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Em 2021, é a hora da Sledgehammer trazer o Call of Duty da vez. Depois do ótimo Modern Warfare da Infinity Ward e do “mais ou menos” Cold War da Treyarch, a Sledgehammer retoma o tema da Segunda Guerra neste novo Call of Duty: Vanguard

Como de costume em Call of Duty, a campanha de Vanguard é bem confusa. São capítulos que rolam em ordem não cronológica, com uma história difícil de seguir porque há muitos personagens parecidos, com cenas que variam muito de localidade e ano e que por vezes deixam o jogador perdido na trama. Mas quem é veterano já sabe também que, com exceção dos Modern Warfare e dos Black Ops, as histórias de Call of Duty são mesmo fraquinhas.

E lá vamos nós de novo…

O último game da Sledgehammer foi, coincidência ou não, também baseado na Segunda Guerra Mundial. Quatro anos depois, temos uma ambientação parecida, mas com uma sequência de eventos muito incomum. Com exceção dos cenários e de referências a alguns eventos reais, praticamente nada dos acontecimento em Call of Duty: Vanguard tem relação com acontecimentos da Segunda Guerra. E talvez esse seja o ponto a se comemorar: a gente já viu as grandes batalhas da Segunda Guerra sendo contadas inúmeras vezes e por inúmeros jogos, mas Vanguard tira uma grandiosa licença poética para colocar em jogo desde armas com acessórios que nunca existiram até coletes à prova de bala que só foram ser inventados uns 20 ou 30 anos depois. Mas acredite: toda essa reviravolta e as bizarrices agradam demais. Se você se cansou da forma como a Segunda Guerra é contada em jogos, Vanguard é uma alternativa legal.

Call of Duty: Vanguard
As cutscenes são feias, meio travadas e ainda têm um film grain difícil de engolir

Só não é uma ótima alternativa porque o game sempre te lembra que Call of Duty é, há algum tempo, apenas uma sequência de eventos scriptados, separados por corredores apertados em que você só sai matando inimigos e mais inimigos. Fica muito nítido que boa parte das 6 ou 7 horas que você passará para chegar ao fim de Vanguard são de trechos que os produtores colocaram ali para servirem de ponte entre os momentos “grandiosos” ou “heroicos”, como fugir de um ataque aéreo, salvar alguém, pilotar aviões ou chegar num novo vilarejo destruído.

O todo é menor que as partes

Dito isso, e sem querer dar nenhum spoiler, as melhores sequências são as que te colocam na pele de Polina Petrova, uma médica russa que perdeu o pai em um dos ataques alemães e literalmente vira uma máquina de matar. Munida de uma sniper, o game a coloca em situações típicas, como defender colegas e tudo mais, mas também adiciona um elemento de escalar paredes e esgueirar-se em quinas, não muito diferente do que já vimos em jogos como Tomb Raider e Uncharted. São missões muito legais e bem feitas, que parecem até acima da média do restante do jogo. Novamente, há aquela sensação de que Vanguard ainda é apenas uma junção de várias partes que foram pensadas independentemente.

Nada contra, até porque a série Battlefield já havia assumido isso em Battlefield 1 e 5 com as chamadas “histórias de guerra”,  que eram literalmente essas missões pouco conectadas entre si. Call of Duty Vanguard faz a mesma coisa, mas tenta mostrar que existe uma história por trás. Na prática, se a história e a regularidade da campanha são importantes para você, esse jogo não vai te oferecer muito.

Call of Duty: Vanguard
Rodando nos consoles de nova geração, Vanguard tem um visual muito impressionante

Call of Duty Vanguard é um jogo bonito. O game roda em uma versão modificada da IW Engine 8.0, que estreou no Modern Warfare de 2019, mas já era uma versão reconstruída das antigas engine IW que rolam na série desde meados dos anos 2000. Por isso mesmo, não espere uma destruição de cenários no nível de um Battlefield da vida, por exemplo. Mas os cenários muito bem construídos, os efeitos de luz e névoa volumétricas são muito impressionantes, especialmente nos consoles da geração atual. No Series X e PS5, o jogo tenta rodar a todo momento a 60 quadros por segundo, como em todos os Call of Duty recentes, e são raros os momentos de queda. Nos consoles da geração anterior, o alvo também são os 60fps, mas as quedas de frame são um pouco mais perceptíveis, principalmente no Xbox One.

Para quem for jogar num console Series ou PS5 e tiver uma TV ou monitor compatível, há opção de jogar tanto a campanha quanto os modos multiplayer e zombies a 120 quadros por segundo. Apesar de nenhum desses consoles conseguir rodar em 120 fps cravados, geralmente as TVs que possuem esse recurso também são compatíveis com refresh rate variável, então as quedas de frame podem não ser tão percebidas. Para a maioria dos mortais, a experiência vai ser mesmo por volta dos 60 quadros.

Já as cutscenes são terríveis. Como se não bastasse elas rodarem a apenas 30 quadros por segundo, quebrando um pouco da imersão, elas parecem não ter nenhum tipo de motion blur para suavizar um pouco os movimentos. O resultado é que são cenas feias, e um tanto travadonas. Há ainda um efeito de granulação, o popular film grain, que pareceu exagerado demais, deixando todas as cutscenes com um aspecto bem estranho. Como a história é contada de um jeito estabanado, como em quase todo Call of Duty, não estranhe se a sua vontade for de simplesmente pular essas cutscenes.

Call of Duty: Vanguard
Já repararam que os trens em Call of Duty parecem ter dezenas e dezenas de vagões?

Multiplayer e zumbis

Já no multiplayer, temos as opções de sempre, como mata-mata entre equipes, dominação e os modos de captura de pontos no mapa, mas com uma novidade boa: o game agora te deixa escolher o “ritmo” das partidas de acordo com sua preferência. Dá para escolher entre tático, assalto ou blitz. No tático, o game sempre vai tentar te colocar em salas de até 6 jogadores contra 6, replicando uma experiência mais focada na cooperação e mais competitiva. No assalto, são salas com algo entre 20 e 28 jogadores, com partidas um pouco mais frenéticas.

No blitz, são jogos com até 48 jogadores, e que, por conta disso, geralmente acabam bem mais rápido. Essas opções são justamente para isso: se você não tem muito tempo para se engajar numa partida completa, com comunicação entre equipes e tudo mais, escolha entre assalto ou blitz e caia direto no meio do tiroteio. E essas três opções também valem para o modo hardcore, aquele que tem menos hud e fogo amigo ligado.

No modo zumbis, agora há um hub que conecta portais, e esses portais funcionam como pequenas missões de eliminar zumbis. Entre esses portais, vocês volta para o hub para coletar ou comprar itens, que são gerados de forma aleatória. É pouco perto do que vimos em Black Ops 4, por exemplo, mas a promessa é que mais mapas e mais variedade sejam adicionados no futuro.

Call of Duty: Vanguard
Pode não ser lá muito realista, mas é bonito

Com relação aos controles, jogabilidade e acessibilidade, CoD Vanguard traz o básico: são bem vindas as opções de customização total dos controles e dos dead zones, como já estamos acostumados, mas também já algumas opções legais de acessibilidade, como as mudanças nas cores para os diversos tipos de daltonismo, os tamanhos de textos e a intensidade dos movimentos. Não é nada tão apurado e detalhado como Far Cry 6 ou Forza Horizon 5, mas a Activision continua fazendo um trabalho legal nesse sentido.

A fonte não seca?

Call of Duty: Vanguard é o seu pacote anual básico de Call of Duty. Uma campanha divertida e com bom apelo visual (mas sem tanta emoção), um modo zumbis divertido até você ficar de saco de ficar no mesmo mapa enfrentando os mesmos zumbis, e um multiplayer extremamente competente, cheio de modos de jogo divertidos e com as muito bem-vindas opções de ritmo e progressão. Como sempre, Call of Duty se pendura no modo multiplayer para atrair os jogadores. Mas se o seu objetivo é uma campanha concisa e com uma boa história de guerra, é melhor procurar o CoD: WW2 de 2017.

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