A morte no mundo dos games, salva raras exceções, não é definitiva. O gênero soulslike no entanto abraçou a mortalidade dos mundos e tornou-a parte de suas mecânicas de jogo. Em The Last Oricru não é diferente, com a morte nos levando a um mundo fantástico.
Em um planeta alienígena parcialmente terra-formado, chamado Wardenia, acordamos em uma fortaleza dominada por uma raça de gigantes, ratos, aristocratas espaciais e criaturas extremamente avançadas. O jogador deverá fazer escolhas que moldarão o destino deste mundo.
Despertar de um novo mundo
Diferente dos jogos do estilo souls que estamos acostumados, The Last Oricru não nos permite criar nosso próprio herói. O jogador acompanha a jornada de Silver, um humano que após despertar em Wardenia, de uma câmara criogênica, é morto por um alienígena.

Após sua morte, Silver desperta em um grande salão com um dos Naboru olhando friamente para ele. Seu nome é Maltis, considerado um patriarca da raça Naboru. Ele explica a Silver que ele não pode morrer devido a um cinto que usa e o torna capaz de retornar à vida.
Maltis explica superficialmente que os Naboru e os humanos possuem uma “aliança” e que Silver deve se preparar para auxiliá-los. Após ser dispensado pelo alienígena, o jogador deve encontrar Tobias, um Naboru especialista em combate. É quando passamos a entender qual o tema de The Last Oricru.
Andando pelo templo, podemos ver vários ratos do tamanho de humanos adultos, todos trabalhando como serviçais. Após conversar com Tobias e ser enviado ao armazém, descobrimos que os Naboru escravizaram os Ratkin e os consideram criaturas inferiores, doutrinando a raça de ratos a sua maneira e costumes.

Alimentando o fogo
Após o treinamento que consiste em matar um Ratkin e derrotar outro humano, o jogador recebe sua primeira grande escolha. Gok, o capataz do armazém e um dos Ratkins, pede ao jogador que ele consiga um kit médico para cuidar de alguns prisioneiros feridos com queimaduras causadas por Tobias.
Caso o jogador ajude ou negue auxílio, verá em primeira mão o funcionamento da barra de aliança. Essa barra faz com que o jogador tenha mais afinidade ou desavença com as raças dos jogos. Com isso em mente, caso ajude os ratkins, se prepare para enfrentar os Naboru e vice e versa.
Eu ajudei Gok e com isso a narrativa da minha história ficou atrelada a revolta dos Ratkins logo após a chegada da Rainha dos Naboru ao templo. Aqui o jogo apresenta uma tarefa de se esgueirar pelos guardas até uma arma Naboru no campo de treino, porém o jogo não possui mecânica de stealth ou agachamento, além de uma câmera bem confusa que o faz ser capturado facilmente.

Uma vez capturado temos uma visão melhor do mundo, preso em um processo de terra-formação e conflitos entre as raças habitantes. Os Naboru, Ratkins, Brokes e Ilavares, cientistas, ratos gigantes, alienígenas e aristocratas respectivamente, cada qual buscando controlar o planeta e Silver é a chave para tudo. É por este motivo que o jogador deve escolher qual lado apoiar.
Futuro com cara de passado
Visualmente, The Last Oricru traz cenários interessantes e belos, mesmo que simples em sua concepção e design. Há castelos e cidades que parecem ter sido projetados apenas para lutas e loot, não passando a ideia de um local habitável. Mas interessantemente, cada raça possui diferentes edificações e estilos que refletem sua maneira de viver, cultura e aparência geral.
Infelizmente esse primor visual fica limitado aos cenários, uma vez que os personagens acabaram ficando menos rebuscados, com aparência onírica. Seus movimentos carecem de peso ou impacto, o que acaba por tirar bastante a imersão de combate e urgência.

Mesmo sendo um RPG, The Last Oricru também tem um pé bem firme no gênero soulslike, com o gameplay todo sendo uma cópia do sistema de jogo. Pode-se dizer que lembra bastante Lords of the Fallen, porém com um visual mais claro e mais personagens para interagir.
Não há como escolher uma classe também, com o jogador moldando seu estilo de gameplay durante o jogo. Os combates seguem a mecânica citada acima, mas a apresentação também poderia ser um pouco mais trabalhada: as barras de vida são bem rudimentares, e as dos chefes são ainda mais escrachadas.
Decisões rumo à conquista planetária
Durante sua investida pelos cenários de Wardenia, o jogador pode desbloquear caminhos alternativos para diminuir a distância entre as “bonfires”. Muitas vezes elas estarão sendo guardadas por inimigos poderosos e a presença deles ou não no local muitas vezes muda de acordo com as escolhas de aliança do jogador.

Para ajudar a avançar na história, é possível convidar outro jogador a entrar no seu jogo. Caso tenha um amigo ao lado, namorada ou outra pessoa disposta a encarar o desafio, é possível também jogar no modo co-op local com a tela dividida. Uma excelente maneira para curtir um soulslike.
Caso jogue no modo online, o jogador que entrar em seu mundo irá experimentar suas escolhas e alianças. Mas se você ingressar o jogo de outro, verá um game totalmente diferente. Você estará acompanhando as escolhas daquele jogador, o que pode acabar surpreendendo e muito. Um exemplo disso foi eu ter entrado no jogo de um amigo, ver uma área vazia pelas escolhas dele, voltar para o meu jogo e ser morto por arqueiros no mesmo local.
The Last Oricru é uma experiência interessante, traz uma narrativa envolvente e que nos faz pensar qual caminho seguir e quais as melhores escolhas. Ao mesmo tempo, os gráficos e interfaces pouco trabalhadas e o gameplay sem polimento acabam tirando muito da imersão da obra. A desenvolvedora Goldknights está no caminho certo, mas ainda há muito a melhorar.