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Frogun é aquele tipo de indie que aparenta não ser nada demais e, de fato, ele realmente não é! Porém, mesmo já tendo isso em mente, eu fiquei louco para jogar quando vi os primeiros trailers, justamente por causa da sua simplicidade. O jogo busca reviver os adventures que marcaram época na era PS1 e Nintendo 64, não só no estilo, mas também no visual. É aquele tipo de game que joga sujo e ataca diretamente a nossa nostalgia, então dificilmente quem viveu o fim dos anos 90 e o começo dos anos 2000 vai resistir à essa belezinha.

No geral, o jogo consegue ser bem divertido e é fiel até demais à experiência que os títulos do gênero costumavam proporcionar. Isso é bom e ruim, pois por mais que os gráficos sejam fofos e tudo esbanje aquele climinha familiar de jogo antigo, ele também conta com todas as limitações que seus semelhantes possuíam, algo que acaba não sendo muito legal nos dias de hoje. Vamos combinar, muitos games que a gente jogou na infância se tornaram injogáveis, em termos de jogabilidade, justamente porque os videogames evoluíram a tal ponto que fica difícil regredir tanto assim. Frogun quer ser antigo em tudo, mas têm coisas que a gente não precisa resgatar.

As aventuras de Renata

Só para ficar claro, o foco do jogo está longe de ser a história, então o enredo aqui é super bobo e existe só para contextualizar aquilo tudo. Aqui assumimos o controle de Renata (essa é a primeira vez que vejo esse nome em um jogo, é realmente um marco), uma garotinha que é filha de um casal de arqueologistas famosos. Em um belo dia de exploração de ruínas, seus pais desaparecem e ela decide partir ao resgate por conta própria, armada apenas de uma invenção muito maluca chamada Frogun – uma espécie de arma que simula um sapo e possui uma língua bem grande, podendo grudar nas coisas e alcançar lugares distantes.

Frogun
Lambidinha amigável

O jogo é dividido em pequenas fases e todas elas giram em torno da mesma proposta: você deve usar o Frogun para superar diversos desafios de plataforma. Só é necessário dois botões para jogar, um pula e o outro dispara a língua do sapo, então é desse nível de simplicidade que estamos falando. Todas as fases se passam em grandes abismos que te forçam a ficar pulando o tempo inteiro e, é claro, cada uma possui uma série de objetivos opcionais para fazer, dentre eles coletar todas as moedas, joias preciosas e outras coisinhas escondidas. Se você fizer tudo, vai ganhar um brasão completinho no final, mas já adianto: não existe nenhuma recompensa além de se sentir orgulhoso, então não vale a pena correr atrás dessas coisas.

Não dá para negar que o jogo é bem divertido e a mecânica de utilizar sua arma de sapo para grudar nas coisas não é nada demais, mas é eficaz. Esse simples ato já nos colocará em uma diversidade impressionante de desafios ao longo de cinco mundos diferentes. Contudo, nem tudo são rosas; o começo é sempre as mil maravilhas, mas conforme as coisas vão ficando mais difíceis, a frustração acaba tomando conta – e nem é por causa do grau de dificuldade, mas sim pela jogabilidade, que é tão retro que chega a irritar.

Limitações do passado

Primeiro problema: a movimentação da personagem. Ela é lenta por natureza e sua mobilidade é completamente travada, então você basicamente só consegue andar em linha reta, não tendo dinamismo algum nos movimentos. Segundo: o Frogun não é nada preciso. Por vezes é necessário ficar um tempão mexendo a personagem até que a mira atinja o ponto desejado, e o pior: é mais comum do que parece acertar o alvo e cair em um abismo logo em seguida. Em um jogo onde tudo gira em torno de plataformas, essa jogabilidade limitada acaba sendo bem frustrante.

Frogun
Tem até modo foto!

As fases também apresentam um leve problema de level design: a distância dos checkpoints. Aqui você precisa alcançar bandeiras para registrar seu progresso até ali, mas muitas vezes é preciso jogar um trecho considerável e o menor deslize vai jogar tudo que você fez fora. Os inimigos em si não são ameaça e você pode lidar com todos facilmente, mas em compensação, as quedas são nosso verdadeiro nêmesis. Graças aos problemas citados no parágrafo anterior, é muito fácil cair em qualquer buraco por bobeira e, se ainda não tiver alcançado um checkpoint, você volta do começo com todo o progresso zerado. Nessas horas a gente só respira fundo e procura um ou dois motivos para continuar jogando.

Para dar uma variada, cada mundo ainda possui uma fase de corrida e um chefe. As fases de corrida funcionam da mesma forma que as demais, com o diferencial de que você deve chegar até o final antes de um carinha xarope chamado Jake. Isso aqui lembra muito as corridas do primeiro Ape Escape, inclusive o nome do nosso rival é o mesmo nos dois jogos, então tenho quase certeza que é uma referência direta. O problema é que, em Frogun, além da dificuldade relacionada à mobilidade, Jake te causa dano! Você é praticamente obrigado a deixar ele disparar na frente só para evitar encostar nele, o que é meio ridículo se tratando de uma corrida, mas tudo bem. Em compensação, as batalhas contra os chefes são clichês, mas bem divertidas e satisfatórias no geral, sendo um bom respiro para as fases convencionais.

Frogun
A corrida mais tosca que você vai ver hoje

Os gráficos lembram bastante alguns jogos que marcaram época no PS1 e N64, como Megaman Legends, Ape Escape e Banjo-Kazooie. Todos os personagens aqui são quadradões e todos poligonais, mas ainda conseguem ser carismáticos ao seu próprio modo. A trilha musical também é bem animada e um tanto grudenta, mas achei que as músicas se repetem demais. Cada mundo possui seu próprio tema e ele toca em todas as fases daquele território, então a cada estágio novo você fica mais e mais enjoado daquela musiquinha frenética tocando em loop.

No geral, Frogun certamente é um bom jogo e consegue satisfazer dentro de sua simplicidade. Suas falhas são frustrantes e por vezes podem ser desanimadoras, mas ainda assim não tiram seu charme. É divertido, é nostálgico ao seu próprio modo e é injusto do jeitinho que os jogos antigos costumavam ser.

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