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Warcraft III foi um marco na história dos videogames. Lançado em Junho de 2002, ele revolucionou o conceito de estratégia em tempo real, focando na mecânica de heróis. Foi a base para World of Warcraft, o maior MMORPG de todos os tempos. Solidificou a Blizzard como uma das maiores empresas do ramo.

Warcraft III: Reforged foi um marco na história dos videogames. Lançado em Janeiro de 2020, ele revolucionou o conceito de remasterização mal-feita, focando na nostalgia dos jogadores. Usando de base a febre de remasterizações recentes, com sucessos estrondosos tal qual Resident Evil 2 e Crash Bandicoot N. Sane Trilogy. Solidificou a decadência da Blizzard como uma das empresas que perdeu a confiança e o respeito daqueles que, antes, eram seu público fiel – isso sem falar do escândalo envolvendo Hong Kong.

Pela horda!

Pode e com certeza deve ser ingenuidade da minha parte em ainda acreditar que um fruto atual da Blizzard pudesse ter a qualidade que um dia já teve. Uma empresa que teve a sequência de erros somente comparável aos escândalos da Gearbox, para vocês lembrarem dos últimos anos: o desligar dos aparelhos de Heroes of the Storm, o foco em pay-to-win de Hearthstone, a casa de leilões de Diablo III, o anúncio de Diablo Immortal e as polêmicas envolvendo os banimentos de jogadores profissionais após manifestações sobre Hong Kong. E isso nem é o conjunto todo das besteiras cometidas pela Blizzard nos últimos anos.

Imagem de Warcraft III Reforged
Você não tem poder aqui!

Para os amigos da audiência que não estão familiarizados exatamente com o conceito de remaster, podemos definir como “a alteração da qualidade do som ou da imagem, ou de ambas, de gravações criadas anteriormente”. Com isso, Warcraft III: Reforged sendo vendido como uma remasterização do jogo original, uma aprimoração do conteúdo original, tanto em áudio quanto em vídeo. Tendo os exemplos supracitados, ainda pode se esperar melhorias de interação, de jogabilidade.

Considerando que é um jogo de 2002, é até esperado que alguns conceitos de jogabilidade possam soar defasadas, afinal, nem todo mundo é Super Mario World – que continua jovem, serelepe e pimpão 30 anos depois de seu lançamento. O que eu não esperava é que aquelas mesmas experiências do começo do século fossem ser replicadas mais do que eu esperava, quiçá até pioradas da versão original para essa.

Dando início pelas partes básicas, o posicionamento da câmera e suas subsequentes movimentações se tornaram absolutamente incompatíveis com as resoluções apresentadas hoje em dia com monitores de qualidade. A proximidade e o ângulo que é forçado para a visualização dificulta ter uma visualização eficiente dos locais nos quais precisamos gerenciar. Isso deve ser bem perceptível no vídeo que gravei e está logo acima neste post. A impressão que fica é que estou ficando zonzo por ter que mexer a câmera tantas vezes em tão pouco tempo, fazendo que a experiência seja cansativa e desagradável.

Imagem de Warcraft III Reforged
Arthas… Com certeza ele nunca se tornaria um monstro maligno!

Trazendo, em uma espécie de texto mediúnico, o saudoso John “TotalBiscuit” Bain, as configurações de Warcraft III: Reforged são medíocres. Suspeito que a única alteração do menu original para a remasterização foi a opção de voltar para o visual da primeira. O que, sejamos honestos, não resolve basicamente nada e ainda é quase um tapa na cara de quem esperava algo de qualidade.

Para que vocês tenham noção, habitualmente para gravar as gameplays, eu costumo colocar os jogos em um canal de áudio separado para garantir uma captura limpa. Normalmente também os jogos não me dão essa opção, porém permitem que o sistema operacional faça essa alteração. Warcraft III: Reforged não só não tem nenhuma configuração do tipo, como não permitia seu canal de áudio ser alterado e continuar emitindo sons. Se eu alterasse o canal, o som do jogo simplesmente ficava mudo. E esse é só mais um dos problemas.

Imagem de Warcraft III Reforged
Mesmo com o mínimo de informação, a tela já fica poluída

Outro ponto embasbacante de problemas é o fato de que, se eu estivesse com os meus dois pentes de memória colocados no computador, a cada 15 minutos – quando muito – o jogo quebrava, me obrigando a reiniciar todo o processo. Por exemplo, a gravação da gameplay foi feita em 3 partes, coisa que me vejo obrigado a fazer pela primeira vez. E não havia nenhuma explicação para o que poderia estar causando este problema.

Troquem a forja

Em vários momentos, Warcraft III: Reforged te obriga a controlar grandes números de soldados para alcançar os devidos objetivos ou dominar outros pontos do mapa. Porém, ainda se mantém a limitação de 10 unidades por seleção e sem que tenha tido uma aprimoração na seleção de unidades individuais quando em grupos maiores que o limite. Acaba que me vi obrigado, em vários momentos, a me tornar manobrista de soldados para poder controlar as hordas como eu precisava.

Imagem de Warcraft III Reforged
Lorde Bandido. Parece que temos um novo MC na praça

O nível de problemas que eu acabei por encontrar para dirigir minhas unidades pelos terrenos me surpreendeu muito. Negativamente. A sensação de uma complexidade desnecessária e absolutamente ultrapassada. Certo, tudo bem, é uma remasterização, mas pelo – talvez antigo – renome da Blizzard, alguns cuidados poderiam ter sido tomados para uma experiência mais agradável. Para modos de comparação, gerenciar 10 a 100 vezes mais unidades em Total War: Three Kingdoms foi muito mais fácil.

Na parte gráfica a sensação é de que não houve aprimoramento algum. Em verdade, pela lembrança que tenho, os gráficos pioraram consideravelmente. Mas memória afetiva é como é, ignoremos. Ficou a impressão de estar jogando um belíssimo jogo de Playstation 2. Com a resolução estourada por não se adaptar tão bem à 2560×1080, nem sequer a 1920×1080.

Imagem de Warcraft III Reforged
Isso se encaixa em racismo, xenofobia ou necrofobia?

O grande referencial quando se pensava em Warcraft III eram as cutscenes, absolutamente revolucionárias para a época. Na versão remasterizada, o resultado foi pífio. Nem sequer conseguiram manter o que foi prometido. O gosto resultante foi do nível de Watch Dogs e No Man’s Sky. Poderia chamar de ultrajante, mas depois de todos os outros disparates deste jogo, esse foi só mais um.

As campanhas não sofreram grandes alterações, elas se mantêm divididas e com pouca fluidez de transição entre as missões. Boa parte delas continua limitada e não envelheceram muito bem, tal qual acredito que aconteceu com a maioria das campanhas de jogos de estratégia da época. Vale ressaltar que eu agrediria pessoalmente as pessoas que decidiram que missões nos quais precisa aguardar uma certa passagem de tempo para serem cumpridas. Nem na época eu acredito que isso era uma boa ideia.

Se existe uma maneira de jogar mapas aleatórios sozinho, single player mesmo, ou ela está escondida ou eu sou um imbecil. Não que a última opção esteja de todo errada, porém por mais que que eu tenha buscado, não encontrei. Em um jogo como este, é uma estupidez sem tamanho não dar a oportunidade do jogador iniciante facilmente treinar suas habilidades de diversas formas. Até para que se habitue com algumas mecânicas sem o peso e a lentidão das campanhas.

Imagem de Warcraft III Reforged
Quem nunca marcou com aquela pessoa que quase nunca atrasa?

Caso Warcraft III: Reforged tenha sido de fato reforjado, recomendo trocar a forja imediatamente. Assim como o responsável por ela. E todos os envolvidos no processo. O dano gerado por este jogo chegou a tal ponto que a Blizzard instituiu reembolso automático para quem desejar, independente do tempo de jogo ou momento da compra. Honestamente, vontade não falta. O que uma vez foi uma referência – se tratando tanto do jogo como da empresa -, agora são somente exemplos de decepções. Uma experiência desagradável da instalação até apagar.

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