Imagine como se desenvolvedores resolvessem unir The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Tony Hawk para criarem um jogo capaz de unir a liberdade dos mundos abertos com a adrenalina de manobras em hoverboard. Essa é a proposta de Star Overdrive, desenvolvido pela Caracal Games e publicado pela Dear Villagers para Nintendo Switch, num jogo independente que consegue chamar atenção logo de cara pela sua proposta ousada.
Mergulhando fundo na experiência, embalado por uma estética retrô e uma trilha sonora cheia de atitude, o título indie consegue entregar momentos de pura diversão, mas também tropeça em pontos fundamentais da jogabilidade na movimentação fora do hoverboard e o combate pouco polido. No entanto, os desenvolvedores conseguiram trabalhar com boas ideias e uma atmosfera diferenciada.
Surfando na onda da criatividade
O grande destaque de Star Overdrive é, sem dúvida, o sistema de movimentação com o hoverboard. A sensação de velocidade e fluidez ao surfar pelo planeta Cebete é viciante, com controles responsivos e uma curva de aprendizado que recompensa o domínio das manobras e truques, remetendo à experiência de jogos de skate clássicos. O jogo oferece um sistema robusto de customização: é possível coletar materiais pelo mundo e, em bancadas de trabalho, criar e aprimorar peças como motores, asas e propulsores, adaptando o veículo para diferentes desafios e áreas do mapa.

Mesmo com toda essa diversão, infelizmente o controle da câmera é automatizado pelo jogo, impedindo que o jogador ajuste livremente o ângulo de visão durante a navegação em alta velocidade. Isso resulta em colisões frequentes e uma sensação de descontrole, especialmente em ambientes mais complexos. Também existe um contraste entre a velocidade do hoverboard e a lentidão do protagonista ao andar a pé, tornando qualquer segmento fora da prancha monótono e pouco fluido.
Se a movimentação é empolgante, mesmo com a limitação da câmera ou ao se movimentar a pé, o mesmo não pode ser dito do combate. O sistema é simplista e pouco polido, contando com uma keytar que serve tanto de arma quanto de ferramenta para resolver puzzles, mas que oferece um repertório limitado de ataques. A ausência de um sistema eficiente de mira, ou lock-on, torna as batalhas confusas, principalmente quando há vários inimigos na tela. Muitos jogadores acabam evitando os confrontos, já que a falta de impacto e variedade torna essas seções repetitivas e, por vezes, frustrantes. As lutas contra chefes, que poderiam ser pontos altos da aventura, sofrem com animações pouco refinadas e até bugs irritantes, tornando-as menos desafiadoras do que deveriam ser.

Tudo muito ligado aos seus equipamentos, as mecânicas de progressão lembram bastante o estilo metroidvania, com habilidades desbloqueáveis que expandem as possibilidades de exploração e combate, como o uso de um keytar para atacar inimigos e manipular o ambiente, além de habilidades especiais como criar plataformas ou lançar mísseis. Os puzzles, presentes principalmente nas minas (assim como os shrines em Zelda), são criativos e exigem o uso inteligente dos poderes adquiridos, sendo um dos pontos altos do design de Star Overdrive. Vinculando tudo isso à customização do hoverboard exige que o jogador colete materiais para desbloquear habilidades essenciais, como surfar em diferentes superfícies. No entanto, à medida que o jogo você precisa interromper a exploração para buscar mais recursos para evoluir seu personagem, o que pode quebrar o ritmo e tornar a experiência menos prazerosa.
Odisséia em alta velocidade
Vamos falar de história? A narrativa acompanha Bios, que aterrissa em Cebete em busca de sua namorada desaparecida após seguir um sinal de socorro. O enredo é revelado de forma fragmentada, principalmente por meio de fitas cassete espalhadas pelo mundo, incentivando a exploração para quem deseja se aprofundar no lore do planeta e dos personagens. Seguindo uma linha minimalista, o enredo funciona mais como pano de fundo para a jogabilidade do que como um verdadeiro motor da aventura.

Visualmente, o jogo aposta em um estilo cel-shaded que remete a clássicos da Nintendo, mas com uma pegada mais suja e retrô. O mundo de Cebete é diversificado, com áreas vibrantes e outras mais sombrias, mas sofre com problemas de pop-in, repetição de cenários e certa falta de detalhes, especialmente em ambientes internos. Ainda assim, há momentos em que o visual se destaca, principalmente durante as travessias em alta velocidade, quando a sensação de liberdade cresce durante o gameplay.
A trilha sonora é, sem dúvida, um dos pontos altos de Star Overdrive. Com influências marcantes do rock dos anos 1980, as músicas energéticas embalam perfeitamente as sessões de exploração, reforçando a atmosfera rebelde e estilosa do jogo. O uso do keytar como instrumento e arma é um toque criativo que ajuda a consolidar a identidade sonora do título.

No fim das contas, Star Overdrive é um jogo que brilha quando aposta na velocidade, criatividade e liberdade de exploração, mas tropeça em aspectos básicos da jogabilidade, como combate, ritmo e polimento técnico. Para quem busca uma experiência diferente e cheia de personalidade, vale a pena dar uma chance ao jogo indie, mas é preciso estar preparado para lidar com algumas frustrações ao longo do caminho.
Prós:
🔺 Movimentação fluida e divertida com o hoverboard
🔺 Customização do hoverboard e sistema de melhorias
🔺 Puzzles criativos adicionam variedade à jogabilidade
🔺 Trilha sonora marcante com forte influência do rock
🔺 Estilo visual carismático com pegada retrô
Contras:
🔻 Combate raso e frustrante, sem muita inovação nos golpes
🔻 Problema de ritmo na movimentação em contraste ao hoverboard
🔻 Problemas de progressão pela necessidade de coletar recursos
🔻 Falta variedade de inimigos e repetição de desafios
🔻 Bugs no carregamento de cenários e durante combates
Ficha Técnica:
Lançamento: 10/04/25
Desenvolvedora: Caracal Games
Distribuidora: Dear Villagers
Plataformas: PS5, Switch, PC, Xbox
Testado no: Switch