A comunidade retrô não pode reclamar de 2024, pois depois de diversos títulos lançados, inclusive com o recente Kitsune Tails, a NatsumeAtari lança Shadow of the Ninja: Reborn para a nova geração. Originalmente lançado para o NES, acabou ganhando grande destaque e elogios pelas inovações em como os personagens escalam pelas plataformas, o level design e a ótima trilha sonora.
Um jogo plataforma, de ação e side-scrolling, que retorna mais de 30 anos após seu lançamento em 1990, os desenvolvedores trabalharam num remaster com diversas melhorias, resgatando o gameplay cooperativo e melhorando as acrobacias dos ninjas Hayate e Kaede, no combate contra as perigosas criaturas e cenários que existem para impedir seu avanço.
No (não tão) distante ano de 2029, o tirano Imperador Garuda controla a Megacity de Laurasia com suas forças das trevas e utilizando seus monstros sedentos por luz e transformando a terra num lugar decrépito. Com a misteriosa força vindo do leste em busca de recompensas e para ajudar os cidadãos, os chamados de Ninjas vão precisar atravessar os cinco cenários originais e um sexto totalmente novo, enquanto o jogador aproveita uma viagem nostálgica por esse jogo que lembra muito os elementos de plataforma e combate de Nina Gaiden.
Diretamente das sombras
Hayate e Kaede possuem jogabilidade semelhante, ambos munidos com uma ninjato (espada ninja) e a kusarigama (foice em cadeia), porém a novidade fica por conta da mecânica que faz com que este plataforma se diferencie dos demais: as Sete Armas, com equipamentos ninjas para auxiliar na sua aventura. Ao longo das fases vocês encontrará mais de 50 novas ferramentas, além dos já conhecidos shurikens, clavas, chás para recuperar energia, bombas, entre outras várias opções num vasto arsenal.
Esta mecânica de arsenal e a lojinha inicial de preparação, para você se equipar adequadamente conforme o desafio antes de uma nova partida, reforçam o fator replay do jogo e o estilo arcade que Shadow of the Ninja: Reborn carrega do seu original, inclusive com um placar com ranking mundial. Com certeza você vai tentar realizar o melhor tempo, sofrendo o menor dano e coletando o máximo de dinheiro possível. Você poderá utilizar esse armamento durante sua run ou antes de começar uma nova partida, gastando o dinheiro que você coleta ao longo do jogo.
Com uma dificuldade alta, exigindo destreza para realizar as acrobacias com muitos pulos pelas plataformas, os controles possuem suas limitações quando conflitam com as ideias para a jogabilidade ao escalar pelas bordas. Diferente dos outros jogos, os ninjas se penduram em cada plataforma com a opção de você se mover para os lados enquanto está pendurado ou apertando o direcional para cima, fazendo com que os personagens subam na plataforma superior. Muitas vezes a intenção de escapar de um ataque acabava sendo limitada por essa mecânica e Hayate ou Kaede sofriam dano gratuitamente.
O mesmo acontece conflito com a escolha de comandos para você atacar em todas as direções, facilitando ataques nas diagonais ou pulando para atacar, porém dependendo da proximidade com o inimigo ao abaixarmos para atacar rente ao chão, o nosso personagem virava para o lado oposto e me obrigava a levantar para mudar de direção, muitas vezes tomando um golpe gratuitamente.
Tudo acaba sendo compensado pela jogatina cooperativa, tendo Hayate e Kaede na tela, distribuindo golpes para todos os lados. A complexidade acaba aumentando, pela quantidade de inimigos, e a chuva de luzes pela tela fica ainda mais frenética, com a ação acontecendo em todos os níveis de plataforma, aumentando também o nível da diversão e sendo muito gratificando pelo desafio crescente.
O apocalipse ninja
Todo o retrabalho visual em Shadow of the Ninja: Reborn é impressionante pela qualidade no resultado final. Saindo da geração 8-bit, a NatsumeAtari focou em entregar uma direção de arte 2D desenhada à mão misturada com ambientes muito bem detalhados. Os desenvolvedores se preocuparam em manter os elementos originais ao mesmo tempo em que adicionaram mais detalhes, com chuva e raios, chamas e camadas com inimigos ao longe, criando uma profundidade impressionante para cenas que até então eram simples por conta do foco no gameplay.
Para fechar com chave de ouro, Shadow of the Ninja: Reborn ainda incrementou a luta contra os chefões com mudança de formas e comportamento ao longo do combate, com um visual que consegue misturar um estilo cyberpunk com a presença desses misteriosos ninjas contra máquinas e chefões que ocupam ou transitam por toda a tela.
A trilha sonora também impressionante e não poderia ser diferente, pois conta com o retorno de Iku Mizutani e Hiroyuki Iwatsuki, do Tengo Project, famosos compositores de diversos jogos para NES e que marcaram a memória de muitos jogadores com, por exemplo, Dungeon Magic and Heroes of the Lance e outros jogos da Natsume. Com uma mistura de rock, as trilhas lembram os antigos seriados japoneses de metal heroes, com muitos momentos épicos ao longo das fases.
O jogo também oferece dois modos diferentes para você investir boas horas com o Arcade e Time Attack. No modo Arcade, os jogadores podem escolher entre as dificuldades Normal e Difícil, com single ou multiplayer. Já o modo Time Attack, os jogadores podem escolher qualquer fase para se desafiar, além de enfrentar as ameaças de cada local, em busca de tempos mais rápidos para conclusão.
Ou seja, mesmo com alguns pequenos problemas no controle (e que podem ser ajustados com atualização), Shadow of the Ninja: Reborn entrega uma boa experiência retrô, com visuais muito bonitos e chamativos, num jogo desafiador e que consegue ser recompensador. Com certeza mais uma excelente adição aos melhores jogos do ano, porém as várias telas de Game Over talvez sejam desanimadoras para alguns que não estão acostumados com esse tipo de jogo da década de 90.
Prós:
🔺 Trilha sonora maravilhosa
🔺 Visual com novas camadas e muitos detalhes
🔺 Mecânica de arsenal para aumentar a estratégia do jogo
🔺 Jogo desafiador na medida certa
Contras:
🔻 Controles nem sempre são precisos
🔻 Conflito de ideias nas adições ao gameplay
🔻 Curva de aprendizado praticamente inexistente
Ficha Técnica:
Lançamento: 29/08/24
Desenvolvedora: NatsumeAtari
Distribuidora: NatsumeAtari
Plataformas: PC, PS5, Switch, Xbox Series
Testado no: Switch