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Se tem um jogo que entrei sem saber do que se tratava, esse jogo é Indika. O que me chamou a atenção, inicialmente, foi seus requisitos de sistema para PC um tanto altos para um jogo que não aparentava entregar tudo isso pelos trailers. Encarei a experiência e devo dizer que ela foi um tanto estranha, é um jogo que surpreende de algumas formas, com uma história que o prende, mas que termina sem dizer muita coisa e cedo demais. Eu explico.

O jogo conta a história de Indika, a freira protagonista que dá nome ao jogo, em sua jornada de descobrimento de seu interior, que a leva a questionar sua fé, a forma como as coisas acontecem ao seu redor, na companhia de nada menos que o próprio capiroto, que é também o narrador da história. O jogo começa com a moça cumprindo algumas tarefas básicas dentro do convento, sendo menosprezada e mal tratada por outras freiras do local por ela ser diferente.

Uma narrativa interpretativa

Esse diferente tem a ver com o fato da protagonista ter visões além da imaginação, além de escutar coisas, o que faz com que ela se comporte inadequadamente para esse estilo de vida. Isso fica bem claro nos primeiros minutos do jogo. Sua aventura começa mesmo quando ela precisa levar uma carta para fora das muralhas do convento de uma Rússia alternativa do fim do século 19, muito provavelmente no inverno, já que tudo está coberto de neve. Ou seja, espere por um jogo quase que completamente preto e branco.

Durante o trajeto, o diabo narra a jornada, relatando também o que está no íntimo da freira, e em alguns momentos, Indika até interage com a voz. Avançando um pouco, ela conhece as primeiras pessoas em uma situação um tanto estranha, até se encontrar com Ilya, um homem bastante machucado que está fugindo. Do quê? Isso não fica claro. Os dois seguem a jornada juntos com bastante diálogos envolvendo a vida e a religião.

Indika é um jogo estranho, mas mesmo em toda sua estranheza, consegue ser original.

Toda a aventura é muito esquisita. Não demora muito para você perceber que os acontecimentos não são naturais, ou realistas. Basta olhar envolta, os locais por onde passa, as poucas pessoas que passam pelo caminho da freira. Tudo é muito estranho, o que deixa a jornada mais interessante.

Indika

Indika tem gameplay variado para um jogo curto

Isso nos leva aos elementos de gameplay. Ao ver somente um trailer do jogo, eu achava que o game seria aquilo, me levando a crer que se tratava de um “walking simulator” feito na Unreal Engine 5. Mas, não, tinha mais coisas. Surpreendentemente, fui levado a era dos 16-bit e o jogo se tornara pixelado. Do nada! Bem, esses momentos acontecem para retratar sobre o passado da moça.

Inclusive, já existe um indício disso já antes de começar o jogo. O menu inicial parece de um título indie pixelado, algo que me chamou a atenção e até me deixou confuso pensando: “ué, cadê os gráficos realistas? O jogo não é assim?”. Especialmente depois que o primeiro momento do jogo é no estilo dos jogos de SNES. Cada lembrança traz um gameplay diferente, algo que achei original.

Tirando isso, Indika anda (muito, mas é possível correr também), pilota uma moto (?), arrasta objetos, escala coisas e ora. Suas orações estão atreladas a momentos de progresso por ambientes estilo quebra-cabeça. Ah, o jogo tem alguns desses. E são até variados, eu diria. O puzzle dos elevadores tomou um pouquinho do meu tempo, viu!

Indika

Indika meio que sobe de nível também. Essa, na verdade, é uma parte que não entendi muito bem. Ela vai ganhando pontos conforme acontecem algumas interações, passa pelas lembranças em 16-bit e avançando pelo jogo. É possível gastar esses pontos em uma espécie de árvore de habilidades com caminhos diferentes. Os nomes das skills são coisas como culpa, desonra, remorso, arrependimento, entre outros. Mas, sinceramente, não consegui entender o propósito disso, já que parece não mudar nada no jogo.

Bonito e bem otimizado

Como disse, o jogo é feito em Unreal Engine 5 e diferente dos primeiros jogos que foram lançados com esse motor gráfico, como Lords of the Fallen, Remnant 2, entre outros, Indika até chegou otimizado. Eu diria que os problemas que encontrei são da própria engine da Epic Games, como stutters ao entrar em novas áreas ou quando novos efeitos acontecem. Então, caso jogue no PC, tenha em mente que o jogo não é exigente como fazem parecer os requisitos de sistema.

O game é bonito. Apesar de ser de um estúdio indie, dá até para chamá-lo de um jogo AA, mas não tão bem desenvolvido quanto A Plague Tale: Requiem ou Banishers: Ghosts of New Eden, mas entrega um bom resultado visual. As capturas de movimento e facial são boas, as atuações são até convincentes. O jogo se passa, em grande parte, em território nevado, mas infelizmente não existe aquele efeito de distorção de terreno, nem mesmo pegadas.

Indika

O problema mesmo de Indika é sua duração. Eu não esperava, de jeito nenhum, terminá-lo em 5 horas (e olha que empaquei em algumas partes). A forma como o jogo também termina é muito abrupta, não existe um desfecho. Mas, nesse quesito, acredito que tem a ver com a intencionalidade dos desenvolvedores do estúdio russo Odd Meter em deixar a história em aberto para interpretações variadas. Não existe previsão de preço até o momento desta publicação, mas se passar de R$ 100, eu não recomendaria por conta de sua duração.

Indika é um jogo estranho, mas mesmo em toda sua estranheza, consegue ser original, de certa forma. Não inova em nada, não reinventa a roda, mas tem personalidade. Eu acredito que será um jogo que vai deixar alguma marca entre os títulos de 2024, qualquer que seja.

83 %


Prós:

🔺 História intrigante
🔺 Variedade de gameplay
🔺 Belos gráficos
🔺 Esquisito, mas no bom sentido

Contras:

🔻Sistema de nível sem propósito
🔻 Muito curto

Ficha Técnica:

Lançamento: 02/05/2024
Desenvolvedora: Odd Meter
Distribuidora: 11 bit studios
Plataformas: PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S
Testado no: PC