Sendo bem direto e sem rodeios, devo dizer “na lata” que Stellar Blade me surpreendeu positivamente durante todo o processo de produzir este review. Eu o peguei esperando um jogo genérico de ação e uma tentativa de replicar a experiência vista em NieR: Automata e acabei com uma baita aventura em minhas mãos.
Óbvio que ele tem defeitos e falhas, como diversos outros jogos que vemos atualmente, mas caso você tenha algum preconceito com as aventuras de Eve, Adam e Lily pelas desoladas áreas de nosso planeta – seja por achar que tudo o que ele traz é só sensualidade da protagonista ou que tenha um gameplay raso – acabará tão surpreso quanto eu a dar uma chance para o primeiro projeto da Shift Up.
A beleza de Stellar Blade
Em Stellar Blade nós realizamos uma jornada ao lado de Eve, uma “humana cibernética” que chega na Terra em meio a um grande confronto entre o seu esquadrão aéreo e os Naytibas – monstros que dominaram todo o planeta. Os eventos da trama te colocam ao lado de Adam, sob a premissa de encontrar “O Ninho” e impedir que estas criaturas destruam o planeta.
A história não é tão profunda assim, principalmente se você conseguir perceber os paralelos que ela traz em relação a diversas outras obras. São poucas as reviravoltas que realmente me deixaram surpreso, diga-se de passagem. No entanto, algo bacana disso são as referências religiosas que existem dentro da obra, não apenas nos questionamentos de Eve, mas na própria existência dela e dos personagens ao seu redor.
“Eu realmente tive a impressão de que via uma ‘dança’ ao invés de luta em certos momentos“
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Já em termos de ação, é aqui que Stellar Blade realmente brilha. As batalhas são cheias de movimentos distintos que podem ser executados pela protagonista, assim como por seus inimigos. E não satisfeitos em terem criado um sistema tão interessante de combate, eles também adicionam a beleza de um verdadeiro “balé” em alguns conflitos. Eu realmente tive a impressão de que via uma “dança” ao invés de luta em certos momentos.
Eve gira, pula, executa diversos ataques diferentes com sua lâmina e – dependendo do momento em que está dentro da história ou do que aumentou usando a árvore de habilidades – cria um verdadeiro espetáculo visual.
Se você não está interessado ou não curtiu muito a proposta de Stellar Blade, é compreensível. Porém, algo que percebi é que não dá para chamá-lo de feio ou reclamar de suas intensas cenas de combate. Em um certo confronto, que evitarei dar detalhes para não entregar spoilers, você está em cima da água e cada movimento – seu e do seu oponente – geram ondulações ou grandes ondas e há muito tempo não via uma atenção assim.
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Gráficos não são tudo, mas ajudam
Geralmente os quesitos gráficos causam uma grande discussão entre os gamers, mas vamos debater aqui um aspecto que realmente chama a atenção na experiência: o jogo ser bonito, como este é, não apaga os problemas ou erros que são vistos, mas ajudam bastante na imersão e te fazem enxergar tudo com um pouco mais de brilho nos olhos – e nem é por causa de Eve, caso minha esposa esteja lendo isso aqui.
Reflexo nas superfícies, iluminação, cenários e até a resposta do ambiente ao que faz ou o que parte de ação dos inimigos são muito bem-feitos em Stellar Blade e causam impacto. Em diversos momentos eu apenas parei em alguma área nova para contemplar tudo o que a vista alcançava e percebi que – ao lado de Final Fantasy VII Rebirth – este foi um dos primeiros jogos deste ano de 2024 que me fizeram sentir que estava na nova geração.
“[…] as expressões faciais continuam sendo um grande entrave dentro da indústria gaming e deste game”
![Stellar Blade](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2024/04/Stellar-Blade-Review-Img1-1024x576.webp)
Porém, como disse, isto não esconde algumas falhas – inclusive nestes elogios. Enquanto tudo parece deslumbrante visualmente e seu desempenho não deixa a desejar, as expressões faciais continuam sendo um grande entrave dentro da indústria gaming e deste game.
Veja bem, mesmo com investimentos da Sony Interactive Entertainment, a Shift Up continua sendo um estúdio pequeno e já é incrível que tenham produzido Stellar Blade da forma como se apresentou. Ainda assim, as atuações sem emoção alguma e sem muitas mudanças de expressão me deixaram incomodado e, em alguns momentos, até me renderam algumas risadas – de nervoso.
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Uma experiência singular
A aventura não é muito longa e pode ser completada em cerca de 25 a 30 horas, dependendo obviamente de suas habilidades. Caso seja completacionista e queira reunir todas as latinhas, trajes de Eve e melhorias que estão disponíveis, isso deve levar um período ainda maior.
Para te ajudar, os mapas também são bem extensos. Você pode explorar torres abandonadas, cidades embaixo da areia e até mergulhar em grandes lagos dentro de um ambiente semi-aberto. Stellar Blade não se expande muito para além disso, o que ajuda a limitar bastante a sua jornada – caso não queira aqueles milhões de sinais em seu mapa, seja de side-quests, itens e outros pontos de interesse.
Eu acredito que isto pode ser positivo ou não a depender do jogador, já que muitos preferem passar 300 a 400 horas fazendo tudo o que estiver disponível enquanto outros querem algo mais centrado e sem muitos rodeios. Tenho de ressaltar também o cuidado da Shift Up com “sessões rápidas”, permitindo que jogadores possam completar trechos ou fazer coisas em meia-hora ou menos e deixar a sequência para depois. Isso é muito bom.
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O veredito
Como eu disse acima, Stellar Blade tem alguns defeitos que o impedem de brilhar como devia. História rasa, expressões faciais totalmente fora do tom e algumas mudanças visuais no desempenho – vistas no modo Balanceado – são bem chatas e acaba reduzindo a experiência. Outro ponto que me incomodou é estar definido como padrão você ter de apertar um botão para captar espólios, mas este pode ser alterado nas configurações.
Já em termos de gameplay, eu gostei bastante de tudo o que passei no jogo. Alguns combates são marcantes e podem ajudar Eve a se estabelecer como uma “nova musa” dos videogames por sua bravura e grandes acrobacias.
“Ele não é uma obra-prima, mas está bem acima do que imaginava“
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O jogo tem uma dificuldade acentuada em determinados momentos, o que pode tirar um pouco da graça para aqueles que desejam apenas uma aventura mais leve. Não é nada de nível Elden Ring ou Sekiro: Shadows Die Twice, mas que eu admito ter passado por um sufoco aqui e ali. Um equilíbrio maior cairia bem, já que Stellar Blade permite várias formas de lutar e nestes chefões o embate fica mais “mecânico” e “previsível”.
De qualquer modo, eu espero que o público aproveite a experiência do game além da aparência de Eve e da expectativa “genérica” que ele provoca. Ele não é uma obra-prima, mas está bem acima do que imaginava e merece a atenção de jogadores que cobram por aventuras diferentes daquelas que estamos acostumados. Caso esteja de olho, pode mergulhar nessa que se divertirá nele – nem que seja para apreciar gráficos ou a heroína.
Prós:
🔺 Graficamente impressionante
🔺 Os combates são excelentes e merecem grande destaque
🔺 Permite “sessões rápidas” de jogo
Contras:
🔻 Expressões faciais são o calcanhar de Aquiles aqui
🔻 A história é bastante rasa
🔻 O desempenho oscila muito no Modo Balanceado
Ficha Técnica:
Lançamento: 26/04/2024
Desenvolvedora: Shift Up
Distribuidora: Sony Interactive Entertainment
Plataformas: PS5