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Se a primeira impressão é a que fica, eu acredito que poucos jogos fazem jus ao seu nome mais do que Genetic Disaster, ou, como apelidei mentalmente, “Generic Disaster”. Prejudicado por mecânicas falhas, bugs e falta de personalidade, o título twin stick da Team8 Studio foi subindo no meu conceito quanto mais eu insistia em explorá-lo, embora nunca tenha atingido todo o seu potencial.

No controle de até quatro personagens diferentes, o jogador e seus amigos locais ou online precisam atravessar 10 níveis gerados proceduralmente, evoluindo a conta-gotas suas armas e habilidades ao sabor do acaso e com a ameaça perene do permadeath sobre sua cabeça até atingir… qual é o objetivo mesmo?

Deu ruim

Genetic Disaster foi lançado no Steam em dezembro do ano passado, claramente inacabado e, sinceramente, ainda está. Até semana passada, havia literalmente um ícone de “construção” ao lado dos botões Multiplayer e Options. Seis meses sem poder mexer em qualquer configuração do jogo é, no mínimo, sinal de amadorismo. Mas a Team8 Studio lançou uma correção durante o período de testes que removeu o botão Multiplayer, com ícone de construção e tudo, e habilitou as opções. Ainda assim, não há muito o que fazer na tela de Options: configurar a resolução, o volume do áudio e pouco mais. Não espere alterar os controles por aqui.

Imagem do jogo Genetic Disaster
Chamei meu filho para as partidas locais, mas ele não curtiu muito não…

A mesma correção quebrou a tela de escolha de personagem para o Jogador 1: clicar nas setas de seleção não faz nada. A menos que haja um segundo jogador, nesse caso, as setas de seleção do Jogador 1 trocam o personagem do Jogador 2! Felizmente, as setas do teclado conseguem efetuar a troca de personagem do Jogador 1 normalmente.

Então, o jogo tem multiplayer? Sim, mas não como você espera. Jamais saberemos a função do botão Multiplayer que foi removido, mas você pode jogar localmente com seus amigos, se cada um trouxer seu controle. O jogo até mesmo se adapta à quantidade de personagens, aumentando a dificuldade com mais inimigos em cada nível e oferecendo o número certo de bônus de armas e habilidades para ninguém ficar de mãos vazias.

Entretanto, para quem deseja jogar com desconhecidos pela internet, não há a menor possibilidade. Não há servidores ou matchmaking algum. Para jogar online você precisa selecionar um jogador da sua lista de amigos do Steam e convidá-lo para uma partida (desde que ele também possua o jogo). Na ausência de amigos com Genetic Disaster instalado, não pude avaliar se o sistema funciona ou sofre de problemas.

Imagem do jogo Genetic Disaster
As crônicas de gelo e fogo?

Jogando dados com o azar

Superados esses obstáculos, o que sobra? Randomicidade injusta. É uma ameaça que assombra todos os roguelites desde sempre e não é qualquer desenvolvedor que consegue superar isso. Considerando que Genetic Disaster não possui um seletor de dificuldade, o cenário apenas se agrava e é óbvio que o título será extremamente desafiador para alguns e muito fácil para outros, o resultado nem sempre determinado pela habilidade do jogador.

Embora haja pouca variação no layout dos níveis e não há muito o que possa mudar para afetar a partida, a distribuição de itens é uma roleta. Uma roleta-russa, que fique claro. Com 65 armas diferentes, há aquelas que são perfeitas para seu estilo de jogar, há aquelas para as quais você precisa se adaptar e existem aquelas que você não desejaria nem para seu pior inimigo. Somando a isso a tabela de coisas que os inimigos largam no cenário, você se verá frequentemente com mais munição do que precisa, mas sem aquela cura que faria a diferença entre a vida e o fim de jogo. Juntando moedas, também é possível comprar itens em determinadas salas, mas o preço é estratosférico.

Imagem do jogo Genetic Disaster
Decisões importantes!

Sem o recurso de salvar o jogo a cada nível superado, é tudo ou nada a cada partida. Se utilizar as habilidades dos seus personagens corretamente e as estrelas se alinharem (leia-se armas certas nas horas certas e um loot amigo), em duas horas você fecha Genetic Disaster. O mais provável, é claro, são os dados não caindo para você e a tela de fim de jogo aparecer.

Qual é a minha motivação?

O cerne de um twin stick shooter é a adrenalina, um olho na bala que vem e outro olho na bala que vai. Nesse ponto, Genetic Disaster não decepciona nem buga. Mas a Team8 Studio fracassa ao não ir além disso, embora esteja com as ferramentas na mão. Os cenários são bonitos, os personagens são simpáticos (um deles é uma galinha robótica com a habilidade de… fugir!), muitas armas tem uma boa pegada (nem todas, vale repetir).

Imagem do jogo Genetic Disaster
Chumbo grosso!

Apesar de tudo isso, Genetic Disaster não tem uma personalidade para chamar de sua. São bichos fofinhos encarando ameaças robóticas em uma mansão. Mais genérico do que isso seria difícil e, ainda que eu me esforçasse para me conectar com seu mundo, não sentia o mesmo esforço por parte da desenvolvedora.

Não há história, não há diálogos, não há contexto. Um estranho macaco cientista me encara em todas as telas de fim de jogo… Seria ele o responsável por tudo isso? Seria ele o gênio do mal que causou os “desastres genéticos” do título? Por quê? Não sei, não importa, veja como sua mansão é maneira e desvia das balas aí, amigo! Dropou uma arma aqui! É ruim? Sinto muito, mais sorte da próxima vez.

Imagem do jogo Genetic Disaster
Tartaruga tem que ter um poder de proteção, é ÓBVIO!

Nem mesmo as habilidades individuais de cada personagem alteram essa sensação de mesmice. Poderes que acrescentam uma fração de segundo de frescor, para precisarem ser carregados novamente, terminam como só mais uma janela para o potencial que Genetic Disaster tinha e não aproveitou.

Disparando mais uma partida para tentar a sorte e para dançar a dança das balas voando, percebo que o título escapa do desastre, ainda que por milímetros, mas lamentavelmente não escapa de ser genérico.

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