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Bastou um trailer de RuinsMagus para eu querer me aventurar neste JRPG em VR, lançado para Meta Quest 2 e Steam VR. O game indie da desenvolvedora japonesa CharacterBank, formado por um time bem pequeno, me chamou a atenção pela evidente inspiração em The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Mas não se engane: a semelhança fica somente no visual mesmo.

O jogo começa com um tutorial que o ensina a conjurar bolas de fogo, esquivar, defender e defletir um ataque com o escudo, recarregar sua manopla, trocar e utilizar itens como uma poção de vida e uma granada, e por fim alternar e utilizar suas magias especiais. Molotov e Thunderdome são as duas primeiras, sendo este último um choque com dano de área. O gameplay funciona super bem, com movimentos que faríamos na vida real, como virar uma poção na altura da boca para bebê-la.

Nas profundezas das ruínas

A história começa com o jogador chegando à cidade de Grand Amnis, onde é recepcionado pela simpática Reese Seption. Ela o introduz como novo membro da guilda de magos especializados em explorar ruínas em busca de conhecimento e relíquias. É com ela que você conversa para iniciar suas aventuras ao longo da campanha. Iris, uma jovem e inexperiente pesquisadora, se apresenta em seguida para dar suporte à sua jornada. Ela o acompanha nas ruínas através de um guardião remodelado (ou robô, se preferir) chamado Li’ Holo, que projeta um holograma da personagem.

RuinsMagus
Aquele momento que o jogador se empolga demais, mesmo com NPCs roteirizados

Com o nome do jogador definido e um chapéu de mago na cabeça, a aventura se inicia em uma dungeon onde você coloca em prática tudo o que aprendeu no tutorial. Ao chegar no final do percurso, algo inesperado acontece: surge um Medi-Guardian e, com ele, você tem um prévia de combate contra chefão. Mas ele é forte demais e não há outra alternativa a não ser fugir. O encontro serve de motivação para os magos explorarem ainda mais as ruínas em busca do desconhecido.

Sua próxima missão envolve ajudar um velho (e cascudo) lojista da cidade, que abre seu estabelecimento para a compra de itens de suporte, como uma seringa que aumenta temporariamente o dano de suas magias. Na ruína seguinte, você aprende a usar uma poderosa magia que só fica disponível quando o medidor ULT – visível em um painel dentro do seu escudo – fica cheio. Nesta mesma fase você enfrenta o primeiro chefe, um mago ladrão, que promove um combate bem mais interessante que os inimigos comuns que você enfrenta pelo caminho.

Os inimigos são guardiões com aspecto de tecnologia antiga, cada tipo com um comportamento diferente. Alguns voam e outros podem bloquear seus ataques ou até mesmo defletir, por exemplo. Mas a pouca variedade, somado à linearidade das áreas exploradas – sem atalhos ou segredos – faz a jogatina enjoar rápido demais. Quando não são inimigos repetidos aparecendo, são lâminas e outras provas de obstáculos.

RuinsMagus
A magia ULT ajuda bastante contra os chefões

ShooterMagus

RuinsMagus não impressiona nos gráficos, mas entrega uma cidade bonita o suficiente para instigar a curiosidade. Porém, o jogo não permite explorá-la livremente. O deslocamento entre as áreas fica limitado a pôsteres com o qual você interage apertando um botão, com transição pra tela preta e tudo, quebrando a imersão. De RPG mesmo o game não tem nada. Não há um sistema de evolução, distribuição de pontos em atributos, puzzles para resolver e nem personalização. Aliás, os magos vestem roupas idênticas, com um ou outro apetrecho diferente.

Sem os elementos citados acima, temos apenas um shooter em primeira pessoa. O que não seria problema se as ruínas fossem recompensadoras. Pelo contrário, elas não apresentam baús ou itens para descobrir. Seu objetivo é basicamente chegar ao final da ruína, ganhar um troco e partir pra próxima. E, pra piorar, as mais de 25 fases se parecem muito umas com as outras.

Eu realmente gostei do mundo que foi criado para RuinsMagus. O gameplay é criativo e você se sente um mago de verdade. Até a dublagem, original em japonês, e a trilha sonora são muito boas. Eu só queria ter mais liberdade na exploração, enfrentar mais inimigos diferentes e não cair na repetição dos combates – mesmo com a boa quantidade de magias para aprender. Puzzles pra resolver com física, como nos santuários de Breath of the Wild, teria sido uma ótima adição.

RuinsMagus
Olha o passarinho!

Talvez pelo time enxuto ou pela falta de recursos, o jogo teve seu potencial desperdiçado. Tem muitos bugs para corrigir, como inimigos travando no cenário, e melhorias a serem feitas na interface, como permitir o reposicionamento da caixa de diálogo em texto (que fica muito abaixo da linha dos olhos). E quem diabos clicaria em “não” quando a caixa de save aparece? Por que não salvar automaticamente o progresso do jogador? Há decisões de game design que não fazem o menor sentido.

RuinsMagus se esforça, mas entrega uma história bem feijão com arroz, com diálogos que muitas vezes dá vontade de pular pra partir logo pra próxima fase. É uma pena, pois estava bastante empolgado para essa experiência. E mesmo com atualizações, não acredito que o jogo vá mudar o suficiente para agradar a maioria.

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