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Spirit of the North coloca você no controle de uma raposa para percorrer por vastos, míticos e exuberantes cenários inspirados nas paisagens da Islândia. Esse é o local em que uma civilização, a muito tempo extinta, deixou pistas que revelam sua intrigante história sobre a raposa de fogo e sua relação com a aurora boreal. Seu passeio vai de encontro com a guardiã da luz, uma raposa espiritual que o guiará pelos segredos desta terra em ruínas.

Essa aventura é uma produção independente realizada pela Infuse Games, que atualmente é formada por três desenvolvedores. Inspirados pelo folclore nórdico de Tulikettu, que fala sobre a origem da aurora boreal, esse título vai oferecer uma experiência relaxante, puzzles e muitos momentos emocionantes, em que cada jogador fará sua própria interpretação do contexto.

Decifrando a história escrita nas pedras

Uma curiosa faixa vermelha colore o céu no horizonte e atrai a atenção de uma raposa-vermelha que estava vagando solitariamente por montanhas cobertas de neve – assim começa a sua jornada. De cara, o cenário é tão convidativo que fica fácil se envolver, mesmo que inicialmente não haja nada interessante para interagir. Na verdade, esse sentimento de não saber o que fazer permanece durante toda jogatina e é o que torna ela intrigante, pois acaba incentivando a exploração necessária para encontrar seus objetivos nesse mundo desolado.

Imagem do jogo Spirit of the North
Hey, Listen!

Em pouco tempo sua viagem solitária ficará para trás, pois você conhecerá a guardiã da luz, uma raposa espiritual da qual você ficará feliz em acompanhar. Mesmo sem absolutamente uma palavra de diálogo, Spirit of the North consegue trazer significados para a narrativa, principalmente após esse encontro, já que essa companhia te mostrará caminhos para descobrir runas, totens e uma espécie de arte rupestre que tenta apresentar informações sobre sua nova parceira e a relação com os extintos xamãs.

As artes de Spirit of the North até podem ter sentidos claros, mas seu contexto não tem uma ideia fixa e pode se adaptar conforme as experiências e vivências de cada jogador. Há momentos em que a interpretação será universal e será impossível não se emocionar ao ouvir os ganidos da raposa ao ver os cadáveres dos antigos xamãs caídos pelo cenário ou quando você mesmo começa a se deparar com os detalhes que levaram à decadência desta civilização.

Logo você entende que o objetivo desta aventura é alcançar a origem da faixa vermelha que cobre o céu, pois é lá que estão as respostas para entender as histórias escritas nas pedras. Mesmo que estejam extintos, essas pessoas deixaram diversos puzzles que você terá que solucionar para conseguir avançar por suas misteriosas construções. Mas não se preocupe com a dificuldade, pois os desafios são ligeiramente simples, exigindo apenas um bom controle da raposa para fazer saltos e outros movimentos. Talvez um ou outro possa te deixar um tanto confuso, mas não demora muito até você entender como superá-lo.

Imagem do jogo Spirit of the North
As paisagens surpreendem do início ao fim.

A guardiã da luz tem poderes místicos e ela sabe que a raposa também precisará utilizá-los para conseguir alcançar locais mais profundos nestas ruínas. Portanto, conforme avança nos capítulos de Spirit of The North, você vai adquirir habilidades como um impulso, um uivo poderoso capaz de eliminar as raízes das trevas, além de poder controlar a própria guardiã por um certo tempo para atravessar locais que a raposa não consegue.

Os quebra-cabeças desse mundo são cheios de plataformas interessantes como gangorras, jatos de água, portais místicos que te jogam para longe e muitos outros que podem ser acionados por combinação de desenhos das runas. Todos eles são um bom jeito de entreter durante a progressão e utilizar as habilidades místicas, mesmo que a maioria seja bem fácil de dominar.

Imagem do jogo Spirit of the North
Farei parte da exposição se eu ficar mais um pouco nesta água.

O folclore finlandês através de Spirit of the North

Essa travessia reserva missões secundárias em que você deve encontrar e juntar cajados com os seus donos, os xamãs. Alguns são tranquilos de localizar, mas há outros que exigem um pouco mais de atenção e dedicação, porém valem o esforço, já que podem desbloquear outras cores de pelagem para sua raposa, além de aumentar a duração de Spirit of the North (que não dura tanto, se você deixar essa missão de lado).

Embora a tarefa renda bons desafios, algumas vezes elas agem como requisito para finalizar a fase e isso pode ser incômodo. Dentre as diversas possibilidades como não encontrar o cajado ou desistir de procurar o dono, a pior delas é quando você se depara com o xamã ao final do nível e recorda que abandonou o objeto lá atrás – ou pior, não fazer ideia de onde está o bendito item! Talvez o ideal fosse concluir o capítulo independente de ter coletado ou não.

Imagem do jogo Spirit of the North
Acho que demorei demais para trazer seu cajado, desculpa.

Além das montanhas cobertas de neve, você passará por outros locais que são ainda mais surpreendentes contendo areia negra, os curiosos pilares de basalto hexagonais, piscinas geotérmicas e muitas outras formações que são inspiradas em cenários reais da Islândia. A trilha sonora é muito bem produzida e completa esse ambiente magnífico. É uma pena que a composição não é ordenada para acompanhar os eventos do jogo, ao invés disso ela toca em loop durante a jogatina.

Alguns poucos momentos possuem faixas programadas e mesmo assim a surpresa não se faz completa, já que a música vem sendo reproduzida repetidas vezes. Felizmente, isso não diminui o belo trabalho musical realizado para o título. As músicas proporcionam uma atmosfera muito envolvente que certamente te deixará arrepiado diversas vezes.

Imagem do jogo Spirit of the North
As faixas vermelhas não pareciam tão assustadoras.

A relaxante aventura de Spirit of the North não está livre de pequenos erros de iluminação, bugs na câmera que permite ver o cenário através das paredes ou erros de colisão que podem incomodar durante a movimentação.

Felizmente, esses erros ocorrem com pouca frequência e não atrapalham a boa experiência que, apesar de ser fácil e curta, recompensa por sua beleza caprichada, trilha sonora bem produzida (mesmo que em loop), além da apresentação de um folclore muito bonito. Se você curte aventuras relaxantes e emocionantes a lá Journey, então certamente vai se encantar com a história dessas raposas.