A Hazelight Studios, conhecida por desenvolver experiências cooperativas inovadoras, consegue alcançar um novo patamar com o lançamento de Split Fiction, uma aventura divertidíssima, desafiadora e que mescla ficção científica e fantasia de maneira única. Depois do que vimos em It Takes Two e A Way Out, em meio ao mercado abarrotado de jogos “mais do mesmo”, o gênero co-op parece ter alcançado níveis sem precedentes para proporcionar algo que você não imaginava ser possível.
Em Split Fiction, você e outro jogador assumirão o papel de Mio Hudson e Zoe Foster, duas escritoras com estilos totalmente opostos. Mio, uma autora de ficção científica cética e reservada, contrasta com Zoe, uma escritora de fantasia otimista e extrovertida. Sua visita à Rader Publishing em busca de um contrato toma um rumo inesperado quando as escritoras são conectadas a uma máquina projetada para simular suas histórias. Um acontecimento inesperado faz com que as duas fiquem presas em uma simulação compartilhada, fazendo com que seus próprios mundos fictícios colidam e iniciando uma jornada surpreendente.

Dois mundos, diversas referências e uma única jornada
O plot do jogo pode até parecer clichê, mas o jogo surpreende desde seu início com a construção narrativa de Split Fiction se mostrando engenhosa e meta-referencial, capaz de explorar temas profundos como, por exemplo criatividade, amizade e medos, até mesmo brincar com a própria natureza da narrativa. À medida que Mio e Zoe navegam entre seus mundos interligados, brilhantemente intercalando entre fantasia e ficção, situações vão recriar momentos inspirados pelas principais franquias do universo nerd, geek e gamer. Os jogadores serão bombardeado por diversas referências, dos games aos filmes.
Por meio desse caldeirão de conteúdo e construindo uma jornada por 8 capítulos, com diversas histórias secundárias, Mio e Zoe vão descobrindo as reais intenções nefastas da editora: James Rader, CEO da empresa, pretende roubar ideias criativas dos escritores. Esta premissa serve como pano de fundo para uma jornada de autodescoberta e cooperação forçada entre duas personalidades distintas, criando uma história envolvente e multifacetada.

Enquanto a história se desenrola encontramos momentos vindos de Sonic, Mario, Donkey Kong, Metroid, Metal Gear, Wave Racer e vários outros jogos, além de recriar cenas que lembram Senhor dos Anéis, Gravidade, Matrix, Exterminador do Futuro e Missão Impossível, sem quebrar o gameplay muito menos forçar a inserção dessas referências. Split Fiction vai além e consegue adaptar sequências inusitadas do nosso dia a dia, como uma série de validações no celular pra desativar uma bomba enquanto estão em uma fuga sobre rodas.
Diversos recursos narrativos ultrapassam a ideia de fan service para, além de engrandecerem os diálogos e dinâmica entre as personagens, também serem integrados como parte da construção das personagens, desenvolvimento da história e, principalmente, mecânicas para a jogabilidade.

Esses elementos constróem o alicerce de Split Fiction com base na cooperação, explorando as habilidades únicas e que se complementam de Mio e Zoe. Essa dinâmica, que vai além das capacidades baseadas em seus estilos criativos também reforça a dualidade entre suas personalidades, exige comunicação constante entre os jogadores e muito trabalho em equipe, tornando cada desafio uma experiência compartilhada e gratificante. Ou seja, os temas trabalhados ao longo do jogo ultrapassam os limites da tela, console e controle para serem internalizados por nós, jogadores, enquanto trilhamos essa jornada.
Diversidade é o sobrenome do jogo
Se o conteúdo é um dos pontos altos do jogo, a jogabilidade de Split Fiction é extraordinariamente diversificada e reforça a proposta da Hazelight Studios, evoluindo a variedade de puzzles que vimos em It Takes Two para oferecer uma experiência nova e única em cada capítulo. Alternando constantemente entre cenários de ficção científica e fantasia, cada um também ganha uma mecânica própria e transforma o jogo em algo inesperado enquanto avançamos na história.

Correr, dar pulo duplo e dash são os movimentos básicos e que são implementados às habilidades novas para cada momento da narrativa de Mio e Zoe. Manipular a gravidade, voar com dragões, se transformar em animais ou fadas, surfar pela água ou areia, usar espadas de energia e manipular elementos do cenário são alguns exemplos das possibilidades que temos.
Isso sem contar nas transformações inusitadas que as personagens sofrem, afinal suas criações narrativas precisam acomodar suas personagens corretamente, assim como experiências de vidas também contribuíram para moldar a Mio e Zoe que conhecemos. Lembra das referências? Elas existem não apenas para fins narrativos, mas para transformar a maneira como jogamos e interagimos com o mundo enquanto enfrentamos diversos puzzles, vilões, traumas de infância, histórias infantis e ideias descartadas, fazendo com que Split Fiction ganhe uma nova forma de gameplay, visual e trilha sonora para cada capítulo.
Evolução em grande estilo
Visualmente, Split Fiction representa um avanço significativo em relação aos títulos anteriores da Hazelight Studios. Utilizando a Unreal Engine 5, o jogo traz gráficos impressionantes que se adaptam perfeitamente às mudanças drásticas entre os mundos de ficção científica e fantasia. As trocas instantâneas de cenários e gameplays são tão fluidas que impressionam por nunca atrapalhar o tempo de resposta dos controles. Joguei no PS5 enquanto Vinícios Duarte jogava no PC (crossplay via EA Connect) e em momento algum houve delay entre nossas ações e comunicação.

Como se não bastasse, a transição entre os mundos é acompanhada por mudanças na trilha sonora, porém ela é um elemento fundamental para a imersão. Com músicas eletrônicas para os ambientes futuristas e melodias medievalistas para os reinos mágicos, o cuidado e atenção aos detalhes sonoros ajuda a criar uma experiência ainda maior e mais envolvente.
Split Fiction é o ápice da experiência cooperativa. Seja jogando local ou online, você contará com o Passe de Amigo que permite ao proprietário do jogo convidar um amigo para jogar gratuitamente. Não seria possível aproveitar esse jogo com um NPC, pois cada desafio, quebra-cabeça e sequência de ação é meticulosamente projetado para exigir coordenação e comunicação entre os jogadores. E embora boa parte do game seja em tela dividida, em vários momentos essas telas se juntam para oferecer uma experiência unificada.

A Hazelight Studios criou sua própria fórmula cooperativa com A Way Out, aprimorou com It Takes Two (que ganhou como Melhor Jogo de 2021) e agora com Split Fiction a fórmula segue evoluindo e surpreendendo com suas experiências únicas e autorais. Com personagens carismáticas, narrativa incrível, jogabilidade diversificada, visuais impressionantes e foco inabalável na cooperação, esse jogo se consagra como uma das experiências mais memoráveis de 2025.
Prós:
🔺 Inovador ao diversificar sua jogabilidade
🔺 Foco na experiência cooperativa
🔺 Narrativa criativa e diversas referências ao universo geek
🔺 Variedade de mecânicas e puzzles mantém o engajamento
🔺 Passe de Amigo e crossplay desde o lançamento
🔺 Personagens e história extremamente cativantes
Contras:
🔻 Desafio superior ao It Takes Two pode ser impeditivo para os mais casuais
🔻 Dublagem em PT-BR deixaria o jogo ainda mais incrível
Ficha Técnica:
Lançamento: 06/03/25
Desenvolvedora: Hazelight Studios
Distribuidora: Electronic Arts
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Testado no: PS5, PC