Ouçam todos! O (futuro) rei está entre vós! Abram espaço para Shovel Knight: King of Cards, a maior e mais grandiosa aventura heroica de King Knight em sua épica jornada para alcançar o trono tão merecido por este magnânimo (futuro) governante.
Atenção: O texto acima é de inteira responsabilidade da assessoria de imprensa do King Knight e não corresponde às opiniões do autor do review e nem do Gamerview.
A Yatch Club Games traz a nós o quarto filho do incrível Kickstarter cujo primogênito foi Shovel Knight. Em um trabalho incrível de um clássico instantâneo, a continuidade do jogo foi sendo adicionada em DLCs aos poucos. Esses conteúdos, na realidade, poderiam muito bem ser jogos por si só, tanto em tamanho, quanto em inovação, mas, principalmente, qualidade.
É bom ser o rei!
Shovel Knight: King of Cards conta a história de como o King Knight, vilão do jogo base – Shovel Knight: Shovel of Hope -, se tornou o lorde de Pridemoor Keep and líder do grupo denominado Order of No Quarter, o grupo de cavaleiros organizado pela Enchantress para dominar o Vale.
Assim como feito nos DLCs prévios, Plague of Shadows e Specter of Torment, Shovel Knight: King of Cards traz um novo estilo de jogabilidade juntamente ao novo personagem, mais uma vez revitalizando o conceito do gênero de plataforma.
A novidade de King Knight é a sua habilidade de dar uma bela ombrada em uma estupenda investida. Como resultado dessa trombada, ele vai ao alto e desce girando tal qual o Pião do Baú. A maravilha disso tudo é a variedade de danos que podemos causar com tudo isso.
Comparando a movimentação do King Knight em King of Cards com sua, digamos, versão original em Shovel Knight, não houve uma grande adaptação das suas habilidades para esta nova instância. Geralmente isso seria um problema, porém neste caso, ter uma versão mais fiel do que foi aquele chefe que enfrentamos é muito mais divertido, basicamente ver uma outra história deste mesmo universo.
Além da alteração de jogabilidade, obrigando o jogador a repensar completamente sua maneira de pensar seus movimentos, Shovel Knight: King of Cards oferece mais de 30 novas fases, divididas entre 4 mundos. Contanto também com novos inimigos e novos chefes. Essa soma toda dá um resultado impressionante para um jogo, ainda mais para um DLC.
Seguindo a linhagem do jogo base, a proposta de um estilo inspirado na era 8-bit dos consoles traz, além da parte visual, todo um conjunto de conceitos e aplicações na jogabilidade de Shovel Knight: King of Cards. O foco está muito em como utilizar a movimentação diferenciada do King Knight para encontrar uma maneira de atravessar os desafios apresentados.
Desde o início o King of Cards dá as caras do que pretende ser. Tal qual os antigos jogos de NES – Nintendinho para os íntimos -, não será uma experiência simples, muito menos tranquila. Os inimigos que buscam impedir nossa caminhada não são exatamente problemáticos de se eliminar, o que não quer dizer que o jogo não seja difícil.
O grande ponto de dificuldade está na plataforma em si. Os controles respondem bem, rápido e são precisos. Mas a combinação de movimentos, a rapidez que o jogo nos exige e a quantidade de atos necessários para se manter vivo ou para ultrapassar um buraco gigantesco no chão fazem Shovel Knight: King of Cards chegar no patamar seleto de Contra e Cuphead.
A frustração de estar a meia tela do checkpoint ou do fim da fase e a necessidade de combinar três ou quatro movimentos consideravelmente complicados para pular de um lado a outro da tela enquanto ultrapassamos uma corrente de água que varre o chão, tudo isso buscando desviar de um inimigo que, quando tocamos somos arremessados para trás, caindo em um buraco que leva embora nossa vida, nossas esperanças em um futuro melhor e nossa vontade de viver… É. Isso aconteceu comigo algumas vezes demais. Independente da inspiração em jogos 8-bit, o arremesso para trás quando sofremos um dano é algo que deveria ser abolido de qualquer mídia e passível de punição como crime de guerra. E estou sendo sutil na minha opinião relacionada a isso.
Para cada nova fase que adentramos, a barriga chega a gelar sobre qual será a nova mecânica que Shovel Knight: King of Cards vai introduzir e fazer o quebra-cabeça se tornar ainda mais complicado. Nível após nível, o jogo consegue continuar surpreendendo e aplicando novos conceitos, revitalizando o que ele já havia nos mostrado anteriormente, se mostrando muito mais complexo do que a aparência tende a mostrar.
Tanto o estilo gráfico quanto a trilha sonora mantêm o mesmo primor de Shovel Knight já esfregado na cara de todo mundo a torto e a direito. Não se engane por uma visão estática do que o jogo mostra, a qualidade das animações, do pixel art mostrado incessantemente faz com que meramente assistir Shovel Knight já seja uma experiência agradabilíssima. Assim como ouvir sua trilha sonora muito bem trabalhada, nesta instância, ela segue uma linha paralela, mantendo o toque das antigas, porém adicionando uma forte influência do estilo que chamamos de Música Clássica (mas na verdade pode ser dividida em dezenas de estilos muito específicos, tal qual estilos de metal, mas na Idade Média).
Truco, ladrão!
Maravilhoso até aí. Contudo, toda essa descrição que lhe foi dada é só metade de Shovel Knight: King of Cards, até porque o título de rei das cartas não está lá à toa. A outra parte do jogo se refere a um jogo de cartas muito popular dentro deste mundo, chamado de Joustus (não, não tem nada a ver com o Roberto).
Contando com mais de 120 cartas únicas e criadas especificamente para Shovel Knight: King of Cards, o jogo de Joustus consiste em um quebra-cabeça cujo objetivo é manter suas cartas em um tabuleiro nas posições que possuam gemas posicionadas.
Falando assim parece fácil, porém não é permitido que as cartas sejam colocadas diretamente sobre as gemas. Cada uma delas possui direcionamentos sobre suas habilidades de empurrarem as demais cartas, então, toda a movimentação é feita posicionando cartas para que elas empurrem as demais e, assim, colocando as suas cartas sobre as tão desejadas gemas.
O pulo do gato é que assim como você pode empurrar as cartas, seu adversário também pode. A par disto, não é possível empurrar uma carta no sentido oposto do qual ela pode empurrar, portanto se seu adversário colocou um personagem que empurra cartas para a esquerda, você não pode inserir uma outra para empurrar esta mesma para a direita, limitando suas opções e apertando o cinto do quebra-cabeça. Assim temos o cabo-de-guerra que faz Joustus ser um jogo tão interessante.
O jogo continua até que todas as posições principais do tabuleiro sejam preenchidas – existe somente uma linha de posições auxiliares ao redor do tabuleiro para os quais cartas podem ser empurradas, porém uma vez que estejam preenchidas, limitam os movimentos. Com o tabuleiro cheio, quem tiver mais cartas nas gemas, vence. Vencendo, ganhamos uma das cartas do adversário restantes no tabuleiro, no melhor estilo Mega Man.
A seção de plataforma de Shovel Knight: King of Cards é muito boa, um primor de desafios, variedade, complexidade, beleza. Tudo o que os jogos de NES queriam ser, mas nunca conseguiram. Poderia dar uma amenizada no nível de punição e a experiência geral seria muito mais agradável e acessível. Porém, a melhor coisa do jogo está nas partidas de Joustus. Acredito que poderia ser dado mais foco nelas, fiquei com gostinho de quero mais!