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Sonic Mania, definitivamente, é uma anomalia daquelas que nós não vamos ver de novo num futuro próximo: não apenas é um excelente jogo para os padrões atuais, mas também, em todos os aspectos, o melhor jogo da franquia. É um feito o que o pessoal da Pagoda West e da Headcannon fizeram em conjunto com Christian Whitehead – o mesmo ás da programação responsável pela perfeita versão de Sonic CD relançada para consoles, PC e mobile alguns anos atrás.

Basicamente, Sonic Mania é o que um jogo do Sonic seria lá pela geração do Saturn ou Dreamcast se a Sega tivesse continuado a desenvolver a série em 2D. Apesar das homenagens (e vamos chegar a elas mais abaixo), Sonic Mania tem material novo de sobra para se destacar entre os melhores jogos de plataforma atuais, mais ou menos nos moldes do que fez Rayman Origins em 2010, por exemplo.

Jamiroquai ficaria com inveja da música dessa fase.

O campeão voltou

A proporção da tela é em 16:9 reais (Sonic CD foi assim também), os sprites são lindos sem parecerem modernos demais – há mais quadros de animação, mas não tantos a mais assim – com um estilo gráficos que realmente lembra o daquela fase de transição entre 16-bits e 32-bits. É como se os gráficos de Sonic & Knuckles tivessem um filho com os de Castlevania: Symphony of the Night.

O jogo flui a suaves 60 quadros por segundo, sem queda (há casos isolados de performance comprometida, mas a culpa já foi atribuída à versão alpha da nova dashboard do Xbox One), e a jogabilidade está mais precisa do que nos jogos do Mega Drive. É difícil explicar, mas sabe aquela sensação de precisão de jogar um Super Meat Boy? É mais ou menos isso. É a melhor jogabilidade de um jogo de Sonic em 2D, sem dúvidas. Ele responde rapidamente, você sempre sabe os limites dos pulos e ataques dele.

Outro toque, que serve mais como uma homenagem mesmo, é que três botões de face do controle podem ser usados para pulo, como era na época do Mega Drive, em que A, B e C serviam para pular. Nos relançamentos, você usava só o X (no PS4) ou A (no Xbox One), mas até nisso os caras pensaram.

Stardust Speedway ficou legal demais, mas o chefe é osso duro.

O game é dividido em 12 zonas, cada uma com dois atos – taí uma vantagem de Sonic Mania em relação aos antecessores, que tinham entre 6 e 8 zonas cada. O único jogo com mais ou menos o mesmo número de fases era Sonic 3 & Knuckles, que exigia que o jogador tivesse os cartuchos destes dois games e usasse a função lock-on para criar um game longo com as fases de ambos.
Por falar em fases, algumas das melhores zonas dos Sonic antigos estão aqui em novas versões – basicamente, o ato um de cada fase é uma homenagem à fase antiga, e no ato 2 as novidades mesmo começam a aparecer. Há zonas totalmente novas, como a colorida Studiopolis e a criativa Mirage Saloon, e é incrível como os temas delas se encaixam perfeitamente com os das fases baseadas nas zonas antigas.

Nostalgia na medida certa

Para quem é fã e já jogou todos os games da série, há homenagens e referências de sobra. Vi pouca gente comentando sobre isso, mas a Oil Ocean de Sonic 2 e a Sandopolis de Sonic & Knuckles foram meio que fundidas na Oil Ocean nova, e o resultado ficou excelente. Na Lava Reef, aparecem aqueles inimigos pescoçudos aquáticos (ou de lava, agora…) da Hill Top Zone de Sonic 2. E não precisa forçar muito a barra para perceber alguns arranjos que remetem à Nights: Into Dreams e Jet Set Radio em algumas das músicas. Aliás, a parte sonora está toda de parabéns. As músicas das fases antigas contam com novos arranjos, as novas mantém o nível (e música nunca foi um problema em jogos do Sonic, mesmo nos novos e ruins), lembrando aquela boa mistura de Jamiroquai com Jota Quest características das batidas meio funk, meio r&b dos games da franquia.No geral, o cuidado que os caras tiveram com esses detalhes nas fases e nas músicas chega a ser assombroso, de tão surpreendente.

Os chefes são bem criativos – como em Sonic & Knuckles, há um subchefe no final do primeiro ato de cada zona, e um chefe maior no final do segundo ato. No geral, o primeiro subchefe é simples, e lembra os dos antigos Sonic, mas nos chefes grandes, nesses sim o pessoal se superou: o da Stardust Speedway, por exemplo, é dividido em três chefes, incluindo uma homenagem à perseguição contra Metal Sonic em Sonic CD, enquanto que o da Chemical Plant é nada menos que uma partida de Puyo Puyo, para lembrar os tempos de Dr. Robotnik’s Mean Bean Machine. Em Hidrocity, é Sonic quem assume o comando da nave do Dr. Eggman que joga bombas na água. Fazia tempo que eu não via chefes criativos assim, e em alguns desses aqui, Donkey Kong Country Returns veio à cabeça.

Essa fase bônus é viciante demais!

Sonic Mania não é um game muito longo, mas as fases são repletas de segredos e áreas secretas (algumas acessíveis apenas quando se joga com Tails ou Knuckles), e pegar todas as esmeraldas (pelas fases de bônus do “argolão”, que lembram as de Sonic CD) e todas as moedas (pelas fases de bônus daquelas bolhas azuis, acessíveis pelos checkpoints) são desafios que aumentam bastante a longevidade do game. Na real, apenas jogar Sonic Mania do início ao fim já é uma experiência altamente recomendada.

Se há algum defeito, provavelmente são os probleminhas que já existiam nos jogos antigos: às vezes, pelas características e cores do cenário, é difícil saber se aquilo que você vê é uma plataforma ou parte do cenário, alguns chefes (o da Stardust Speedway, dividido em três partes, é um exemplo) são um pouco frustrantes, e o modo competitivo para dois jogadores não oferece motivos para ser jogado novamente depois de umas duas ou três partidas. Mas nada tira o brilho de Sonic Mania. O game é recomendadíssimo para todo mundo que curte plataforma, mesmo para quem nunca jogou um Sonic na vida.

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