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Prazeres e gostos são peculiaridades muito intimas de cada pessoa, sempre nos lembramos do momento em que algo que irá chamar nossa atenção surge em nossa frente. Comigo foi quando vi Akira pela primeira vez na Band em um domingo a noite, a cena onde Tetsuo vê um dos seus seguidores ter seu braço cortado com um canhão de laser ficou gravada eternamente na minha mente e o cenário do filme, junto de outras mídias que consumia na época ajudaram a moldar meus gostos e Mullet MadJack preenche cada uma das categorias.

Criado pela Hammer95, empresa totalmente nacional liderada por Alessandro, que até mesmo chegou a conversar comigo em uma entrevista após o lançamento da demo do jogo, a qual joguei igual a um viciado, sempre tentando bater o meu tempo. Parando no começo do terceiro andar sempre ao subir a torre na demo, assim que pude ter acesso ao jogo completo, subi a torre o mais rápido que pude, satisfazendo assim toda a minha necessidade por uma experiência boomer shooter e animes O.V.A-Style.

Seu nome é Jack, Mullet MadJack

Conversando com Alessandro sobre a origem da ideia do jogo, descobri que mesmo sendo um grande fã do gênero FPS, o mesmo não se encaixa muito no perfil de jogos como Call of Duty, Battlefield ou Battle Roayles, dando mais preferência a jogos como Dusk, Doom (2016), ou até mesmo o mod Brutal Doom. O mesmo se dá com animes, onde o mesmo diz preferir o feeling e visual de animes mais maduros, tais como Ciber City Oedo, Riding Bean, City Hunter e outros.

Imagem do review de Mullet MadJack

Além das influência dos jogos de FPS boomer shooter e animes clássicos, Alessandro também afirma ter tido grande influência das obras de Hideo Kojima em Snatcher, Policenauts e Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty, além das obras de SUDA 51, algo que notei logo de cara quando joguei a demo. Cansado da “falta” de boomer shooters no mercado, Alessandro junto do programador Leonardo Zimbres começaram o projeto em busca de algo que unisse todos os seus gostos.

A ideia do jogo funcionar em cima de um timer também partiu do hobby de Alessandro de sempre bater recorder em jogos como Gran Turismo, correndo contra outros oponentes ou fantasmas, sendo buscando otimizar seu tempo a cada corrida. Além da crítica à dependência atual em massa do consumo incessante de mídia, afim de recebermos aquela pequena dose de dopamina para seguirmos em frente ou nos entregarmos por limites de tempos misteriosos rolando o reels do Youtube, stories do Instagram ou TikTok’s da vida.

Correndo contra o tempo, em Mullet MadJack o jogador deve suprir sua sede de sangue e violência e manter seu contador sempre no máximo, afinal o importante é reter a atenção dos seus espectadores em uma transmissão mortal, onde os espectadores esperam ver um show visceral e cheio de adrenalina e velocidade promovido pelo jogador. Hora de matar “Robilionários” e resgatar a princesa Influencer e derrotar o misterioso Sr.Bullet.

Imagem do review de Mullet MadJack

Sua princesa está em outro andar!

A expressão “correr contra o tempo” nunca fez tanto sentido quanto em Mullet MadJack! Mullet é o que o jogo chama de Moderador e através do aplicativo da empresa Peace Corp. chamado Vigilante, ele é capaz de streamar a sua matança através do Nakamura Plaza, em busca de resgatar a princesa Streamer, sequestrada pelo vilanesco Sr. Bullet. Usando a fúria estilosa de Jack e sua pré-disposição para o massacre, o jogador vai ter que realizar o máximo de mortes possíveis para ganhar mais tempo de vida.

Pois só matar por matar não é justo para com os inimigos, por isso todos os moderadores precisam sincronizar seus batimentos cardíacos com a live do aplicativo, caso 10 segundos se passem e nenhuma morte tenha sido causada, Mullet irá pentear seus cabelos no além, pois seu coração não terá mais atividade cardiovascular, pois ninguém consegue prestar atenção em alguém apenas andando por 10 segundos, estamos vivendo em que época? 1832 onde andamos a pé e morremos de cólera?

O limite de tempo torna Mullet MadJack praticamente imortal, no entanto apenas a passagem de tempo não é sua inimiga, enquanto sobre 89 andares da torre Nakamura, ele terá de lutar contra hordas de robôs lacaios dos Robilionários, humanos que trocaram seus corpos por máquinas de matar avançadas. Sempre que sofrer dano, Mullet sofrera uma penalidade de tempo, corra sem parar, mate sem parar e de um show aos espectadores.

Imagem do review de Mullet MadJack

O jogo se divide em 10 capítulos, cada qual mostrando uma parte da aventura de Mullet MadJack, adicionando novos inimigos, desafios e obstáculos, além de novos upgrades, habilidades e armas. A cada dez níveis, enfrentamos um boss do jogo, nesse momento a conexão com o servidor da Peace Corp. é cortado e voltamos a ter uma quantidade de vida, o que é uma faca de dois gumes, já que não há tempo determinado para se derrotar o chefe, mas também não há como recuperar a vida.

Um arsenal com pernas e tênis maneiros

Além de salvar a garota, Mullet MadJack encara a missão por um par maneiro de “pisantes”, afinal estilo é um estilo de vida e não algo totalmente superficial. Enquanto sobe a torre, a cada andar que passa, o jogador pode escolher um entre três upgrades disponíveis, alguns podem acabar até mesmo agindo como downgrades dependendo do seu estilo de jogo, então cuidado ao escolher!

Os upgrades são diversos, indo desde armas diferentes como uzis, uma escopeta, canhão de plasma, canhão de calor e katanas elementais, além de haver upgrades que facilitam o ricochetear de balas, segundos ganhos por morte e até mesmo estender o limite de tempo total para além de dez segundos. No entanto sempre que se derrota um dos chefes ao final de dez andares, os upgrades são revertidos e voltamos a estaca zero.

Imagem do review de Mullet MadJack

Para não ser injusto o jogador ganha direito a um upgrade definitivo, seja ele a capacidade de reter alguns upgrades após vencer um boss, aumentar a qualidade de uma arma até três ou poder sortear novamente os itens da loja de upgrades ao final de um nível. Gerando mais chances de se rodar uma build de upgrades pré-determinada, ou simplesmente lançar tudo aos ares e deixar o caos tomar conta com upgrades como Roleta de Armas, que permite que o jogador pegue uma arma aleatória a cada execução.

Falando nelas, as execuções são uma das partes mais importantes ferramentas para se avançar pelo jogo. Ao longo da sua corrida pelos andares, Mullet MadJack pode encontrar chaves inglesas, facas, cutelos e até mangas quer podem ser cravados na cabeça dos inimigos que estão afim de impedir nosso avanço, além de garantir imunidade por uma curta janela de tempo e garantir uma imagem marcante de um robô com algo cravado em seu crânio.

Desviando de buracos e bebendo um refri

Sempre que avançamos um lance de 10 andares um novo obstáculo grande é adicionado, como fossos, lasers explosivos, poços de ácido ou lava, alguns upgrades podem ajudar a ultrapassar esses obstáculos mais rapidamente e alguns até mesmo a lidar com os novos tipos de inimigos que também surgem, como os Chainsaw Boys, usuários de escudo e minas inteligentes. Alguns podem até pensar que apenas execuções e matar pilhas de robôs não seja o suficiente para encarar essa missão, mas Mullet MadJack tem um segredo.

Imagem do review de Mullet MadJack

Para reverter esse quadro calamitoso, é possível achar várias máquinas de refrigerante espalhadas pelos andares de Mullet MadJack, essa bebida altamente açucarada recupera totalmente o tempo limite e permite que ele continue sua matança caótica. Se der a sorte de conseguir um upgrade de Soda Akimbo então, ele se torna uma máquina de matar, usando duas armas com munição infinita por um tempo determinado.

Com uma trilha sonora frenética, Mullet MadJack é um excelente boomer shooter da nova geração, mas no entanto tem um aspecto que pode acabar afastando alguns jogadores, mas é um prato cheio para os sádicos masoquistas de plantão. Afinal o jogo se vende como um OVA FPS, ou seja segue o estilo de animações OVA japoneses o que o torna razoavelmente curto se comparado a outros jogos do gênero.

Por outro lado, o verdadeiro desafio de Mullet MadJack começa quando o jogador chega ao modo infinito, uma barragem de níveis sem fim onde o desafio aumenta cada vez mais e um prêmio aguarda o jogador em um de seus andares. Isso até o momento, pois conversando com Alessandro é possível que mais surpresas venham no futuro aumentando ainda mais o desafio e prêmios para os jogadores assíduos e determinados a completar andares sem fim.

Imagem do review de Mullet MadJack

Rebobinando várias vezes

No quesito de gameplay e execução do jogo, não tive problemas o jogo rodou perfeitamente em minha máquina e acredito que não será problema para muito dos jogadores em geral, uma vez que os requisitos são bem simples. Não tive problemas com bugs ou comandos não responsivos, o único “bug” que ocorria as vezes era a porta abrir em posição oposta ao inimigo e ele ser lançado na minha direção já morto.

Mullet MadJack entrega o que promete, um boomer-shooter, rápido, frenético e cheio de referências a década de 80 em relação a anime, jogos e piadas, sendo um jogo recheado de referências, como Edgy the Hounddog, computadores com jogos que misturam Tekken, Street Fighter e Virtua Fighter em apenas um jogo e até mesmo uma versão russa do que seria o Metal Gear deste universo, além de uma piada bem antiga sobre o maior usuário de Mullet que este planeta já viu, mas irei deixar que vocês a descubram normalmente.

Particularmente a única coisa que eu mudaria seria a adição de um boss a mais para evitar uma certa repetição a frente, de resto, o jogo acertou todas as notas que eu poderia esperar de uma aventura que se intitula como um jogo OVA, algo curto, encapsulado dentro de seu microverso ensandecido e me leva em uma aventura contida em poucos capítulos. Tudo com muita originalidade, estilos visuais marcantes e trilha sonora de qualidade!

Imagem do review de Mullet MadJack

Esse é apenas mais um dos exemplos do quão incrivelmente rico e original o mercado nacional pode ser, trazendo cada vez mais olhares para os criadores de games incríveis nacionais, os quais eu sempre adoro testar como o excelente Pocket Bravery que moveu montanhas no ano passado. Por isso dê uma chance a busca insana de Mullet MadJack pela Princesa Streamer enquanto garante um par maneiríssimo de tênis!

100 %


Prós:

🔺 Narrativa totalmente maluca, mas divertida e engajante
🔺 Gameplay satisfatório e recompensante
🔺Alto valor de replay com várias dificuldades e um modo infinito
🔺Estilo visual marcante, como um anime futurista de Hotline Miami
🔺Trilha sonora de ponta

Contras:

🔻 Repetição pouco criativa de um dos Chefes

Ficha Técnica:

Lançamento: 15/05/2024
Desenvolvedora: HAMMER95
Distribuidora: Epopeia Games
Plataformas: PC