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Em 2021, a Mad Mimic surpreendeu o público com o excelente roguelite Dandy Ace, no qual controlávamos o habilidoso ilusionista Ace enfrentando seu invejoso antagonista. Agora, a mesma empresa, em parceria com a Light Up Games, apresenta um inovador metroidvania com temática pirata. Diferente da icônica Shantae e sua trupe, em Mark of the Deep, Rookie e seus companheiros precisam enfrentar uma antiga maldição enquanto tentam escapar de uma misteriosa ilha.

Semelhante a Death’s Door, Mark of the Deep traz uma proposta ousada e diferente do que se espera de um metroidvania, gênero geralmente associado aos clássicos Metroid e Castlevania. Aqui, temos uma abordagem mais próxima de jogos como Diablo, com sistemas e combates que remetem a soulslikes. Mas será que o jogo consegue navegar por águas turbulentas ou acaba afundando em suas ambições?

Completamente fora do mapa

A história de Mark of the Deep apresenta a tripulação de um navio pirata tentando sobreviver a uma forte tempestade. Rookie, prestes a ser lançado para fora do navio, tenta usar seu enorme gancho para se segurar a uma corda, mas o fio corta facilmente a madeira e acaba ferindo Rookie. A última cena na superfície é a silhueta do capitão recolhendo-se em seus aposentos, momentos antes de o navio explodir.

Mark of the Deep

Rookie desperta em um templo antigo, onde descobre que, de forma misteriosa, não morreu. Ele sobreviveu tanto ao ferimento causado pelo gancho quanto à queda do navio e à tempestade. Ao sair do templo, ele se depara com uma ilha estranha, habitada por esqueletos mortos-vivos e criaturas aquáticas humanoides que afirmam viver ali há muito tempo.

Pouco depois, Rookie encontra Blackeye, um dos líderes da tripulação pirata da qual ambos faziam parte. Refletindo sobre os próximos passos, Blackeye acredita que Rookie é a única esperança para desvendar os mistérios da ilha e salvar os outros tripulantes. Rookie é o único capaz disso porque não foi afetado pela maldição local.

O jogador descobre que Rookie possui a Marca da Profundeza, uma proteção que o ressuscita sempre que ele morre em pontos marcados e o mantém imune à maldição da ilha. Essa maldição transforma aqueles que permanecem no local em criaturas marítimas, trocando sua pele por escamas, seus pulmões por guelras e apagando suas memórias.

Mark of the Deep

Dungeons, cavernas, castelos e muitos itens

Mark of the Deep se inspira em diversos jogos famosos, algo evidente na disposição de itens, relíquias e no design de níveis. Os mapas são divididos por transições curtas de cenários, como as salas interconectadas dos metroidvanias clássicos Castlevania e Metroid, onde cada área compõe um local maior. Cada nível possui uma temática própria e uma mecânica que ajuda Rookie a superar os desafios.

Na primeira dungeon, por exemplo, o jogador adquire uma pederneira, que é capaz de atacar inimigos à distância e ativar cristais fora de alcance. Conforme o jogador avança, Rookie ganha habilidades como lançar o gancho em paredes ou objetos para atravessar buracos, usar redemoinhos aquáticos como portais e empunhar armas como canhões portáteis e revólveres.

Rookie também encontra equipamentos que ajudam em suas explorações. Esses itens ocupam espaços no inventário, inicialmente limitados a três. Contudo, é possível expandir o número de espaços encontrando baús ou comprando melhorias com os vendedores nas vilas que aparecem ao longo da jornada.

Mark of the Deep

Alguns itens ocupam mais de um espaço no inventário, o que incentiva combinações estratégicas. O jogador pode priorizar agilidade, força ou carregar mais poções de cura. Essa personalização torna cada exploração única, permitindo que Rookie se adapte melhor aos desafios.

Lutando contra a maré

O combate em Mark of the Deep é funcional, mas poderia ser melhor. Comparado a Dandy Ace, ele ainda sofre com problemas como telegrafia confusa e falta de impacto nos golpes. Em Dandy Ace, isso era menos perceptível devido ao foco em magias, mas aqui, com Rookie empunhando um gancho gigantesco, a ausência de peso nos ataques é mais notável.

Os inimigos e chefes não são particularmente difíceis. Cada um possui estratégias específicas que facilitam sua derrota, mesmo as unidades mais avançadas. No entanto, áreas como a Floresta apresentam um alto volume de inimigos, elevando o desafio. Os cogumelos explosivos e mágicos, por exemplo, foram especialmente problemáticos em certos momentos.

Mark of the Deep

Nos primeiros cenários, Rookie tem pouca vida e apenas três balas, que podem ser recarregadas acertando cristais ou inimigos. Com o tempo, é possível encontrar itens como cristais de Sangue do Leviatã e Fragmentos de Joia da Alma para melhorar a barra de vida, o gancho e as armas de fogo ao interagir com Yonis, o ferreiro tubarão.

Com equipamentos melhores, maior barra de saúde, tempo adequado para esquivas e boas combinações de itens, Mark of the Deep se torna acessível e tranquilo de finalizar. Contudo, a trilha sonora, sonoplastia e dublagem deixam a desejar, especialmente quando comparadas ao trabalho feito em Dandy Ace. Por outro lado, a direção de arte da Mad Mimic mais uma vez impressiona, com monstros e cenários visualmente marcantes.

Para o fundo do oceano!

Mark of the Deep é uma grata surpresa que, se tivesse sido lançado na era do PS1 ou PS2, seria facilmente um clássico. Os cenários iniciais me remeteram ao início de Brave Fencer Musashi, embora sem a mecânica de absorver habilidades dos inimigos. Muitos jogadores reclamaram da ausência de um mapa, algo considerado essencial no gênero metroidvania, mas isso não diminui a experiência como um todo.

Mark of the Deep

Entre os metroidvanias que joguei, Mark of the Deep é um título que me marcou bastante. Não chega ao nível de excelência de Indivisible, mas oferece uma experiência tão agradável quanto The Last Case of Benedict Fox. Apesar das limitações no combate e na trilha sonora, navegar por este oceano repleto de clássicos já é, por si só, uma grande conquista. A marca da profundeza definitivamente está ao lado de Mark of the Deep.

80 %


Prós:

🔺 Divertido e simples, um jogo direto ao ponto em todos os quesitos
🔺 Um excelente metroidvania isométrico, com grande variedade de inimigos e desafios
🔺 Direção de arte e world-building excelentes

Contras:

🔻 Trilha sonora, sonoplastia e dublagem que deixam bastante a desejar
🔻 O combate é “flutuante”, não transmite peso ou emoção

Ficha Técnica:

Lançamento: 24/01/2025
Desenvolvedora: Mad Mimic
Distribuidora: Light Up Games
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series
Testado no: PC

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