Skip to main content

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II chega como uma sequência ambiciosa que tenta equilibrar tradição e inovação, mas acaba aumentando a complexidade em sua história e se perde em meio ao conteúdo que parece mais um episódio filler e não uma sequência direta. Desenvolvido pela Nihon Falcom e publicado pela NIS America, o jogo mantém a fórmula narrativa densa da série, enquanto introduz boas e novas mecânicas para renovar a experiência dos jogadores.

Nessa sequência, a trama se passa meses após os eventos de Trails through Daybreak, com Van Arkride investigando uma série de assassinatos ligados a uma misteriosa besta carmesim. O que parecia ser algo que ficou no passado precisa ser investigado antes que acabe com o mundinho de Zemuria. Para quem não jogou o capítulo anterior, talvez possa ficar perdido no começo do jogo, mas logo você acaba se situando com os acontecimentos que vão se desenrolando e sem enrolar muito (mesmo com um minigame de pesca logo no começo).

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II

No entanto, na contramão da proposta criada pela franquia da Nihon Falcom, os desenvolvedores criaram o sistema Dead End, que permite reverter decisões fatais numa espécie de viagem no tempo através do poder Genesis, diminuindo o impacto da história. Ao mesmo tempo em que faz com que você se importe menos com as consequências do que acontece, Trails through Daybreak II consegue manter o engajamento e interesse por voltar no tempo para seguir caminhos diferentes, alterando levemente os eventos da história para obter novos resultados.

Lá e de volta outra vez

Essa novidade adiciona camadas novas à narrativa, além da inclusão de personagens, como Swin e Nadia Trails, que participaram de Trails into Reverie, e cameos de figuras icônicas como Zin Vathek para agradar aos fãs veteranos. Essa é a parte ruim para quem está chegando agora, porém talvez sirva de convite para retornar aos arcos anteriores, já que o jogo assume familiaridade com mitologias de Crossbell e Erebonia.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II

O sistema de combate híbrido (ação em tempo real e turnos) do primeiro jogo retorna com ajustes, incluindo o novo Cross Charge, que permite trocar personagens durante esquivas perfeitas, criando combos devastadores, e os EX Chains, com ataques sincronizados após stuns, ideal para confrontos épicos. Para limitar o uso excessivo de habilidades especiais (S-Crafts), os desenvolvedores implementaram o Recast Timer para equilibrar a dificuldade do jogo com o avanço da party.

Embora essas adições aprofundem a estratégia, a jogabilidade ainda parece a mesma do jogo anterior e que tenta em se desprender do estilo característico da franquia, mesmo parecendo levemente datado e com alguns problemas de ritmo. A melhor decisão dos desenvolvedores foi trabalhar a transição entre combate em tempo real e turnos de maneira fluida, mas a ausência de inovações significativas na exploração ou quebra-cabeças deixa a sensação de mais do mesmo. Os controles continuam responsivos do primeiro jogo e fácil para jogar, inclusive evitando muitos menus para a execução das habilidades.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II

Impossível deixar de tratar sobre o elenco complexo de The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II, que mistura rostos familiares e novas adições, seguindo o que a Nihon Falcom sabe fazer de melhor em cruzar missões e sentimentos, equilibrando continuidade e novidades enquanto desenvolve a construção dos personagens. Van Arkride mantém seu carisma enigmático com novas dinâmicas em relação à Agnes Claudel, que teve uma grande evolução nesse jogo. Com 13 membros jogáveis principais, o jogo uma boa oferece variedade e prioriza conexões emocionais estabelecidas em jogos anteriores.

De novo em busca de evolução

O retorno de Gerard Dantes, líder da Almata, carrega seu legado como ex-sacerdote do culto e sua motivação ambígua mantém a tensão ao longo de história. A adição de Melchior, novo antagonista que manipula eventos nos bastidores, usando a besta carmesim como ferramenta de caos recicla algumas questões do jogo anterior, mas consegue adicionar mistério e dinamismo à construção narrativa. Elaine, Renne e Shizuna são alguns dos vários nomes que retornam para aumentar a diversidade de opções para sua party, além de chancelar a boa escolha de personagens para o elenco.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II

No fim, The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II funciona como uma ponte narrativa, aprofundando conflitos locais em Calvard enquanto prepara o terreno para um próximo arco. A dependência dos resets temporais e a falta de progressão na trama da série deixam uma sensação bem diferente para quem acompanha a franquia. Afinal, os fãs mais fiéis vão vibrar em diversos momentos ao longo do jogo e pela oportunidade de controlar diversos nomes importantes, porém, a narrativa fragmentada, loops temporais excessivos e a ausência de consequências reais podem impactar negativamente a experiência.

Se o primeiro Trails through Daybreak foi recebido como uma ponta de renovação para os jogos da Nihon Falcom, essa sequência é um passo para o lado. Indiscutível o salto na qualidade visual, com gráficos belíssimos e a trilha sonora que continua cativante, ainda divertido e muito interessante, o jogo acaba priorizando alguns pontos que não necessariamente fazem parte da maneira como a série de jogos se estabeleceu, contando boas histórias e explorando seus personagens.

71 %


Prós:

🔺 Combate híbrido com novidades e melhorias
🔺 Elenco ainda mais carismático
🔺 Muita variedade de customização na party
🔺 Gráficos muito bonitos e bem trabalhados
🔺 Dezenas de horas com muitas missões

Contras:

🔻 Loops temporais impactam muito na trama
🔻 As ameaças não possuem muito peso na história
🔻 Desafio acaba sendo menor por conta das novidades
🔻 Mecânica de Dead End deixa o jogo muito repetitivo

Ficha Técnica:

Lançamento: 14/02/25
Desenvolvedora: Nihon Falcom
Distribuidora: NIS America
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series, Switch
Testado no: PS5