Alguma vez você já se perguntou como seria ter o poder de copiar e colar na vida real? Não falo apenas do famoso comando que usamos nos dispositivos digitais, mas para transformar coisas como a cor de uma parede para outra sem precisar “pôr a mão na massa”. Em Riverside, existe um ursinho carismático com essa surpreendente capacidade.
Ruffy and the Riverside nos apresenta uma mecânica bem incomum que instiga testar seus efeitos em cada cantinho deste mundo gigantesco. Desde os primeiros trailers (que descobri por acaso), os devs da Zockrates Laboratories prenderam minha atenção, seja pelo visual feito à mão, pelas referências a jogos famosos e, claro: a mecânica de troca. Copiar e colar pode ser a resposta para resolver as coisas, mas a cereja do bolo é o como usar esse poder.
Criativo e único em diversos aspectos

Apesar de curiosa, a mecânica de troca, que proporciona inimagináveis possibilidades, não é a única forma de interação no universo de Ruffy. O jogo é abarrotado de descobertas e formas criativas de se conectar com o ambiente. Tem colecionáveis, puzzles, cosméticos e tudo que um bom jogo de plataforma 3D deve ter. Dito isto, tenha a certeza de que Riverside reserva muitas surpresas.
Ruffy, nosso ursinho (que muito me lembra os Ewoks), é o escolhido para salvar a cidade de Riverside dos planos malignos do Groll, um cubo esquisito que tem sugado a energia vital do lugar. De início, a história se apresenta de maneira um tanto arrastada – “vá até tal lugar”, “aceite seu destino”, “prove seu valor”, aquele clássico começo do herói.

Copiar, colar e… improvisar
A jornada te leva por 7 áreas distintas e em todas elas, nos deparamos com diversos personagens, objetos e itens que podem não fazer muito sentido ou que nem dê para interagir de início – um claro convite para retornar mais tarde com mais contexto ou habilidades.
Copiar e colar em Ruffy and the Riverside é tão fácil quanto no PC: um botão copia, o outro cola. É tão intuitivo que você logo se pega tentando transformar tudo o que vê pela frente. Embora haja certos limites que mantém o ambiente equilibrado, os objetos que brilharem podem ter sua textura trocada. Dá pra transformar paredes de pedra em água, por exemplo, e por mais estranho que isso pareça, funciona.

Você pode transformar uma cachoeira em uma trepadeira, o mar em lava, uma caixa de ferro em madeira. Um rio pode até virar areia movediça, se você quiser. Realmente há muitas possibilidades, e é impensável como isso pode ser utilizado para criar puzzles. Felizmente, os desenvolvedores foram muito criativos: os desafios são, muitas vezes, difíceis de serem interpretados de cara, o que é ótimo. – te faz pensar bastante até solucioná-los.
Apesar disso, a limitação do que pode ou não ser transformado acaba ajudando a reduzir as possibilidades e facilitar algumas respostas. Ainda que demore para fazer associações, o momento do “clique” é sempre recompensador. E a gente se pega refletindo: como não pensei nisso antes?

Pasmem: Só o Ruffy possui mais de 600 desenhos individuais para suas animações, todos feitos à mão ao longo dos 7 anos de desenvolvimento – um trabalho impressionante que se espalha por dezenas de outras artes na construção deste universo. Aliás, tantas artes rendem uma tonelada de itens colecionáveis, como borboletas, criaturas Etoi, letras, cristais e mais. Fique de olho em tudo, o jogo adora recompensar aqueles que exploram.
Como se já não bastasse toda a criatividade, o jogo também possui enigmas passados por Yoogh: ele te diz uma frase, e com base nela, você deve combinar blocos com símbolos espaciais. Confesso que requer atenção. Ainda bem que o jogo está 100% localizado em português, o que ajuda bastante nesses momentos. Resolver esses enigmas ativa algo brilhante: fases 2D desenhadas nas paredes, num estilo que lembra Super Mario Odyssey.

Ruffy and the Riverside é pura criatividade e charme
Apesar de simples, as fases 2D de Ruffy and the Riverside são um charme e ajudam a construir a identidade única do jogo. Às vezes, exigem bastante atenção, já que é preciso copiar e colar desenhos e texturas do mundo 3D para os murais, isso vai ajudar no combate aos inimigos e criar caminhos seguros para o Ruffy. É uma ideia genial, divertida e, sem dúvidas, muito envolvente.
As interações ao longo das missões adicionam profundidade constante ao jogo. A história em si não é complexa, mas o gameplay se sustenta muito bem, e cada nova habilidade aprendida renova o convite à exploração. É impossível não lembrar de jogos como Banjo & Kazooie, Super Mario 64 e outros clássicos do gênero.

Ruffy and the Riverside está cheio de personagens para conhecer. Pip, por exemplo, é uma abelhinha minúscula que acompanha o urso na jornada. Apesar do tamanho, ela nos concede a habilidade de planar, além de trazer comentários engraçados durante os diálogos.
Os personagens, no geral, são divertidos e rendem boas risadas, além de várias missões secundárias para quem quiser se aprofundar mais. Aliás, o tom do jogo é leve e colorido, o que o torna uma excelente pedida tanto para jogadores mais novos quanto para veteranos que amam um bom desafio com toque retrô.

O visual de Ruffy and the Riverside é fruto de um esforço artístico genuíno que mistura o estilo Paper Mario com artes e animações feitas à mão, todas criadas com muito cuidado. A música que está presente nos trailers e dentro do jogo, Happy Canyon, também é um achado: leve, contagiante e totalmente alinhada ao visual. Gruda na cabeça facilmente e dá o tom alegre que o jogo entrega
A Zockrates Laboratories é um estúdio indie formado por poucas pessoas, isso torna tudo ainda mais impressionante. Deixam claro que carinho, criatividade e tempo rendem resultados incríveis mesmo com poucos recursos. É legal ver que o time também mantém a comunidade próxima, compartilhando avanços do desenvolvimento, bastidores e acolhendo feedbacks.

Ruffy and the Riverside é uma carta de amor aos jogos de plataforma 3D, daqueles que aquecem o coração com charme, inteligência e personalidade. Nunca pensei que o algoritmo do Instagram acertaria tão bem. Felizmente, ele me levou direto até Ruffy – e que grata surpresa. Recomendo demais (e sim, colaria essa recomendação mais três vezes, risos).
Prós:
🔺Mecânica de troca é criativa e divertida
🔺Visual desenhado à mão com muito charme
🔺Fases 2D geniais integradas ao mundo 3D
🔺Trilha sonora marcante e bem-humorada
🔺Lotado de segredos, itens e exploração recompensadora
Contras:
🔻Começo da história um pouco arrastado
Ficha Técnica:
Lançamento: 26/06/2025
Desenvolvedora: Zockrates Laboratories
Distribuidora: Phiphen Games
Plataformas: PS5, Xbox Series, PC, Switch
Testado no: PC