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Cyberpunk 2077 protagonizou uma das maiores reviravoltas já vistas na indústria de videogames. Todo mundo aqui provavelmente se lembra bem do fiasco que foi o lançamento, que nos trouxe um jogo completamente quebrado e bem abaixo das expectativas – mas cá estamos nós, quase três anos depois deste evento, com um título totalmente diferente em mãos. A CD Projekt Red não desistiu e conseguiu transformar um fracasso iminente em um dos melhores games do momento!

O jogo já estava em sua melhor forma quando lançaram o patch next-gen no começo de 2022, mas é claro que podíamos ir além. Se você estava com saudade da violência e depravação de Night City, pode comemorar, pois agora temos um DLC riquíssimo em conteúdo e uma nova atualização, que transforma por completo toda a dinâmica do game. Phantom Liberty finalmente está entre nós e nunca houve um momento mais perfeito para se afundar nesta distopia.

Missão impossível

Phantom Liberty adiciona um novo distrito à Night City e uma história independente para explorarmos, então quem ainda não terminou a campanha principal nem precisa se preocupar. É possível iniciar os eventos do DLC quando bem entender, inclusive tendo até a possibilidade de jogar com um personagem pré-definido (assim como era possível nas expansões de The Witcher 3).

Dogtown é um pedacinho de Night City mais arruinado que de costume

Nesta expansão seremos apresentados à Dogtown, uma cidade improvisada nos arredores de um estádio de futebol americano em ruínas. Esse distrito é independente de Night City e foi dominado por uma milícia chamada BARGHEST, cujo líder Kurt Hansen se autodeclara “dono do pedaço”. Tudo começa quando V recebe uma misteriosa mensagem de uma trilha-rede conhecida como Songbird, pedindo auxílio em uma tarefa muito simples: salvar a vida da presidente dos Novos Estados Unidos da América.

É nesse contexto que V se mete em uma trama cheia de política e espionagem, além de ser apresentado a outro figurão: Solomon Reed, um dos agentes secretos do governo norte-americano. Reed é interpretado por ninguém menos que Idris Elba, então temos mais um rosto conhecido para fazer companhia ao Johnny Silverhand (vivido por Keanu Reeves, mas isso todo mundo já sabe).

Olha o homem aí!

A história de Phantom Liberty é intensa e nos coloca em posições muito complicadas, obrigando o jogador a tomar diversas decisões difíceis – todas interferindo no desenrolar da trama e no final que vamos tirar, como de costume. O único problema aqui é que o principal plot-twist do DLC acaba sendo entregue de mão beijada logo de cara, um detalhe que apenas quem já terminou a campanha principal vai perceber. Isso não tira o peso dos momentos mais emocionantes, mas com certeza vai deixar o clímax menos impactante.

Bem-vindo à Dogtown

As missões principais de Phantom Liberty rendem em média 10 horas de jogo, enquanto os eventos secundários podem estender para pouco mais de 20. É um tempo bastante satisfatório, principalmente se tratando de um DLC – mas não dava para esperar menos da CD Projekt Red, que já tem um histórico de expansões bastante ricas em conteúdo.

O distrito de Dogtown funciona exatamente como qualquer outra área de Night City. A diferença é que, ao invés da polícia, teremos os soldados da BARGHEST patrulhando as ruas e arranjando encrenca por aí. O DLC também traz suas próprias missões secundárias e adiciona 10 serviços; dessa vez estaremos trabalhando diretamente para o Mr. Hands, o único canal que não dispõe de “trampos” no jogo base. Aqui teremos a oportunidade de conhecê-lo melhor, além de todos os serviços contarem com historinhas bem elaboradas. Vale a pena fazer cada um deles.

Estava com saudade, né?

A variedade de missões secundárias não é tão alta, mas todas mantêm o mesmo nível de qualidade das que temos no jogo base. A única mais diferentona envolve ficar roubando carros para o “El Capitán”, levando-os de Dogtown até Night City. Não é nada muito empolgante, mas tem seu próprio plot por trás desses roubos, então já vale a pena o esforço só pela curiosidade do que vai acontecer no final.

Patch 2.0

Phantom Liberty não é a única novidade aqui, pois junto com o DLC também foi lançado o patch 2.0, que muda radicalmente diversos elementos do jogo. Eu já tinha feito tudo que tinha direito na época em que joguei e, quando abri o game novamente, fiquei completamente perdido! São tantas mudanças que arrisco até a dizer que agora sim temos a versão definitiva de Cyberpunk 2077, do jeito que ele sempre deveria ter sido.

A começar pela reformulação na árvore de habilidades, eles mudaram cada skill tree por completo. Meu personagem estava no level 50 (o máximo da época, mas agora podemos chegar até o 60) e precisei distribuir novamente todos os seus pontos. A variedade de habilidades está bem maior e o DLC até adiciona uma nova árvore dedicada ao Relic. Quando desbloqueamos esses pontos especiais, podemos transformar nosso V em uma verdadeira máquina de matar.

Se eu fosse você, tomaria cuidado com a presidente dos NEUA…

O combate também foi amplamente aprimorado. Nunca gostei muito de usar armas de fogo no jogo, pois a mira era bizarra e quase sempre eu levava a pior contra inimigos mais fortes – por isso, sempre dei preferência ao stealth. Agora atirar está uma delícia, muito mais funcional e satisfatório! Não parando por aí, agora podemos entrar em combate até dirigindo, permitindo trocar tiros enquanto pilota um veículo ou até mesmo hackear carros para bagunçar a vida dos seus inimigos.

Os elementos de RPG estão bem mais ativos, principalmente relacionados aos seus atributos. Uma coisa que sempre senti falta era a possibilidade de escolher diálogos ou resolver situações de acordo com as particularidades do meu V, algo que é bem comum em algumas franquias da Bethesda como Fallout e The Elder Scrolls. Antes só era possível escolher opções relacionadas ao caminho do seu personagem (marginal, corpe ou nômade), mas agora seus status também interferem nas interações e em outros elementos diversos das missões.

Songbird é uma das personagens mais intrigantes do jogo

Por fim, se você gostava de tacar o terror em Night City, é melhor começar a entrar na linha. Agora a polícia do jogo finalmente está fazendo seu trabalho e nos perseguindo com unhas e dentes ao nos flagrar cometendo crimes. Em mais de 100 horas na versão antiga, eu nunca fui perseguido pelas autoridades, então isso me pegou de surpresa. Além de deixar o jogo mais desafiador, você também terá mais encontros com a tão temida MaxTac, caso resolva enfrentar os patrulheiros da lei.

Sendo assim, podemos concluir que essa combinação de DLC com patch 2.0 transformou Cyberpunk 2077 em um novo jogo. Além de muito conteúdo novo, diversos elementos foram melhorados, deixando o título ainda mais legal e imersivo. Quando terminei tudo, fiquei triste por estar me despedindo de Night City de forma definitiva, mas é impossível não ficar otimista com o futuro da franquia (e já tem sequência anunciada). Mal posso esperar pelas próximas desventuras!