A Ratalaika Games tem um estilo mais retrô em seu DNA e isso fica ainda mais claro com o lançamento de Panda Punch, desenvolvido pela Ninja Rabbit Studios, que se apoia fortemente no sentimento de nostalgia dos plataformas da geração 8 e 16-bit.
Com um visual bem trabalhado e diversas boas ideias, a proposta do jogo se mantém muito raza e fica na execução simples, sem conseguir entregar uma boa experiência ou até mesmo resgate do que já tivemos em clássicos.
A simplicidade rasa de um panda
Quando a gente pensa que viu de tudo como plot principal nos games, vem a Ninja Rabbit nos leva através da jornada de um panda vermelho (sim, o mesmo de Red – Crescer é uma Fera) que, após o ataque inesperado de misteriosos robôs, acaba perdendo a sua pata direita.

Ao chegar até o ferreiro da sua vila, a ideia de ter uma prótese biônica acaba sendo a solução mais viável para enfrentar a ameaça imininente das máquinas. Talvez com a tentativa de fazer um paralelo sobre natureza e tecnologia, no fim seguimos por quase 60 fases para descobrir mais sobre tratar-se de uma ameaça extraterrestre.
Sabemos que os jogos de plataforma dificilmente possuem uma boa história ou justificativa, mas Panda Punch acaba pecando em desenvolver essa jornada pelo simples fato de não conseguir evoluir as etapas que trilhamos.
O primeiro motivo está ao enfrentarmos 16 fases para chegar ao primeiro chefe, todas com cenários genéricos, level design muito simplório e sem motivos para justificar a busca pelos itens ou até mesmo justificar o retorno para as fases que ficaram para trás e, por conta da repetição, foram vencidas às pressas.

A falta de profundidade não está somente nas fases, mas também nos quebra-cabeças. Achei muito interessante a proposta de usar a manopla mecânica para socar, empurrar e carregar caixotes para ativar botões que abrirão caminho até o fim.
No entanto são desafios rasos que dificilmente exigem qualquer raciocínio, inclusive fazendo com que as poucas vezes que você “erre” uma sequência de botões apertados, a fase tenha que ser reiniciada por falta de solução por parte dos desenvolvedores para pelo menos utilizarem os checkpoints.
Power-ups para enfrentar chefinhos
Se o level design é simplório e muitas vezes parece não fazer sentido, com aberturas no chão ou plataformas perdidas, os desenvolvedores acertaram em criar uma mecânica de melhorias para o protagonista.

Em cada fase podemos coletar moedas (quadradinhas) e super moedas (redondas e azuis, com um “P” no meio), para retornarmos ao ferreiro e aumentarmos nosso HP ou o poder do nosso ataque.
O problema é que quando nos empolgamos em encontrar essas moedas pelos cenários, que realmente exigem atenção e um pouco de raciocínio para pegar todas pelos caminhos, os chefões acabam perdendo totalmente a relevância por se tornarem fáceis demais.
No entanto a facilidade de enfrentar os cinco chefões que encontramos ao longo do jogo acaba contribuindo para as melhorias virem facilmente para o panda. Soco para cima ou para baixo ao pular, carregar caixote e rolamento são os upgrades que conquistamos, contribuindo diretamente para o backtracking e pequenas variações na jogabilidade simplória.
Nostálgico até mesmo na canseira
Panda Punch acerta em cheio na maneira como se propõe em resgatar os jogos que eu tive quando criança, inclusive no visual colorido e bem definido. Até mesmo quando erram ao não trabalharem na diversidade de inimigos e nos cenários que pelo menos não se limitam em trocar o layer de cor, como era na geração do NES, mas todos acabam sendo muito parecidos.

Idêntico mesmo é a maneira como a trilha sonora foi trabalhada, com uma repetitividade que beira a crueldade. Mesmo ao se propor em trabalhar com chiptune, para reforçar esse sentimento de nostalgia, tudo acaba sendo bem enjoativo e mesmo sendo num jogo de no máximo cinco horas.
Mesmo com diversos erros por buscar uma simplicidade exacerbada ou por se apoiar demais na memória afetiva dos jogadores, Panda Punch acaba divertindo por ser breve e oferecer uma experiência do gênero plataforma que ao menos cumpre o desafio de ir até o fim de um cenário sem perder os três corações.
Se você busca por esta “emoção” que ficou para trás na história dos consoles, então Panda Punch é o jogo ideal para você. Eu consegui me divertir, mas no fim fiquei com aquela sensação de precisar terminar de jogar antes de dar o horário de ir para a escola!