais opções do que respostas.
Tropeços filosóficos
Enquanto o conceito do jogo é muito bem executado, o fato dele abrir tanto material filosófico e questionamentos não se encaixa plenamente no proposto. Apesar da narrativa ser interessante, você se perguntará inúmeras vezes a razão do que está fazendo para liberar caminho à vida eterna. Algumas estações dão um vislumbre do que aquilo se trata, sem delongas. Outras, te apresentam elementos de filosofia e reflexão. Unir ambos não forma um sentido no fim das contas.
![imagem do jogo The Talos Principle](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2018/09/The-Talos-Principle-torre.jpg)
Apesar disso, um conceito que achei muito bem trabalhado são puzzles sem resolução. Isso mesmo, tem desafios impossíveis de serem completos. Elohim e o jogo te mostram toda a filosofia do que é ser um humano, isso inclui falhas e limitações. Quando me deparei com isso, após um tempo preso no desafio, me deu um grande significado. Mas não é para ficar preguiçoso, a esmagadora maioria tem e às vezes você fica preso por não ter analisado uma certa elevação do ambiente ou uma mecânica do que compõe a fase.
Os padrões gráficos do jogo também são satisfatórios. The Talos Principle é bonito e muito bem trabalhado visualmente. O processamento, pelo contrário, deixa a desejar. Quando têm muitas ações em tela ou muitas coisas agindo ao mesmo tempo, não é estranho ocorrer travadas rápidas e quedas de movimento. Isso frustra em certos momentos e pode lhe custar todo desafio se exigir uma ação rápida. A versão de Xbox One X tem suporte para 4k e, mesmo que você tenha o modelo comum ou o S, ele já é melhorado do que foi lançado para PC em 2014.
![imagem do jogo The Talos Principle](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2018/09/The-Talos-Principle-jogo.jpg)
Além do game, existe uma expansão inclusa chamada Road to Gehenna, que te coloca no papel de Uriel, um dos mensageiros de Elohim. Tudo que presenciou no game principal é colocado em outro nível no material, trazendo desafios ainda maiores e mais problemas para resolver. Aconselho a jogá-lo apenas se não tiver encontrado tantos problemas no primeiro. Caso contrário, terá grandes dores de cabeça.
No geral, o jogo agrada e traz tudo o que você mais espera num puzzle, sendo bem desafiador. Com isso, forma um dos grandes do gênero nessa geração, com qualidade e também amigável a quem é novo na área. Apenas a narrativa que se torna turva no decorrer da gameplay, mas nada que afete muito a experiência central que ele propõe. Para quem procura algo descompromissado para passar o tempo e exercitar a mente, é um ótimo passatempo.