Está morrendo de vontade de jogar um Pokémonzinho, mas só tem um PS5? Seus problemas acabaram! Após dois anos em acesso antecipado na plataforma, Temtem finalmente foi lançado de forma definitiva, então se você sempre teve curiosidade de testar este que já se tornou um dos clones mais famosos dos monstros de bolso, agora é o momento.
De autoria do estúdio espanhol Crema Games, Temtem nunca escondeu suas inspirações na franquia bilionária da Nintendo, então quem já jogou qualquer geração de Pokémon se sentirá em casa. Os pokétrainers hardcore que não perdem um jogo da série podem acabar entortando o nariz, mas felizmente este aqui possui algumas particularidades que, no geral, tornam a experiência um pouquinho diferente do que estamos acostumados. É o famoso “copia, mas não faz igual”.
Quanto mais, melhor
Se por alguma razão você viveu em uma caverna nos últimos 26 anos e nunca jogou nenhum Pokémon, aqui vai uma breve explicação de como Temtem funciona: você é um jovem que está prestes a embarcar em uma escola onde aprenderá a arte de treinar Temtems, como são chamadas as criaturas deste jogo. Você receberá um monstrinho inicial e partirá em uma jornada onde deve capturar cada espécie que existe naquele arquipélago, enfrentar outros treinadores, vencer ginásios e se tornar o melhor dos melhores.
Quando eu digo que Temtem é igual Pokémon, é porque ele realmente é. A forma como o jogo funciona é idêntica: a câmera é isométrica; cada monstrinho tem um tipo específico que leva vantagem sobre uns, mas perde para outros; as batalhas contra novos Temtems acontecem na grama alta (e são todas aleatórias); você encontrará outros treinadores aleatoriamente para enfrentar; cada ginásio possui um líder especializado em um tipo diferente de Temtem e por aí vai.
Daí você pode dizer “Epa, espera aí… isso é plágio!”, e em partes pode até ser, mas é aqui que entra a primeira grande diferença: ao contrário de Pokémon, Temtem é um MMO! Ele só pode ser jogado online e, ao longo das rotas e cidades que visitamos, nos depararemos o tempo inteiro com outros jogadores. No geral é bem tranquilo e ninguém ali vai te incomodar, então quem não curte jogar online pode respirar aliviado. Por outro lado, quem gosta de interagir terá bastante diversão pela frente, já que é possível batalhar, trocar criaturas ou até jogar aquele co-op maroto com qualquer um que estiver por ali.
O fato de ser um jogo online já muda bastante as coisas, inclusive pode ser meio limitador, já que é necessário estar conectado à internet o tempo todo para jogar e, quando o servidor estiver em manutenção, não temos escolha a não ser esperar. Ainda assim, é bem legal poder jogar com um personagem totalmente customizável e termos a liberdade de personalizá-lo ainda mais ao longo da aventura, por mais simples que seja seu design. Demorou bastante para a Game Freak começar a adicionar essa possibilidade nos jogos de Pokémon e, pelo menos até agora, está perdendo feio para Temtem.
Temos que pegar
Se tratando da atração principal, Temtem possui uma grande variedade de criaturinhas que funcionam da mesma forma que qualquer Pokémon. A diferença é que aqui você terá que se acostumar com alguns tipos novos, suas vantagens e fraquezas, mas no geral é a mesma coisa. O visual dos monstros é até legal, mas não chega a ser tão cativante quanto aqueles que lhe serviram de inspiração. A maioria se parece com algum animal ou com um bichinho de tamagotchi, mas não vamos ser injustos, ainda dá para ter os seus preferidos.
A segunda grande diferença de Temtem está nas batalhas e aqui entra uma qualidade que faz falta nos jogos modernos de Pokémon. Diferente do 1×1 que estamos acostumados, o padrão sempre é 2×2, ou seja, batalhas de duplas. Isso não é novidade na franquia da Nintendo e se faz presente principalmente no cenário competitivo, mas quando todas as batalhas são nesse formato, a coisa muda bastante. Por incrível que pareça, até mesmo treinadores banais que encontramos nas estradas podem oferecer um desafio surpreendente.
Já tem anos que os jogos de Pokémon vêm ficando cada vez mais fáceis e todo o lado estratégico, que é brilhantemente aplicado dentro das variações de tipos de cada monstrinho, acaba se limitando somente ao competitivo. Temtem resolve isso oferecendo batalhas que te obrigam a planejar seus movimentos até na menor das situações, sempre explorando de forma astuta a combinação de tipos da sua dupla. Aqui as diferenças realmente importam e você precisa trocar de monstro o tempo todo para manter uma certa vantagem, então não dá para vencer todo mundo somente com seu inicial, como é possível em Pokémon.
Quanto ao arquipélago de Airbone, onde o jogo se passa, são seis ilhas diferentes para explorar, cada uma trazendo seu próprio ecossistema e variedade de criaturas. Até aí, nada que Pokémon já não ofereça, porém a exploração de Temtem é um pouco mais livre e menos linear. O game te dá liberdade para ir onde quiser e explorar do jeito que achar melhor, mas o acesso a novas áreas sempre vai depender de certas habilidades que vamos desbloqueando com o decorrer da história. Sendo assim, a exploração não é linear, mas o progresso é.
Os gráficos são simplórios, mas bonitinhos na medida do possível. No PS5, a performance de 60fps constantes dá um ar de fluidez bem satisfatório, mas o que impressiona de verdade é o feedback do Dualsense. Assumo que eu definitivamente não esperava ver os recursos do controle sendo explorados aqui, mas você sente praticamente o tempo todo, seja pelo simples ato de andar ou durante as batalhas. É realmente muito legal e torna a experiência de jogar o título na plataforma bem única.
Concluindo, fica o veredito: Temtem é o clone perfeito de Pokémon para quem não tem nenhum console da Nintendo ou deseja explorar uma versão um pouco diferente desta franquia que, há muito tempo, segue sem grandes mudanças. O fato de ser um MMO já é um grande diferencial, então no final não é exatamente a mesma coisa e possui qualidades o suficiente para se isolar como um jogo “único”. Vale a pena dar uma chance!