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A Nintendo mal se recuperou do lançamento bombástico de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom e já está com outro jogaço nas mãos. Pikmin 4 obviamente não gerou a mesma comoção de Zelda, afinal é um título mega nichado e que pouquíssimos tiveram a oportunidade de se aventurar no passado. Isso está prestes a mudar, pois a Big N já se mostrou bastante comprometida em fazer desta uma das suas principais franquias daqui para frente.

Sou fã de Pikmin há um bom tempo e já esperava que a quarta entrada da série mantivesse o padrão de qualidade dos anteriores, mas ainda assim fui surpreendido. Este jogo é a definição de “feito com amor”. Ele conseguiu melhorar cada detalhezinho da trilogia original e elevar essa experiência maluca de RTS com aventura a outro patamar. Pikmin 4 é muito melhor do que qualquer um de nós poderia imaginar!

Ao resgate!

Este novo jogo tenta misturar os principais elementos de tudo que vimos nos outros três, inclusive em termos de enredo. A Nintendo claramente tentou fazer de Pikmin 4 um novo ponto de partida para novatos na série, tirando a “obrigação” de jogar os anteriores. Se você nunca jogou Pikmin (o que é um pecado, tendo todos os três disponíveis no Switch), agora é a hora! Pode começar pelo quarto título sem medo!

O maior dos tesouros

Tudo tem início quando o azarado Capitão Olimar sofre outro acidente espacial e cai em um planeta desconhecido. Utilizando seus últimos recursos, ele envia um pedido de socorro que é recebido por uma nave da Brigada de Resgate, viajantes especializados em salvar pessoas pela galáxia. O problema é que eles também sofrem um acidente ao tentar desembarcar no planeta, então uma simples tarefa se transforma em uma missão de sobrevivência para todos.

É aqui que entra o novo protagonista da vez: você! Pela primeira vez, poderemos criar nosso personagem, um recruta novato da Brigada de Resgate. As opções de customização são bem limitadas, mas como todos os bonequinhos aqui são cabeçudos e extremamente caricatos, não tem problema. Só o fato de podermos customizar um astronauta como bem entendermos já é muito legal.

É muita beleza para um jogo só!

Ao lado do nosso fiel companheiro Otchin, um cão alienígena, teremos que adentrar o planeta e encontrar não só o Capitão Olimar, mas também todos os integrantes da Brigada de Resgate, diversos exploradores que também encalharam por lá e, é claro, coletar um montão de tesouros no caminho. Seguindo um estilo de progresso semelhante ao visto em Pokémon Scarlet & Violet e o próprio Zelda, o avanço não é linear e você pode fazer tudo na ordem que desejar – ou quase tudo, já que alguns objetivos só podem ser concluídos no pós-game.

Um mundo a ser descoberto

A estrutura de Pikmin 4 não se distancia muito dos demais, mas o jogo está repleto de novidades que fazem este parecer algo quase que inteiramente novo. A começar pela câmera, que não adota mais a posição isométrica e agora acompanha o personagem mais de pertinho, como se fosse um jogo de aventura em terceira pessoa mais tradicional. Assumo que gostei muito dessa mudança, principalmente porque dá mais oportunidades de apreciar toda a beleza visual do jogo.

Antes de mais nada, preciso enfatizar que este já é um dos jogos mais bonitos do Switch, entrando no pódio ao lado de Luigi’s Mansion 3 e Super Mario Odyssey. Todos os mapas se passam em lugares comuns do nosso mundo, porém com um tamanho colossal (afinal, as criaturas aqui são minúsculas). Os cenários e os tesouros que coletamos são infinitas vezes mais detalhados que os pikmin e os personagens do jogo, então é uma mistura muito maluca de coisas realistas com bonequinhos fofinhos.

O nome desse tesouro na versão em inglês é hilário

Uma das novidades é a nossa base, que na verdade é o local onde a nave da Brigada caiu. Aqui você pode comprar upgrades para seu recruta ou para o Otchin, além de interagir com todos os exploradores que resgatou e até fazer alguns pikmin antes de partir para a ação. Esses NPCs também oferecem algumas sidequests bem simples, que servem apenas para farmar mais minérios, que são bem importantes neste jogo. A boa notícia é que todas elas são realizadas naturalmente, então você nem precisa se preocupar com as missões secundárias.

O foco de Pikmin 4 continua recaindo totalmente na exploração. O jogo instiga o jogador a desbravar cada cantinho do mapa em busca de tesouros e cavernas. Os mapas se dividem em regiões, cada uma com seu próprio bioma e conjunto de inimigos. Além disso, este título também presta uma bela homenagem a Pikmin 2 (o preferido de muitos, inclusive o meu), resgatando alguns dos seus principais elementos.

Essa dungeon é desesperadora!

Além do grande destaque nos tesouros, o jogo também trouxe de volta as dungeons no subsolo, que seguem funcionando da mesma forma que no segundo. Cada uma é dividida em uma quantidade específica de níveis (geralmente com um chefe no final) e estão repletas de itens valiosos. Devo dizer que continua sendo extremamente viciante caçar tesouros em Pikmin, especialmente neste aqui, que está cheio de objetos detalhados e relacionados ao universo Nintendo.

Exército completo

Já se tratando das novidades nas mecânicas e jogabilidade, não podemos dizer que existem muitas coisas inéditas em relação à trilogia, mas não dá para negar que houve uma grande evolução. O foco continua sendo o mesmo: controlar um exército de pikmin para explorar, carregar seus itens e derrotar inimigos. Porém, pela primeira vez teremos todas as variações de bichinhos reunidos! Além das espécies novas do 4, ainda contaremos com os roxos e os brancos do 2, além dos rosas e das pedras do 3.

A maior e melhor novidade de Pikmin 4 em termos de jogabilidade é o cão Otchin. Esse cachorro é muito mais que um assistente, porque ele faz uma diferença absurda. Otchin funciona como um pikmin adicional, porém capaz de fazer de tudo. Além de carregar objetos, ele também ataca inimigos, destrói obstáculos, pode ser controlado manualmente e até comandar seus próprios pikmin!

Otchin claramente foi um dos artifícios utilizados para tornar este jogo mais fácil. Uma coisa que pode desagradar um pouco os fãs das antigas é que Pikmin 4 está muito mais tranquilo que os demais, em termos de dificuldade. Nem mesmo as dungeons oferecem um desafio mais tenso, como era no segundo, então acho que ficou bem óbvio que o objetivo aqui é ser mais acessível e atrair um público maior.

As batalhas e desafios Dandori resgatam os modos alternativos dos anteriores

Toda a parte de exploração e coleta de tesouros de Pikmin 4 é extremamente relaxante, mas carece de desafios. Os momentos mais difíceis do jogo ficam a cargo das chamadas batalhas Dandori, uma adaptação do multiplayer dos outros títulos. A diferença é que aqui você enfrenta a máquina e os confrontos fazem parte da campanha, então alguns deles são obrigatórios na história. Apenas os últimos são mais complicados, mas no geral continua sendo fácil.

Outra novidade que também é razoavelmente desafiadora são as explorações noturnas, algo inédito na franquia. Ainda precisamos fugir para a base antes do sol se pôr, mas também existem momentos em que sairemos para explorar de noite, ao lado de pikmin especiais. Ao invés de caçar tesouros e sobreviventes, o objetivo muda para defender uma torre com seiva, transformando o jogo em um tower defense. Não eram os meus momentos preferidos, mas ainda é legalzinho.

O jogo ainda conta com um multiplayer bem tosquinho, que claramente foi enfiado ali no improviso, apenas para dizer que dá para jogar de dois. Enquanto um jogador controla o recruta, o outro pode apenas atirar projéteis nos inimigos, então definitivamente não é o co-op que a gente queria. Ainda assim, não tira o brilho do game, já que é um título claramente pensado para ser aproveitado em singleplayer.

De noite, o jogo vira um tower defense

No geral, Pikmin 4 tem mais de 30 horas de conteúdo, já considerando o pós-game (que acrescenta bastante coisa para jogar, diga-se de passagem). Fiz tudinho e assumo que não enjoei, mesmo tendo o dobro do tamanho dos outros jogos. Além do mais, é o primeiro jogo da Nintendo com muito texto que está 100% localizado em português – e a tradução está excelente! Nossas preces finalmente estão sendo atendidas e isso certamente será um ponto decisivo para popularizar a franquia no Brasil.

Definitivamente, Pikmin 4 é o melhor de todos e a oportunidade perfeita para qualquer um se afundar na série. O nível de qualidade é tão alto que os outros três até deixam de ser obrigatórios. Se você tem interesse em conhecer uma das obras mais queridas de Shigeru Miyamoto, faça um favor a si mesmo e jogue este jogo!