Estava doido para jogar UFC 3, apesar de nunca ter experimentado nenhuma das versões anteriores, mas nunca é tarde para se começar, não é mesmo? Apesar de não ser muito fã de MMA e preferir eventos de WWE, quis experimentar algo novo com este jogo. Como é o primeiro game de MMA que jogo, não posso comparar muito com os anteriores, no máximo com os de WWE, dos quais sou jogador assíduo. Então este será um sincero review de marinheiro de primeira viagem.
A pancadaria não rola solta
Quem acha que vai pegar no jogo de UFC pensando que é uma versão da WWE 2k com mais regras está enganado. Eu meio que cometi esse erro, pois pensei que o jogo tivesse uma dificuldade parecida com a WWE, que chegaria fazendo uns movimentos, uns socos e uns chutes frenéticos, só que não é bem assim: UFC 3 é muito tático. Quem está habituado a ir apertando todos os botões em completo frenesi, igual faz em todos os outros jogos de luta, vai se dar mal. O segredo do sucesso é ter paciência, saber quando e onde defender, quando e com o quê atacar. Posso dizer que chega a ser um jogo muito mais de estratégia do que reflexos e pancadaria.
Os gráficos e o som estão excelentes, deixando o jogo bastante realista, o que torna a imersão muito maior. Mesmo com um personagem criado por mim, parecia que estava utilizando um lutador da vida real, ao contrário de WWE, onde a diferença entre os personagens da 2K e dos criados por jogadores é nítida. Os próprios ringues foram feitos com muito cuidado, reproduzindo fielmente os detalhes dos octógono da UFC. Todos os uniformes dos lutadores também receberam o mesmo cuidado no desenvolvimento, principalmente as luvas – não importa o ângulo, o realismo é evidente. A platéia, que costuma ficar em segundo plano nos jogos do gênero, também impressiona e vibra conforme o combate se desenvolve.
Voltando a falar dos efeitos sonoros, eles são responsáveis por criar uma nova camada de imersão, acompanhando muito bem os movimentos dos lutadores. Dá pra sentir na pele quando golpeamos o oponente e também quando sofremos os golpes, em suas diferentes intensidades de impacto, seja uma porrada na cara, nas pernas ou até mesmo quando conseguimos nos defender. Não foi por sorte que o streamer AJ Lester enganou o Twitch ao fingir que estava jogando o jogo, mas na verdade estava transmitindo o UFC real, apenas gravando a si, enquanto fingia que controlava os lutadores com “o jogo” passando ao fundo.
Bye bye lootbox e micro-transações
UFC 3 me surpreendeu bastante em vários aspectos. Um dos principais é a questão de não ser baseado em micro-transações. Gosto muito mais de jogar no modo carreira e o pouco que vi foi o Bruce Lee, que também pode ser desbloqueado no jogo sem gastar dinheiro. Como é um título da Electronic Arts, estava com receio que tivesse muita coisa para comprar, naquele estilo de quase te obrigar a gastar dinheiro para conseguir prosseguir (como foi em seus títulos mais recentes).
O game poderia, pelo menos, oferecer uma maior variedade na criação para diferenciar os personagens. Sim, o jogo oferece muitas possibilidades, mas são todas muito parecidas. Um bom exemplo disso são os cabelos, que tem sempre de 4 a 10 penteados idênticos.
Uma carreira no ponto
O modo carreira é o grande destaque. Logo no início podemos escolher se vamos jogar com um lutador ou uma lutadora, diferente da franquia WWE (o que considero uma falha grave daquela série). Depois vem a escolha da classe de peso e que tipo de lutador você quer ser (balanceado, defensivo, etc). Começando com um pouco de dificuldade, principalmente para quem não tem experiência prévia na série, perdi de cara o primeiro combate justamente por tentar uma luta frenética, o que me fez ser derrotado em segundos sem nem perceber o porque. Mas, à medida em que o jogo vai se desenrolando, você acaba aprendendo rapidamente a lidar com a mecânica de luta do jogo e entrando de cabeça, cada vez mais preso naquele universo, a ponto de se sentir um verdadeiro superstar do UFC, inclusive com matérias no programa UFC Minute.
O que mais me surpreendeu no modo carreira foi que dinheiro não é problema. Ganha-se muito mais dinheiro do que é possível gastar. A única utilidade que encontrei para essa grana toda foi comprar passes para sermos membro dos diferentes ginásios, uma vez que temos de gastar semanalmente para treinar nesses lugares. No fim você sempre terá mais dinheiro do que precisa, embora talvez este tenha sido o intuito da EA. Afinal, esses caras ganham uma bolada por luta.
Antes das lutas, temos semanas em que podemos treinar e promover o próximo evento. Para mim o mais importante é treinar para aumentar os atributos do personagem, mas é preciso ter cuidado nesses treinamentos, pois podemos acabar com lesões e perder determinados atributos. Às vezes, treinando ao máximo para tornar a nosso personagem “overpower”, podemos cometer um erro e, ao invés de aumentarmos seus atributos, acabamos por diminuí-los por causa das lesões e isso certamente irá refletir no combate. Exemplo: se tivermos alguma lesão em uma perna (por menor que seja) e a utilizarmos muito numa luta, isso vai momentaneamente enfraquecer o lutador e dificultar consideravelmente a vitória. Uma ideia bem executada que deixa o jogo mais realista e estratégico, embora aumente a dificuldade para jogadores novatos.
Outras das coisas que podemos fazer no jogo, além de lutar oficialmente e treinar, é fazer diferentes combates “amistosos” em diversas academias. Cada uma tem seus lutadores e cada um tem seu determinado objetivo. Quando vencemos um desses desafios aprendemos novos movimentos e melhoramos o arsenal de golpes do nosso lutador. Achei a maioria desses desafios bem difíceis, muitas vezes por causa do limite de tempo para completar, outras vezes por causa dos adversários durões, exigindo que eu jogasse o mesmo desafio muitas vezes até conquistar a vitória.
Outra coisa interessante é que entre um combate e outro podemos criar hype dando entrevistas, fazendo posts nas redes sociais, ofendendo os adversários e mais umas coisinhas. Quanto mais hype criamos, maior é a recompensa e mais fãs ganhamos. Também achei legal ao ver que subimos no ranking com novos contratos, o que também torna ainda mais realista o jogo, podendo chegar até o nível Legendary. Se você chegar nesse ponto, verá que o dinheiro não acaba mesmo; parece até cheat de grana infinita do The Sims.
Quero o cinturão!
Outro caminho natural é chegar ao cinturão da sua categoria. À medida que vamos evoluindo e vencendo lutas, podemos ganhar a oportunidade de chegar à disputa do título. No meu caso, bastaram 15 lutas e já estava pronto para subir ao ringue em busca do meu cinturão brilhante.
UFC 3 é um prato cheio para quem gosta do esporte e de títulos do gênero, mesmo sendo um pouco complexo para os novatos que estão tentando se aventurar nele. Até mesmo eu, que cheguei ao nível Legendary, não consegui aprender muito bem os controles e ainda acho complicado. Às vezes é preciso muito malabarismo com os dedos para conseguirmos usar todo o tipo de movimentos que o jogo possui, mas como qualquer coisa difícil nessa vida, nada que muitas horas de treino e paciência não resolvam e te transformem em um campeão.