Todo mundo aqui provavelmente já foi em pelo menos um shopping que tenha um arcade de The House of the Dead, não é mesmo? Esse é discutivelmente o rail shooter mais famoso de todos os tempos e um clássico dos zumbis nos games, então quando alguém chega e fala “ei, vou lançar um remake do primeiro jogo da série”, é claro que todo mundo vai ficar bem feliz. Contudo, os responsáveis por este título foram os estúdios MegaPixel e Forever Entertainment, que por sinal também fizeram o remake de Panzer Dragoon, este que nosso amigo Diego Corumba amou jogar cada segundo (contém ironia).
The House of the Dead Remake recria as raízes da franquia do zero, sendo bastante fiel ao original, mas ainda deixando a desejar em muitos aspectos. A boa notícia é que eles tiveram a sabedoria de lançá-lo para o console mais versátil desta geração, o Nintendo Switch, e até o momento segue sendo um exclusivo. Porém, ao mesmo tempo que o Switch proporciona diversas formas diferentes de se jogar, esse tiro acabou saindo pela culatra.
Zumbi bom é zumbi morto
Se você é fã de The House of the Dead, provavelmente nunca deu a mínima para a história do jogo, afinal o objetivo primordial aqui é estourar a cabeça de muitos zumbis. Por incrível que pareça, tem uma história sim, mas é tão tosco quanto você possa imaginar. Na pele do agente Thomas Rogan, adentramos uma bizarra mansão para impedir os planos do cientista maléfico Dr. Curien, cujos experimentos trouxe à vida um montão de zumbis e criaturas mutantes. Por alguma razão, a noiva do protagonista também está lá, então salvá-la também é uma das missões principais.

Por se tratar de um rail shooter e um jogo projetado para arcades, é de se esperar que ele seja bastante curto. São apenas quatro fases que podem ser jogadas em diferentes dificuldades e com continues limitados. Para quem não está familiarizado com o gênero, trata-se de um game de tiro em primeira pessoa onde você não controla o personagem, apenas a mira. Ele anda sozinho e seu trabalho será apenas atirar nos monstros que vão aparecendo antes que eles façam picadinho de você.
O jogo possui vários finais, o que tenta valorizar seu fator replay, mas ouso dizer que os controles deste remake tornam alguns finais quase impossíveis de serem conquistados. Você tem a liberdade de jogar no modo portátil, controlando a mira pelo analógico, ou com os Joy-Cons desacoplados, usando os controles de giroscópio para mover tudo com movimentos reais, sendo uma experiência mais próxima dos arcades. Esse seria o melhor jeito de jogar, mas infelizmente a mira é absurdamente sensível e você precisa ficar reposicionando-a o tempo inteiro.

O Wii sem dúvidas foi o melhor console para replicar a precisão de se jogar um rail shooter nos arcades, tudo graças ao seu sensor de movimentos; infelizmente, o Switch ainda não consegue fazer o mesmo com tanta precisão. Cada tiro que você dá em The House of the Dead Remake faz a mira tremer e tira ela do lugar, o que atrapalha um bocado – principalmente contra chefes, que possuem um ponto fraco fixo. Acertar alvos que estão longe demais também é um desafio maior do que deveria, tudo graças a essa imprecisão dos controles.
Tudo novo, nada diferente
Jogar no modo portátil não é a experiência ideal para quem busca algo que remeta mais aos arcades, mas acaba resolvendo parcialmente o problema da mira. Ainda é bem difícil ter total controle dela, mas ela se mexe menos que pelo giroscópio. Uma coisa que achei bizarra foi o modo como exploraram os recursos de vibração do console, pois ele vibra literalmente o tempo inteiro enquanto você estiver jogando (com destaque para os encontros com chefes, que parece um tipo de alarme). É diferente, mas no geral achei um tanto forçado e irritante, principalmente porque não ajuda muito com a imersão.
Uma novidade que este remake traz é o modo Horda, que nada mais é que a mesma campanha com o adicional de ter mais zumbis para você matar. É uma forma mais desafiadora de jogar, especialmente para quem tentar salvar todos os cientistas espalhados pelas fases, mas os controles imprecisos não ajudam em nada. Se alguém quiser passar raiva e frustração com um amiguinho, ainda existe a possibilidade de jogar ambos os modos em multiplayer, o que pode ser mais legal (ou não).

Já se tratando de gráficos e performance, nada aqui se encontra em seu estado ideal. Os gráficos obviamente foram aprimorados em relação ao original, afinal tudo foi refeito do zero, mas também não são nada impressionantes. Podemos usar a desculpa do hardware limitado do Switch, mas tem tanto jogo mais bonito neste console que simplesmente não cola mais. As texturas são simples e os inimigos têm um nível de detalhes aceitável, mas longe de ser impactante.
Por incrível que pareça, The House of the Dead Remake possui um modo performance – isso mesmo, um jogo de Switch com opção de escolher gráficos ou framerate. Quem optar pelo desempenho terá uma experiência menos estressante, já que o framerate se mantém constante em troca de texturas mais borradas. Quem quiser um jogo mais bonito pode acabar pagando caro por isso, pois o framerate fica mega instável e existem quedas o tempo inteiro. Vai por mim, se contente com o modo performance mesmo.
No geral, The House of the Dead Remake é fiel até demais a suas origens, mas não deixa de ser um título fraco. O que mais incomoda não é nem o jogo em si, mas sim o jeito como todas as formas de jogar acabam falhando de algum modo, com destaque para os controles de movimento, que deveriam ser melhores se tratando de um rail shooter. Quem gosta muito do original pode acabar curtindo, mas não existem outros grandes motivos para se investir neste remake.