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Skulls of the Shogun é um jogo de estratégia por turnos lançado originalmente em 2013, sendo o projeto de estreia da 17-BIT, o mesmo estúdio responsável por Galak-Z: The Void. Inicialmente, chegou para plataformas Microsoft (Windows Phone e Xbox 360) e posteriormente para diversas plataformas incluindo o PC e consoles de última geração – até mesmo o OUYA foi brindado com este título. Agora, é lançada a Bone-A-Fide Edition para PS4 e Nintendo Switch.

Essa edição vem acompanhada de diversas melhorias, assim como a adição de novas características ao jogo, como uma nova campanha com quatro fases inéditas e um novo modo de progressão para elas, seis novos mapas para o modo multiplayer, um novo personagem, comentários do diretor (PS4), novas conquistas (PS4), leaderboard para as fases single-player, tema musical refeito, ranking de experiência para os modos single e multiplayer, além de colecionáveis.

O Grande General Akamoto

Em Skulls of the Shogun, nós assumimos o papel do General Akamoto, um bravo guerreiro da era feudal japonesa, que por infortúnio do destino acaba apunhalado pelas costas em batalha. Então, já no mundo dos mortos, com a promessa de ser recompensado por seus bravos serviços como um honrado general em vida, Akamoto se vê envolto em uma conspiração contra ele mesmo, já que alguém está se passando por ele no pós-vida e se aproveitando de todas as suas glórias.

Assim se inicia uma batalha no além para reconquistar tudo aquilo que é seu e assumir o posto que é seu por direito no céus feudais. Para tal, teremos de enfrentar os exércitos de diversos generais que estão sendo ludibriados pelo nosso sósia aproveitador. No total, temos 24 fases na campanha single-player – sendo quatro delas fases bônus -, todas elas em cenários temáticos e com generais (chefes) ao final de cada “reino”.

Imagem do jogo Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition
O maior dos generais.

Além disso, cada fase apresenta desafios a serem superados, desde terminar a fase sem perder nenhuma unidade, derrotar um número determinado de inimigos, “sumonar” determinados monges, até terminar a partida com um número determinado de unidades em sua forma demoníaca (Oni). Ou mesmo, se desafiando a superar seus próprios tempos recorde no leaderboard, que é sincronizado com jogadores do mundo todo.

Ao concluir as fases de Skull of the Shogun – e determinados objetivos – somos recompensados com emblemas. Tais emblemas são colecionáveis presentes nessa versão do jogo, sendo 66 ao todo. Eles são sorteados, assim havendo a possibilidade de recebermos repetições, porém podemos fundir ou forjar emblemas repetidos para obter emblemas mais raros. Cada um deles é classificado por nível de raridade entre bronze, prata e ouro. Estes emblemas servem também para ficarem fixados ao lado de nosso nick nas partidas (single ou multiplayer).

A batalha nos céus

De início, somos apresentados as unidades básicas, sendo elas: a infantaria, guerreiros fortemente defensivos, porém com uma extensão de movimentação curta; a cavalaria, que possuem ataque e defesa equilibradas, mas podem se mover por distâncias maiores; e os arqueiros que possuem ataque em maior distância, porém são fracos contra ataques corpo-a-corpo. Saber utilizar a estratégia correta com cada um deles, e principalmente contra os inimigos certos, é a chave da vitória em Skulls of the Shogun.

Cada unidade, incluindo o General Akamoto, tem um limite de movimentação medido através de um raio de alcance. Caso você se mova até a borda deste limite para executar um ataque, gastará todo o seu espaço de movimentação, assim não podendo recuar mais. Porém, ao atacar um inimigo próximo sem utilizar todo esse limite, poderá se movimentar novamente após a ação, mas sem poder atacar novamente.

Imagem do jogo Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition
Batalha nos campos de cerejeiras.

Os ataques, assim como a movimentação, também são estabelecidos por um raio de extensão que se divide entre as cores laranja e vermelha. Dentro do espaço de circunferência laranja, existe uma chance de errar o ataque, devido à distância entre o inimigo e a unidade. Já dentro do raio vermelho, que seria o centro, o ataque é desferido com sucesso. Dependendo da unidade utilizada e contra a qual irá executar a ação, ainda existe a possibilidade de um contra-ataque inimigo, exceto contra o arqueiro que só pode ser contra-atacado se estiver muito próximo ao alvo, o que não é a melhor estratégia para o utilizar.

Um detalhe interessante é que cada unidade carrega consigo um estandarte (sashimono) nas costas, algo comum entre os guerreiros japoneses da era feudal, cujo objetivo era identificar facilmente a que exército eles pertenciam. Porém, aqui ele tem uma função bastante útil que quase passa despercebida. Ela conta com barras brancas, tanto para os inimigos quanto para nossas unidades, e essas barras indicam sua vida e, quando em ataque, o quanto de dano irão desferir – e sofrer no caso de contra-ataques. É um detalhe sutil, porém bem pensado. Assim deixando a tela do HUD ainda mais limpa de informações.

Cada turno é dividido por ações, assim como na maioria dos jogos do gênero. Porém, dependendo do título, cada uma das unidades que você possui podem executar alguma ação por turno, mas neste, há um limite de apenas cinco ações por turno, ou seja, mesmo que você tenha mais unidades, só poderá executar esse mesmo número de ações. Sendo que, desses comandos, invocar uma nova unidade, por exemplo, já conta como uma ação. Gerenciar isso é fundamental para o sucesso de uma batalha.

Imagem do jogo Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition
Mortal.

Caso você execute uma ação ou selecione uma unidade por engano, há a possibilidade de retrocedê-la, assim evitando que esse erro custe uma rodada. Isso é bem útil, pois é bem comum você selecionar alguma unidade por engano, já que o jogo não apresenta uma seleção de personagens conveniente e acaba sendo necessário utilizar os direcionais para mudar a seleção de unidade uma a uma.

Isso poderia ter sido alterado nesta nova edição de Skulls of the Shogun por um seletor no HUD, mostrando todas as unidades em campo, para fácil identificação, seleção e ação. Por vezes, acabei me esquecendo de alguma unidade dispersa em algum canto da tela sem saber, que poderia ter sido muito útil durante o confronto. No modo portátil do Switch, a tela touch poderia ser utilizada para selecionar as unidades e executar as ações, porém ela foi deixada de lado priorizando os comandos via Joy-Cons apenas. Ao menos, o feedback dos rumbles responde bem às ações.

Durante as partidas, o jogo salva automaticamente em determinados pontos estratégicos. Porém há também a opção de salvar manualmente a qualquer momento, assim evitando que um erro infeliz te obrigue a reiniciar a partida desde o início. A única questão destes pontos de gravação, é que os saves automáticos se sobrescrevem em apenas um slot, enquanto os manuais podem ser salvos em até cinco diferentes. Mas eles ficam muito aglutinados no menu, sendo facilmente confundidos, assim te fazendo retornar em um ponto errado com facilidade. Minha dica é sempre prestar atenção ao ponto que irá carregar e, após terminar uma partida, apagar os pontos antigos para não haver confusão – excerto o ponto de gravação automática (!), pois se apagar esse, você perde todo o seu progresso.

O poder feudal

Assim como na era feudal japonesa, na qual os samurais eram pagos com arroz, aqui em Skulls of the Shogun ele também é um tipo de moeda, da qual quem possui mais tem mais poder e consequentemente riqueza. Nesse caso, utilizamos o arroz para invocar mais unidades. Para tal, precisamos “assombrar” – ou tomar o controle de – plantações de arroz espalhadas pelos cenários, assim a cada rodada acumulando mais desta riqueza.

Imagem do jogo Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition
É impressão minha, ou esse céu feudal tem um formato familiar?

Depois, precisamos ‘assombrar’ altares para que possamos invocar novas unidades a partir deles com o custo do arroz acumulado. Porém, enquanto utilizamos uma unidade para ‘assombrar’, esta não pode contra-atacar, ficando a mercê de ataques inimigos durante essa rodada. Estes pontos tomados podem ser reconquistados pelo inimigo, assim deixando de nos servir.

Além disso, podemos invocar monges através de seus próprios santuários, sendo quatro monges disponíveis ao todo, cada um com sua habilidade única. O Monge Raposa pode curar nossas unidades, o Monge Salamandra pode lançar magias que causam dano ao inimigo, o Monge Corvo pode lançar magias de vento e o Monge Tanuki pode lançar uma magia de caos. Caso uma unidade inimiga retome o santuário de um monge, este monge morre.

Uma das ações de destaque da estratégia deste jogo é a possibilidade de (literalmente) devorar a caveira de um inimigo abatido. Isso torna tanto nossas unidades como nosso General mais poderosos, chegando ao ponto de podermos nos tornar ‘demônios’ (após nos alimentarmos de três caveiras), quanto dá a unidade uma ação extra por turno. Não aumenta o raio de movimentação, porém uma vez perto do inimigo, podemos executar dois ataques seguidos, por exemplo.

Imagem do jogo Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition
Tudo uma questão de estratégia.

Além desta ação extra por turno, a cada caveira devorada a unidade recebe um acréscimo de vida, podendo ficar com até 12 pontos no máximo – ou 18, no caso do General. Os monges também são beneficiados ao executar essa ação, aumentando seus poderes e feitiços possíveis – além da vida.

A arte da guerra

No início de certas partidas, os generais iniciam meditando, e a cada rodada ganham mais um ponto de vida. Ao despertar desta meditação, eles podem executar duas ações por turno – podendo chegar a três em sua forma demoníaca. Os generais são as unidades mais poderosas do exército, causando mais dano e possuindo mais vida do que as unidades comuns, além de possuírem defesas mais poderosas. Caso o seu general morra, é fim de jogo, assim como com a peça de um Rei em um jogo de xadrez.

Além das estratégias de ataque à distância e corpo-a-corpo, há a possibilidade de criar barreiras entre as unidades, chamadas de “Paredes Espirituais”. Quando duas ou mais unidades estão próximas umas às outras, uma aura vermelha as circunda, identificando assim que uma barreira foi criada. Podemos assim criar uma barreira utilizando unidades de infantaria e colocar arqueiros atrás para flanquear os inimigos, sendo uma estratégia bastante eficaz. Também podemos nos esconder atrás de bambuzais para diminuir as chances de acerto de ataques inimigos.

Imagem do jogo Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition
A determinação de um General.

Outra opção é a de lançar inimigos no abismo – sendo essa uma ação específica para determinados cenários. Todas as vezes que desferimos algum ataque a um inimigo, seja mágico ou corpo-a-corpo, ele recebe um impacto que o repele certa distância na direção contrária. Caso ele esteja próximo a um abismo, ele cairá e morrerá instantaneamente, independente da quantidade de vida que lhe restasse. Essa é uma excelente estratégia contra unidades mais defensivas, como as de infantaria.

Skulls of the Shogun por si só apresenta um nível de dificuldade aguçado, no qual qualquer erro poderá acarretar em uma derrota prematura. Nas fases mais avançadas, a estratégia deve ser bem pensada e executada, pois os adversários serão impiedosos e espertos para te derrotar. Para os jogadores casuais que gostam de jogos do gênero ou para quem não está muito familiarizado, há a possibilidade de escolher a dificuldade entre o modo “Casual” e o “Normal”, dessa maneira tornando a experiência agradável para todos os níveis de habilidade dos jogadores.

Em algumas poucas ocasiões, experimentei a falha da IA, na qual ela simplesmente não executa nenhuma ação em seu turno, assim travando a partida e me obrigando a reiniciá-la. Não ficou claro qual o motivo disso acontecer, mas espero que corrijam isso em breve.

Imagem do jogo Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition
Jogo limpo.

Skulls of the Shogun ainda traz um modo multiplayer local e online para até quatro jogadores, os quais podem ser disputados em modos de jogo “Mata-Mata” ou “Mata-Mata em Equipe” para dois times. As regras são as mesmas do modo single player, porém com a adição de cenários diferentes e limite de tempo para cada turno.

A arte foi feita totalmente a mão pelos artistas, mesclando um estilo que remete aos animes da década de 60 e arte urbana moderna, segundo os desenvolvedores. A arte dos personagens são bem características dos jogos do estúdio, e os cenários, apesar de simples, têm uma bela harmonia e animações agradáveis. Este é um jogo bonito de se ver e jogar. A trilha e os efeitos sonoros também foram bem trabalhados e combinam com toda a atmosfera do jogo, com músicas temáticas para cada reino.

Para os amantes do gênero estratégia, esse é um título que vai agradar em cheio. Seu nível de dificuldade desafiador e possibilidades em gameplay tornam cada batalha única, e um erro pode custar toda uma partida. Apesar de ser um título relativamente curto – dependendo do seu nível de habilidade -, serão boas horas de diversão, com uma história interessante carregada de diálogos divertidos e da tentativa de superar os desafios que cada fase apresenta. Depois, poderá desfrutar de partidas no multiplayer, seja local ou online, desafiando jogadores pelo mundo.

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