Review – Metal Eden

Desde o fantástico retorno que a série DOOM teve em 2016, era de se esperar que diversos jogos emulassem seu novo e repaginado estilo. Prodeus e Metal: Hellsinger são alguns dos que vêm à cabeça quando pensamos em jogos que optaram por este caminho, mas agora, em 2025, um novo título chega com uma temática semelhante e um foco ainda maior na velocidade: este é Metal Eden.

Desenvolvido pela Reikon Games e distribuído pela Deep Silver, Metal Eden coloca o jogador no controle de uma unidade de combate androide superdesenvolvida na futurista estação espacial Mobius. O local, idealizado para ser a nova morada da raça humana, foi transformado em uma prisão para as inúmeras consciências presas nos módulos onde habitam. Resta a Aska, controlada pelo jogador, libertar o que resta da humanidade de um inferno virtual.

A porta do “paraíso”

Metal Eden conta uma história futurista onde a humanidade alçou voo, partindo de nosso planeta natal rumo às estrelas. Na órbita do planeta Vulcan, foi criada a estação espacial que deveria ser o novo lar da raça humana. Para suportarem a viagem, a humanidade criou a tecnologia chamada CORE, onde a consciência de uma pessoa era implantada em pequenos núcleos computacionais, dando início à chamada “era da população portátil”.

Após parte da humanidade ser transplantada para os COREs, os líderes desta nova ordem, chamados de Engenheiros, acabaram se embriagando com o poder que tinham sobre a população. Comportando-se como deuses vaidosos e coléricos, aprisionaram a humanidade em seus pequenos núcleos, enquanto desfrutam da cidade. O projeto Éden é considerado um fracasso e acaba sendo engavetado, deixando as pessoas que foram para Mobius presas.

Nesta cidade, nossa protagonista desperta por intermédio de uma entidade chamada Nexus. A unidade Hyper Aska é uma androide de combate extremamente poderosa e capaz de manipular os COREs de inimigos como armas. Munida apenas de um rifle automático no começo, Aska irá guerrear contra os Engenheiros para libertar as pessoas aprisionadas nesta falsa cidade prometida e revelar os segredos por trás de sua própria existência.

Metal Eden apresenta uma aventura rápida e cheia de adrenalina, onde Aska deixa de ser apenas uma androide de combate e passa a ser uma verdadeira ameaça para os Engenheiros. Isso se deve não apenas ao seu vasto arsenal ou à capacidade de utilizar os COREs inimigos como armas, mas também ao fato de que os chamados APEX COREs, dos guardiões da cidade, podem ser absorvidos por ela.

Menos visceral, mais veloz

Metal Eden difere bastante de sua fonte inspiradora por ter um foco maior em velocidade e um fluxo de combate mais agitado. Aska começa apenas com o rifle de munição infinita, que rapidamente sobreaquece, forçando o jogador a utilizar ataques físicos ou roubar os núcleos inimigos para se fortalecer. Com o passar dos níveis, novas armas e habilidades são desbloqueadas.

A primeira arma obtida é um revólver de alto calibre, seguida por uma shotgun, um rifle de plasma que destrói armaduras, um fuzil, um lança-granadas e uma segunda arma de energia. O grande diferencial é que estas armas podem ser melhoradas ao longo do jogo usando a moeda “Dust”. Cada arma possui dois tipos de upgrades diferentes, tornando cada gameplay unicamente distinta.

Em Metal Eden, os jogadores irão enfrentar diferentes tipos de inimigos, com e sem armadura, sendo que esta concede uma sobrevida àqueles que a possuem. Armas de energia são ótimas para lidar com eles, mas como raramente estão sozinhos, os upgrades são essenciais. O rifle de plasma, por exemplo, pode ter uma onda congelante para controle de multidões, enquanto a shotgun pode disparar até três cartuchos seguidos, criando combinações variadas.

Mais para frente, Aska se inspira em outra famosa heroína espacial, podendo se transformar em uma esfera capaz de atravessar terrenos difíceis e disparar raios ou mísseis. O sistema de combate é bem instintivo e divertido, o que com certeza irá agradar tanto aos fãs de DOOM quanto aos jogadores em geral.

O destino do peão

O grande objetivo em Metal Eden é seguir as instruções de Nexus, um misterioso “liberador” responsável por libertar Aska de sua programação e revelar a ela as verdades mantidas em segredo pelos Engenheiros sobre Mobius. Nexus guia o jogador pelas salas repletas de inimigos da cidade e câmaras guardadas por poderosos e estranhos robôs aracnídeos que protegem os locais onde residem os guardiões, locais onde Aska absorve os chamados Apex Core’s.

Eles são a chave para o objetivo final de Nexus nessa jornada, uma chave para um fim maior, porém não se engane, não há “heróis” por assim dizer neste mundo. Metal Eden é uma incrível e sólida visão de como o lucro e poder podem alterar uma ideia e tecnologias feitas para o bem comum, afim de agradar alguns investidores ou forrar o bolso de outros.

O projeto Eden no jogo acaba sendo abandonado na história e os Engenheiros colhem os resultados de viver em um paraíso futurista, onde apenas eles desfrutam e vivem, ainda que tenham se tornado formas de vida grotescas, humanos deformados seja pela viagem espacial ou pela adaptação ao novo ambiente. Vivendo em cápsulas e ligados diretamente ao main frame do sistema de Moebius, um Eden vazio onde as serpentes reinam.

Nexus não irá pensar 2 vezes em sacrificar também Aska ou exigir dela sacrifícios extenuantes para completar seus planos, Aska não passa de uma moeda de troca e um espantalho o qual ele possa controlar. No entanto com o passar do tempo a própria protagonista de Metal Eden pode surpreender a todos, afinal de contas até mesmo um simples peão pode superar o rei em uma partida de Xadrez.

Mecânicas e suas novidades

O grande diferencial de Metal Eden é sua mecânica central: os COREs. Cada núcleo contém essencialmente uma pessoa, forçada a habitar as máquinas que enfrentamos. Embora seja possível vencer os combates sem usar a habilidade de Aska de extrair um CORE, utilizá-lo como bomba ou como uma bateria auxiliar para si mesma é o caminho mais eficaz.

Ao arremessar um CORE, ele simplesmente explode nos inimigos. Porém, ao consumi-lo, Aska se torna ainda mais rápida e forte por um curto período. Usando a esquiva, o jogador se torna um alvo difícil e ainda pode descarregar toda a energia em excesso em um único e poderoso golpe, capaz de destruir quase todas as armaduras do jogo.

A extração, o lançamento e o consumo dos COREs podem ser aprimorados na tela de habilidades. Após certas lutas, o jogador pode hackear um cofre de núcleos e melhorar Aska com novas capacidades, que vão desde mais munição e melhor uso de armas até bullet time e manipulação avançada de COREs.

Assim como as armas, Aska também pode ser aprimorada de formas distintas, o que garante diferentes gameplays a cada vez que o jogador resolver visitar Mobius. Claro, os inimigos podem ser repetitivos e certas áreas de combate podem causar um softlock na movimentação, mas esses poucos problemas não mancham o brilho da obra.

Uma máquina bem lubrificada

Inicialmente, acreditei que meu processador não fosse dar conta do jogo em suas configurações mais altas, porém Metal Eden não decepcionou. Mesmo em salas lotadas de inimigos, não houve queda significativa de frames ou travamentos. O jogo roda lindamente, seja em combate, na exploração ou durante o parkour pelas plataformas de Mobius.

O estilo visual, que a princípio parecia um clichê do gênero (cidade espacial, robô feminina genérica, armas futuristas), me surpreendeu com uma direção de arte fantástica e cutscenes extremamente bem elaboradas. Em certos momentos, a estética me lembrou até mesmo do clássico Ghost in the Shell e das tecnologias utilizadas por Motoko.

A trilha sonora não é tão marcante quanto a de DOOM, mas é competente e cumpre o que se espera para um jogo do gênero. Isso é um pouco decepcionante, já que RUINER, outro jogo da mesma empresa, tem uma trilha sonora visceral e agitada que transforma os combates em um verdadeiro show de ultraviolência.

Metal Eden é uma excelente pedida para aqueles que ficaram com um paladar de “quero mais” após DOOM: Dark Ages, ou para quem apenas busca um FPS rápido e divertido. Diferente do projeto Éden do jogo, Metal Eden é um projeto de sucesso. Vale muito a pena entregar-se a este mundo de COREs e engenheiros corruptos que buscam dominar uma população presa na tecnologia que prometia salvá-los.