Como diria o Doutor Pompeu Pompílio Pomposo: “Um dia esse castelo todo será meu! MWAHAHAHAHA…”. E em Project Highrise você pode fazer exatamente isso, não com um castelo, mas com um edifício quase sem limites de tamanho (e de megalomania).
Uma mistura de gerente, CEO, arquiteto e engenheiro. Bom, a impressão que dá é que você é responsável por muito mais coisas do que isso. Devo admitir que não tenho conhecimento suficiente para saber que tipo de profissional é responsável por cada uma das coisinhas que precisam ser feitas ali.
A SomaSim desenvolveu o produto que nos é trazido pela distribuidora Kasedo Games. No que parece um reavivamento da era de ouro dos gerenciadores de cidades (ou sociedades), Project Highrise traz o contexto de uma cidade para dentro de um só edifício, sem diminuir em nada o grau de complexidade da simulação.
E apesar de ter sido lançado em 2016, agora vem ao mundo a versão completa, a Architect’s Edition, com todos os DLCs adicionados. Essas adições não são meramente visuais, possuindo várias alterações em conceitos base do jogo e inúmeras novas oportunidades de trabalho.
Pague o aluguel!
Project Highrise é uma versão em duas dimensões do gênero de simulação e gerência que estamos já habituados. Essa variação que, a princípio, pode dar uma sensação de que se perde algo, na verdade nos oferece um grau de simplicidade visual aliado a um estilo gráfico bem cuidado.
Em alguns momentos, a impressão que fica é que o jogo representa uma maquete, onde tudo é feito de papel, inclusive as pessoas. Não de uma maneira cartunesca como em Paper Mario, mas como sendo uma maquete profissional, daquelas feitas por escritórios (sérios) de arquitetura. Honestamente, me senti até chique jogando.
O jogo te dá duas opções básicas de iniciar: com um cenário livre ou em um dos predefinidos. O jogo livre, como o nome diz, te joga no mundo, tira sua coleira e grita “VAI!”. Os cenários predefinidos são, na minha opinião, mais divertidos, porque te dão um direcionamento. Missões. Um caminho a se seguir.
Vale colocar parênteses aqui para dizer que não gosto de jogos completamente abertos e sem um objetivo claro, como Minecraft. Não que o modo de jogo livre tenha falhas em relação a isso ou algo do tipo, é só uma questão pessoal.
Os DLCs trazem grandes adições aos cenários. Contando que temos, no lançamento desta edição, DLCs de Las Vegas, Berlin, Londres, Miami e Tokyo. Cada um deles traz, além das novidades nas opções de jogabilidade, nos dá a possibilidade de vivenciar momentos importantes da história humana.
Cada cenário possui três objetivos a serem completados.Por exemplo, temos a opção de construir e gerenciar um casino de Las Vegas para se tornar um dos grandes, tal qual o Bellagio ou o Caesars Palace. Podemos também crescer um edifício durante a década de 1930, enfrentando a grande depressão. Ou até enfrentar as limitações de uma Berlim dividida pela Guerra Fria.
Grande parte da sua receita em seu edifício vem dos aluguéis cobrados, sejam eles das lojas, restaurantes, escritórios ou residências lá presentes. Graças a quem quer que seja (no caso, os desenvolvedores) não precisamos passar de porta em porta cobrando os inquilinos tal qual um Senhor Barriga do século 21.
E você acaba por se tornar o maior gerente de pessoas do Universo para conseguir gerenciar todas as necessidades dos inquilinos com suas reclamações, chiliques, palpites e mudanças quase que abruptas. Project Highrise tem uma coleção de indicadores analíticos, como barulho, sujeira e estética, que são absolutamente essenciais para alocá-los na melhor combinação.
Na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê
O grande diferencial de Project Highrise é o grau de complexidade de infraestrutura com que você precisa se preocupar. Cada uma das edificações te obriga a ter algumas coisinhas, por exemplo: um tipo de apartamento básico precisa ter conexões de eletricidade e estar em um andar mais alto. Caso você prefira instalar um apartamento um pouco mais complexo, já há a necessidade de colocar, além da linha elétrica, a telefônica e de água. Mas também existe o apartamento luxuoso, que exige tudo isso e também encanamento a gás.
É claro que não se instala isso do nada. Você vai precisar pagar bem caro para construir uma área do prédio para receber isso, como uma caixa d’água, transformadores de energia ou equivalentes para telefonia, televisão, gás e mantenedores de temperatura. E respectivos transmissores para cada andar. E os canos e cabos. E é óbvio que todos esses malditos ainda tem um custo diário de funcionamento. Adianto que esses gastos de manutenção são os maiores vilões da manutenção predial.
Além de tudo isso, os DLCs nos aproximam mais da realidade, trazendo mais de 20 novas lojas, tipos diferentes de elevadores, a possibilidade de abrir um casino, decorações estilo 1980 como em Scarface. Imagine só você poder escolher qual das cantoras que estão na crista da onda (estou realmente estourando a boca do balão com essas gírias) vão se apresentar no seu teatro.
O grau de liberdade para ampliar seu prédio para todas as direções (desde que 2D) chega a um ponto absurdo. Vendo imagens de outras pessoas jogando, percebi que ainda me mantenho muito mais próximo de uma mentalidade funcional que decorativa. Criei blocos monumentais e absolutamente retangulares para aproveitar o máximo possível de espaço para receber vários dinheiros.
Fui observando as obras grandiosas que os outros jogadores andavam fazendo. Pirâmides, dois ou três prédios que se uniam por pontes. umas coisinhas admiráveis, devo admitir. Fiquei intimidado? Fiquei. Mas também bastante confuso sobre como a infraestrutura de encanamentos daquilo estaria funcionando…
O único ponto de incômodo que tenho com Project Highrise é o fato de que ele não auxilia muito nos passos a se seguir para conseguir algo. Tratemos de um exemplo claro: para poder locar um escritório médio para uma empresa de advocacia é necessário ter um certo nível de prestígio, linhas elétricas, de telefone, estar em andares elevados, longe de áreas barulhentas e ter uma variedade de restaurantes médios e cafés. Certo. O que seria uma maldita variedade de restaurantes médios? Um, dois, três, quatrocentos e trinta e oito? Nunca saberemos.
Por fim, Project Highrise não é um jogo de simulação simples, apesar de poder aparentar isso. Aliás, no seu gênero, é o único que eu consegui manter uma situação estável a médio e longo prazos. Ele pode variar de estressante a relaxante em poucos segundos de diferença, majoritariamente estando do lado relaxante. Muito agradável, bem feito e divertido, ainda mais se você conseguir lidar com uma liberdade além do necessário.