Rainbow Six Siege foi de longe o jogo mais bem-sucedido da Ubisoft dos últimos anos e agora, sete anos depois do seu lançamento, a série enfim recebeu uma nova entrada. Porém, os ávidos fãs daquela ação tática intensa proporcionada pelo multiplayer 5v5 que temos no Siege podem sair decepcionados, pois não é disso que se trata Rainbow Six Extraction, apesar de ter bastante ligação com seu antecessor.
Extraction nasceu de um evento do Siege intitulado Outbreak, lançado em 2018. Outbreak trocava o multiplayer competitivo pelo co-op, onde os jogadores deveriam se unir para enfrentar criaturas bizarras que nasceram de uma epidemia misteriosa. Basicamente, era algo mais voltado para o bom e velho Left 4 Dead (ou Back 4 Blood, para os novatos), porém com alienígenas do mal e um gameplay levemente mais tático. Extraction transformou esse evento em um jogo próprio, trazendo exatamente a mesma premissa e melhorando uma coisinha aqui e ali.
De volta ao fim do mundo
Apesar de nos enganar com uma introdução cinematográfica em CG, Rainbow Six Extraction não se esforça muito em nos prender pela história e já começa falhando nesse ponto. No início, somos apresentados a essa misteriosa ameaça, que começa destruindo Nova York sem dó nem piedade. Sem muita conversa, já somos jogados em um tutorial logo em seguida, ficando livres para começar a jogar para valer na marra.
A campanha é dividida em quatro fases principais: Nova York, São Francisco, Alasca e um último lugar que é segredo. Em cada um desses mapas, você e mais dois jogadores, sejam amigos ou pessoas aleatórias, serão desafiados com uma série de objetivos gerados na sorte. Em tese, as fases não se repetem, já que as missões são aleatórias, mas existe um número bem limitado delas, o que acaba tornando a coisa repetitiva de qualquer modo. Geralmente, tudo se resume a limpar uma sala cheia de colmeias, resgatar reféns e coisas do tipo. Apesar de ser pouco, ainda existe uma quantidade razoável delas, então vai demorar algumas fases para tudo começar a se repetir.
Nossos inimigos aqui serão monstros chamados de Arqueanos, que nada mais são que pessoas infectadas com esse tal parasita. Seguindo a lógica de jogos do gênero, eles atacam em hordas e possuem diferentes variações, incluindo tudo de mais clichê: o gigante fortão, os bolhudos que explodem e o resto você já sabe. Entretanto, inicialmente eles não estão posicionados em forma de horda, como já estamos acostumados – vemos apenas alguns espalhados pelo mapa. Rainbow Six Extraction estimula (quase que forçando) os jogadores a adotarem uma abordagem stealth, pois se você alertar uma horda, a coisa fica muito feia.
A dificuldade é um dos pontos altos do jogo, o que é tanto uma benção como uma maldição. Não dá para sair tankando qualquer grupo de monstros que encontrar, muito menos quando se está jogando com uma equipe aleatória, que não temos comunicação nem entrosamento. Os Arqueanos são resistentes e muito fortes, além do fato da munição ser limitada e nem sequer existir cura para seu personagem. Pois é, o máximo que dá para fazer é usar uma espécie de curativo que aumenta sua vida temporariamente, mas não proporciona uma cura real.
Lutando pela sobrevivência
Dito tudo isso, dá para ver que Extraction não deixou o lado tático de lado, apenas adaptou sua abordagem de acordo com a temática e isso foi bem legal. O gameplay ainda é o mesmo do Siege, então nesse ponto é como jogar o mesmo jogo, incluindo até as mesmas ferramentas (como os drones, por exemplo) e, pasmem: os mesmos personagens! Eles literalmente reciclaram a lista de agentes do Siege e mudaram só uma corzinha no uniforme de cada um – mas sabe como é, não seria um título da Ubisoft se não houvesse reciclagem.
Extraction é propositalmente punitivo para forçar os jogadores a jogarem este como qualquer outro Rainbow Six, incluindo até alguns detalhes que nos pegam de surpresa. Um exemplo: se morremos em alguma missão, não tem volta, acabou para você – mas o jogo ainda vai além! Algum membro da sua equipe precisará te arrastar até o ponto de extração, caso contrário o personagem que você estiver jogando será classificado como “desaparecido em ação” (isso também acontece quando todos morrem). Caso isso aconteça, aquele agente ficará indisponível até que você volte na bendita missão para salvá-lo. É necessário? Não. É irritante? Com certeza, mas sem dúvidas é um detalhe bem legal.
Com todos esses obstáculos no caminho, o jogo busca recompensar os esquadrões que forem corajosos o suficiente para emendar várias missões de forma consecutiva, melhorando a taxa de XP e outros prêmios. Quem não quiser arriscar pode interromper a sequência para garantir os espólios daquela rodada, então vai de cada um. Isso acaba sendo algo mais vantajoso para quem está jogando com amigos, já que dificilmente uma equipe aleatória se sairá tão bem assim. Aliás, não existe a possibilidade de jogar sozinho com BOTs, sendo um game 100% online, então por vezes isso pode acabar sendo um problema.
No geral, o jogo até consegue ser divertido quando jogado direitinho, porém dificilmente vai conseguir se manter interessante por muito tempo. Após terminar a campanha (que é bem curta, por sinal), a única coisa que incentiva o jogador a continuar jogando são as recompensas conquistadas por subir de nível, o que não é lá muito motivador. Tudo isso, somado com a sensação constante de que estamos jogando um DLC de Rainbow Six Siege e não um jogo próprio, acaba tornando essa experiência um tanto breve e pouco duradoura.
Acho que valeu a tentativa de investir em uma entrada mais diferentona para a franquia, mesmo que não tenha sido algo tão inédito assim; porém, é fato que Extraction está fadado a cair no esquecimento muito rapidamente. Parece que foi mais um lançamento para tapar o buraco dos sete anos sem um novo Rainbow Six do que um título planejado para ser grandioso. Provavelmente, o verdadeiro sucessor do Siege ainda está no forno e vai demorar para dar as caras.