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O PlayStation 5 foi lançado com o remake de Demon’s Souls, mas Ratchet and Clank: Rift Apart foi, basicamente, foi a “tech demo” do console, com ênfase na tecnologia de carregamento rápido de cenários por conta do SSD do console, esta que foi uma das maiores propagandas da Sony. O jogo é divertido, isso é inegável, mas vamos ver como a Insomniac Games e a Nixxes Software trabalharam na versão de PC.

O desenvolvimento está nas mãos dos responsáveis pelo port dos dois título de Spider-Man para os computadores, que são bons ports, bem otimizados, diferente do que a Iron Galaxy fez com The Last of Us Part I para PC, que é considerado um dos piores ports recentes para a plataforma. Felizmente, Ratchet and Clank: Rift Apart passa longe desse desastre, mas existem algumas ressalvas.

Belo de encher os olhos

O início do game, onde mostra os protagonistas sendo homenageados por salvarem o mundo no jogo anterior, tem sequências que são bem bonitas, mostrando o excelente trabalho da Insomniac Games com o visual do jogo. Não só a estética chama a atenção, mas o gameplay é bastante fluído alterando entre momentos de plataforma com saltos, combate melee e com as várias armas de fogo disponíveis.

Ratchet and Clank Rift Apart review
É cada cenário que merece admiração em Ratchet and Clank: Rift Apart

Para quem não jogou no PS5, Ratchet and Clank: Rift Apart tem progresso por fases. São diferentes mundos que você escolhe, e cada um tem sua missão principal e secundárias, estas que garantem extras como novas armaduras. É possível voltar a um mundo já explorado, caso deseje completar o que havia deixado para trás. A diversidade de cenários agrada, não dá para abusar o que vê, já que muda com frequência.

O sistema de compras e upgrades de armas funciona bem. O game oferece uma grande variedade desses itens, o que aumenta as formas de abordagem, já que um é diferente do outro, indo desde uma simples “pistola”, passando por lançadores de bombas, evocação de monstros e mais. O jogo conta também com bastante sets de armaduras, cada um com seus próprios status. Tudo isso faz do título da Insomniac games algo muito divertido. Mas vamos falar de como tudo isso funciona no PC.

Atualizado para PC

Ratchet & Clank: Rift Apart no PC oferece suporte a diversas tecnologias exclusivas da plataforma, como monitores ultrawide, mais de 60 FPS, upscaling de imagem (AMD FSR, NVIDIA DLSS, Intel XeSS e IGTI, tecnologia proprietária do estúdio), além de sombras, reflexos e oclusão de ambiente via ray tracing. As configurações gráficas são amplas, assim como nos jogos de Spider-Man, e é possível alterá-las e ver a mudança em tempo real, o que é muito bem-vindo.

Ratchet and Clank Rift Apart review
Humor, os jogos deveriam ter mais disso

A cena inicial do jogo é um grande benchmark com cenários amplos, diversos efeitos acontecendo ao mesmo, além dos trechos em que os personagens atravessam os portais e passam por diferentes mundos, que são todos carregados na hora, esse que é o grande destaque do game. Essa parte é como um teste de estresse, com cinco mundos sendo carregados um seguido do outro.

Esse elemento em um SSD SATA (que a grande maioria dos PC gamers usam), funciona muito bem, com o maior tempo durando algo entre 2 a 3 segundos, sendo esse o mais demorado registrado aqui em minha experiência, não muito longe do que o PS5 ou um SSD NVME/PCIe consegue entregar no PC.

Vamos aos problemas

Apesar de ter um PC que consiga lidar com muitos jogos pesados em configurações gráficas altas dentro de 1080p e até 1440p, dependendo do jogo, Ratchet and Clank: Rift Apart deu trabalho para a minha máquina. O jogo não é só pesado, como ainda precisa de otimização. Por diversas vezes vi a performance despencar para a casa dos 40 FPS e não voltar mais ao normal, sendo necessário reiniciar o jogo. Ou jogar normalmente a 60 FPS, fechar o jogo, e na vez seguinte continuando, já no menu inicial o desempenho estar muito baixo, algo anormal.

Ratchet and Clank Rift Apart review
É, nada de ray tracing para donos de GPUs AMD

Geralmente, as tecnologias de upscaling de imagem resolvem o problema de desempenho com o custo de uma leve queda de qualidade de imagem, dependendo da otimização. Como uso placa de vídeo da AMD, somente o NVIDIA DLSS não está disponível por ser exclusivo das GeForce RTX. Em meus testes, o AMD FSR, Intel XeSS e o IGTI da Insomniac Games, entretanto, não resolveram meus problemas de queda de performance, além de diminuir consideravelmente a qualidade de imagem, já que essa tecnologia renderiza abaixo de sua resolução nativa.

Qual foi minha solução para ter 60 FPS constantes, você pergunta? O uso de resolução dinâmica com o TAA como anti-aliasing. Ao configurar essa taxa de frames como alvo, o jogo, dinamicamente, altera a resolução para que os 60 FPS aconteçam com frequência. Esse método não diminui a qualidade gráfica de forma perceptível como o upscaling de imagem e deixa o gameplay fluído, mantendo a qualidade de Ratchet and Clank: Rift Apart.

Outro ponto negativo do game é um estranho atraso nos comandos. Executar o pulo duplo era um desafio, já que o segundo comando não era reconhecido, sendo necessário um atraso não muito comum entre os dois pulos. Isso reflete também na pausa do jogo. Incontáveis vezes tentei pausar o game, e o comando simplesmente não funcionava. Era necessário mais alguns “apertos” de botão para o jogo entender o que eu queria. Vi também o menu inicial, na tela de escolher o save, simplesmente não responder a qualquer comando.

Ratchet and Clank Rift Apart review
A mensagem simplesmente ficou aí um “tempão”

Além disso, alguns elementos da interface de usuário permaneciam na tela e não saiam mais. Dois exemplos: uma caixa de texto abre na tela e permanece lá até mesmo durante a cutscene; o indicativo do botão a ser pressionado para a interação com o objeto aparece e também não sai mais. Coisas assim atrapalham na imersão.

Infelizmente não pude ver como estão os efeitos via ray tracing, já que a tecnologia não está funcionando nas placas de vídeo AMD Radeon. Os desenvolvedores e a própria AMD já disseram que estão trabalhando juntos nesse problema. Porém este review está sendo publicado cinco dias após o lançamento (já que recebemos o jogo no dia do lançamento), e o game só recebeu dois pequenos patches que não resolveram essa questão, nem os problemas de desempenho, algo que tem afetado também outros vários jogadores, basta dar uma passada no fórum do game na Steam.

Ratchet and Clank: Rift Apart é muito divertido, isso é fato (também entendo que não é para todo mundo), chegou com suporte as mais recentes tecnologias de PC, mas a Insomniac Games ainda tem um trabalho pela frente, seja resolvendo os problemas de desempenho, ativando o ray tracing em GPUs da AMD e corrigindo bugs. O jogo, inclusive, é o terceiro pior lançamento de PlayStation para PC, ficando na frente somente de Returnal e Sackboy.

O game chegou custando R$ 250, preço padrão da Sony e seus lançamentos no PC, que considero alto para ports. Tendo isso em mente, e o fato de que o jogo é curto, recomendo esperar por uma promoção, dando tempo necessário para o estúdio corrigir os problemas.