Review – Dog Man: Mission Impawsible

Inspirado no adorável universo das histórias em quadrinhos de Dav Pilkey, Dog Man: Mission Impawsible finalmente ganha uma adaptação para os games, trazendo uma nova aventura estrelada pelo policial canino e seu grupo de Superamigos mais irreverente da literatura infantojuvenil. Desenvolvido pela Floor 84 Studio e publicado pela Mindscape, o jogo promete capturar a essência caótica e divertida das HQs em um divertido plataforma.

Mesmo que sem as mensagens por trás das histórias e utilizando seus personagens como parte fundamental para essa comunicação com o público, o jogo utiliza a amizade entre o Homem-Cão, Pepezinho e o robô Formigão para explorar diversas ideias em um título que consegue reunir boas ideias dentro de uma proposta simples do seu gênero, seja como jogo ou HQ.

A cidade foi salva mais uma vez

Antes de os Superamigos surgirem, Dav Pilkey criava sua obra para tratar de temas sobre amizade, humanidade, paternidade e companheirismo. Nos quadrinhos, tudo começou quando o oficial Rocha e seu cachorro Greg sofrem um acidente, fazendo com que o único jeito de os dois sobreviverem fosse fundindo a cabeça do cão com o corpo do policial. Assim é que nasce o Homem-Cão, o melhor policial da cidade! A partir daí, depois de fazer com que Pepê, o gato mais malvado do mundo, torne-se um bom aliado e contando com seu filho, Pepezinho, Formigão, Molly e outros personagens desse universo, Dog Man: Mission Impawsible consegue proporcionar muitas horas de diversão e fanservice no combate contra o Porquinho e os Pulgas.

A simplicidade é a chave de tudo e o grande trunfo da Floor 84 Studio, pois enquanto o enredo mantém o humor pastelão e as reviravoltas são excêntricas, assim como fizeram das HQs um sucesso global, Dog Man: Mission Impawsible se destaca por combinar combina elementos de plataforma, sem exigir muito em combates (com o padrão de pancada na cabeça de inimigos), trazendo algumas seções de resolução de puzzles que exigem o uso das habilidades específicas de cada personagem.

Assumindo seus codinomes de Superamigos (Supa Buddies) o trio de heróis vai contar com equipamentos, conhecidos como Super Engenhocas (Supa Gadgets), para salvarem a cidade do grupo de super-vilões que roubou a chave e está libertando os criminosos aprisionados. O Homem-Cão consegue cavar e planar, enquanto Pepezinho usa suas garras para escalar paredes e 80-HD usa suas botas à jato e sua luva para empurrar caixas. Jogar com todos eles é simples e fácil, bastando X ou Y, quando no Switch, para alternar entre Cãovaleiro das Trevas, Supergatinho e Raiozão. Ao longo do jogo você vai encontrando mais desses equipamentos para incrementar a jogabilidade como, por exemplo, o uso de gancho.

Numa vibe muito parecida com Feliz The Cat, em que ao receber o quarto coração você se transforma em Super-Herói (sem ganhar superpoderes extras ou visuais diferentes), os personagens precisarão ir da esquerda para direita enquanto ultrapassam obstáculos enquanto coleta emblemas da polícia e ossos, além de encontrar Molly, a lesminha verde, para desbloquear cenas épicas com artes muito legais de Dav Pilkey. Mesmo sendo genérico na maioria do tempo durante as fases, os desenvolvedores conseguiram carregar o espírito da obra original e adicionar pequenos desafios para você alternar entre Homem-Cão, Pepezinho e Formigão.

A curva de aprendizado é boa o suficiente para você achar que Dog Man: Mission Impawsible, durante as primeiras fases, para começar a adicionar detalhes até você enfrentar o primeiro chefe. A partir desse ponto fica claro que a estrutura com cinco mundos e dez fases, com um cenário sendo uma espécie de bônus e trazendo um desafio maior, servem como preparação para as batalhas contra os chefes. Em sua maioria com confronto indireto, elas exigem que você explore o cenário e desvende como causar dano no inimigo, quase como mais um puzzle do jogo. Ainda que com a sensação de repetitividade, esse é um jogo que mira muito no público mais novo ou casuais, que tem as histórias em quadrinhos como principal conexão.

Carisma e bom humor são as bases do sucesso

Assim como na obra de Dav Pilkey, Dog Man: Mission Impawsible oferece diálogos divertidos, trocadilhos muito bem localizados para o português brasileiro e, claro, o mesmo estilo visual que as histórias em quadrinhos possuem. A escolha do estilo cel-shading, que tenta replicar as ilustrações simples e coloridas de Pilkey, funciona bem no geral, com personagens expressivos e cenários cheios de detalhes cômicos que remetem diretamente às páginas das HQs. Para quem é fã ou está conhecendo o trabalho desse artista através desse título, com certeza vai ser levado para um mundinho repleto de personalidade e muito autoral.

Desde a movimentação dos heróis, que exige certo tempo para se acostumar, à representação visual dos inimigos, com um mix de elementos da realidade em formas antropomorfizada, tudo parece ser estranho ao mesmo tempo em que mostra sua capacidade em conquistar pelo carisma e diversão. Impossível não se importar com os personagens e participar dessa jornada, controlando os Superamigos e superando até mesmo a dificuldade inferior ao normal.

O mesmo vale para a trilha sonora, que consegue agradar pelo seu estilo ao mesmo tempo em que pode ser repetitiva pela falta de variedade ao longo das 50 fases. Tudo é divertido e muito agradável de ser jogado, mas ao mesmo tempo em que acaba pecando pelo excesso de repetição e falta de novidades mais frequentes. Talvez não seja o jogo ideal para ser comprado com valor cheio, porém é uma excelente aquisição em promoções ou para quem tem crianças e que adoram animais.

A combinação de um humor mais ingênuo, narrativa ágil e elementos caricatos que conseguem capturar a essência de como as crianças enxergam o mundo, faz de Dog Man: Mission Impawsible um jogo que tenta replicar o sucesso da obra original, mas que não impacta como as histórias originais. No fim, este título chega para fechar o ano numa adaptação divertida e acessível que certamente agradará aos fãs e jogadores casuais (de todas as idades), mas que luta para alcançar a profundidade e criatividade que tornam as HQs de Dav Pilkey tão amadas.

Com gráficos vibrantes e uma jogabilidade simples, este é um título que vale a pena conferir, especialmente para introduzir os mais curiosos ao universo do Homem-Cão, mas consciente de que não é impawssível apostarem em melhorias e refinamentos para um próximo jogo.