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Mario Party Superstars chega como o 12º jogo da série principal (para consoles), seguindo o formato de compilação estreado por Mario Party: The Top 100, lançado em 2017 para o Nintendo 3DS. Embora o jogo portátil não tenha agradado os fãs, por problemas no gameplay e um único tabuleiro pra jogar, Mario Party Superstars acerta em cheio ao resgatar os melhores tabuleiros e minigames de toda a franquia. Mais precisamente, o melhor dos jogos lançados para Nintendo 64 e GameCube.

Cinco mapas originais da trilogia do Nintendo 64 retornam refeitos: Yoshi’s Tropical Island (Mario Party), Space Land (Mario Party 2), Peach’s Birthday Cake (Mario Party), Woody Woods (Mario Party 3) e Horror Land (Mario Party 2). Cada tabuleiro possui sua própria dificuldade medida em estrelas, indo de 1 a 5 exatamente na ordem que citei. Mario Party Superstars herda também os minigames dos jogos de Nintendo 64, junto de vários outros dos jogos de GameCube, totalizando 100. É coisa pra caramba e a desenvolvedora japonesa NDcube fez uma excelente curadoria para agradar a todos os gostos.

Para não ficar apenas com cara de nova coletânea, já que os minigames possuem gráficos semelhantes ao que vimos em Super Mario Party (lançado em 2018 pro Switch), o novo jogo traz uma hub que identifica os modos e opções como áreas para visitar. O cano verde, no centro do mapa, leva ao Mario Party tradicional. Ao lado, há um barco que o leva para a Montanha Minijogos (sem tabuleiro, com opção online).

Esta é a hub principal de Mario Party Superstars

Já a Casa da Amizade só abre online e é dedicada ao modo Mario Party. Na Loja do Toad você encontra os colecionáveis, para trocar por moedas obtidas em qualquer modo. Na Casa dos Dados, Kamek traz informações de progresso (estatísticas, conquistas, etc). E, por fim, Shy Guy o guia pela Casa das Opções para configurar o jogo à sua maneira.

Partidas para quem não tem pressa

Para aqueles que nunca jogaram Mario Party antes, fica a dica: a partida mais rápida, com 10 rodadas, demora em média 30 minutos pra terminar. Logo, o modo principal não é recomendado para quem quer algo mais casual e rápido, como WarioWare: Get It Together! Jogando sozinho, a partida pode correr mais rápida se mudar a velocidade dos diálogos e de ação do computador.

Com amigos, jogando localmente, é necessário ter paciência: com frequência alguém esquecerá de apertar o botão para passar um diálogo envolvendo seu personagem no tabuleiro ou ficar pronto para um minigame durante a tela de instruções – a qual permite jogar o minigame antes dele começar pra valer, para entender como funciona. A tomada de decisão, como olhar o mapa do tabuleiro ou decidir qual item de apoio usar, pode deixar a jogatina ainda mais arrastada se não houver cooperação coletiva. Faltou uma opção para limitar o tempo da rodada, para apressar os jogadores mais desatentos.

O tabuleiro Space Land recebeu um belo trato no visual

Na Casa da Amizade (online), você pode entrar em grupo de amigos, via ID numérico, criar um novo grupo fechado ou aberto a todos – e torcer para alguém entrar pra jogar com você. Tive bastante dificuldade para formar partida nesta opção, ao contrário da Montanha Minijogos. Muito provavelmente pela casualidade das partidas sem tabuleiro, há bem mais gente jogando. Na hub da montanha você encontra vários modos para escolher, inclusive um para participar de desafios diários.

Simplificando as coisas

Super Mario Party aproveitou os recursos do Nintendo Switch para duas coisas: a interconectividade com duas telas aproximadas, compatível apenas com alguns dos minigames, e o uso do sensor de movimentos do joy-con. O primeiro recurso foi criado para impressionar, mas enjoa rapidinho. E jogar minigames fazendo movimentos, bem, chega uma hora que cansa. A NDcube entendeu a vantagem de descomplicar as coisas e adaptou tudo para os botões.

Já os tabuleiros funcionam como antigamente, exceto por algumas melhorias e novidades. As casas de sorte (verde), que acionam eventos, agora trazem consequências inéditas que podem mudar completamente o rumo da partida. O jogador na liderança pode, em uma única rodada, ser rebaixado para o 4º lugar. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom pelo lado da imprevisibilidade, e ruim quando certos eventos são acionados com muita frequência, quebrando totalmente o ritmo do game. Por exemplo: a troca de posição da estrela, item crucial para vencer a partida, ou um evento que expulsa os personagens de uma área do tabuleiro.

“Corgumelo” (Mushroom Mix-Up) é um dos minigames clássicos a voltar

Para aqueles que não estão familiarizados com a franquia, a jogatina acontece da seguinte maneira: até 4 jogadores participam de uma rodada no tabuleiro seguida de um minigame aleatório. O objetivo é juntar moedas e conseguir estrelas, ao mesmo tempo que usa itens e vantagens das casas de sorte para sacanear os adversários. Tem armadilhas do Bowser, NPCs que te ajudam em troca de moedas, obstáculos, um pouco de tudo. A partida acaba ao final das rodadas, que podem ser configuradas entre 10 a 30, durando de 30 a 90 minutos. E graças aos bônus presenteados por Toad como, por exemplo, o de jogador pé-frio, o resultado pode mudar inesperadamente.

Uma decisão que não entendi foi a redução na quantidade de personagens jogáveis. Comparado ao game anterior, a lista foi enxugada de 16 para 10. A única “novidade” é o retorno de Birdo, que não aparecia nos jogos da série desde Mario Party 9 (2012). Bowser, entre outros personagens outrora jogáveis, surgem com os eventos e/ou aparecem como parte do cenário.

Finalmente em PT-BR

Demorou muito, mas aconteceu: Mario Party Superstars é o primeiro game da Nintendo com tradução e dublagem em Português do Brasil. Impossível não ficar feliz com os menus, textos dos diálogos e explicações dos tutoriais na nossa língua nativa. Os jogadores mais novos agradecem! Já a dublagem limita-se a poucas palavras, como “1, 2, 3… Vai”, “Fim” e “Vitória”. É pouco, mas já é um avanço.

Traduções PT-BR adaptadas no capricho

Além da questão dos eventos poderem ocorrer em excesso (por azar dos jogadores, obivamente) e esfriar a partida, junto da inexplicável redução na quantidade de personagens jogáveis, um outro detalhe me incomodou: o sistema de figurinhas. No modo online até entendo que isso sirva como alternativa de comunicação quando não há chat de voz entre os jogadores, mas jogando localmente este sistema de nada serve. Basta um simples toque acidental no analógico do joy-con para abrir uma janelinha com a sua coleção, sendo necessário apertar B para fechar. Perdi a conta de quantas vezes meus amigos e eu abrimos esse menu sem querer, atrapalhando o campo de visão.

Mario Party Superstars não é perfeito, muito menos original. Porém, não dá pra negar que a NDcube acertou na escolha dos tabuleiros e minigames. O pacote é decente e manterá os jogadores entretidos por muito tempo, especialmente quem for competir os minigames no modo online. Quando eu achava que estava jogando bem, tomei um sacode de outros jogadores. No fim, o que importa é se divertir e dar risada das suas próprias presepadas.

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024