Maneater é aquele tipo de jogo que jogamos simplesmente porque não queremos exigir demais da nossa massa cinzenta. Você é um tubarão mutante assassino que evolui conforme come tudo que vê pela frente, então estamos falando de uma proposta simples como deve ser, com um mapa sandbox repleto de atividades extremamente repetitivas e uma campanha surpreendentemente divertida.
Por ser um jogo que força o jogador a fazer as mesmas coisas do início ao fim, digamos que os desenvolvedores souberam explorar essa repetição sem exagero, então o mapa não é grande, a campanha é curta e dá para fazer 100% rapidinho. É fato que, depois de terminar tudo, dificilmente ficamos com saudades deste oceano, mas agora temos um motivo para retornar: o DLC Truth Quest, que adiciona uma nova porção de mapa a ser explorada e dá um contexto inédito para aquilo que nós já fizemos durante todo o jogo base.
Tubarão de Chernobyl
A saga de vingança do nosso querido rei dos mares já não era lá um enredo muito instigante, mas em Truth Quest os desenvolvedores chutaram o balde. Agora temos que enfrentar uma corporação misteriosa que está poluindo os mares com produtos tóxicos e radioativos, o que está causando mutações nas criaturas marinhas. Porém, de acordo com a teoria da conspiração apresentada pelo jogo, quem comanda essa operação na verdade são insetos humanoides alienígenas em um plano de dominação global… não, não é brincadeira, essa é literalmente a história do DLC.
Truth Quest libera um distrito separado no mapa que funciona exatamente como qualquer outro do jogo base, então seria como estender sua jogatina por mais três ou quatro horas (já incluindo os objetivos opcionais). Temos uma meia dúzia de missões principais, os mesmos colecionáveis de sempre (com a adição de um novo que não faz tanta diferença) e cinco novos caçadores de tubarões para afundar.
A parte mais legal desta expansão são as novas mutações disponíveis para o nosso tubarão. Presumindo que você já tenha evoluído seu predador ao máximo, agora é possível chegar até o nível 40 e montar um bichão 100% radioativo que solta raios laser pela boca. É claro que isso aí é só uma graça para fazer a gente se sentir ainda mais poderoso, já que a essa altura do campeonato somos praticamente invencíveis.
Contudo, também teremos alguns adversários à altura para enfrentar nessa nova área. Além dos caçadores, que agora estão mais agressivos e usando novos meios para nos atacar (incluindo até mesmo helicópteros), também teremos alguns predadores mutantes com poderes variados – alguns chegando até o nível 60! A “má” notícia é que nós ainda somos a criatura mais forte dos mares e nenhum desses oponentes oferecem um desafio digno de suas aparências intimidadoras. A estratégia permanece a mesma: metralhe o R2 até matar geral (e se estiver jogando no PS5, torça para o botão não quebrar no processo).
Maneater 64
Já com respeito as missões, temos algumas novidades só para dizer que elas não estão idênticas às da campanha principal. Não me entendam mal, no geral elas ainda estão e não escaparemos daquelas bem básicas de ir até um local e matar 10 humanos incontáveis vezes, mas pelo menos eles se esforçaram em mudar um pouco nosso modo operandi. Isso é feito principalmente através da habilidade de arremessar coisas, algo que você provavelmente nem sabia que era possível, mas aqui vai ter que aprender a usar.
Outra missão adicionada foi aquela clássica corrida com anéis (quem jogou Superman 64 provavelmente tem trauma dessas). É exatamente a mesma coisa que seria em qualquer outro jogo, porém sendo aplicadas às mecânicas aquáticas do jogo. Já aviso de antemão que as corridas com anéis que passam por cima de pontes vão te deixar maluco.
Como de costume, toda a nossa jornada neste reino tóxico será narrada pelo comentarista Trip Westhevan, que está mais engraçadinho do que nunca e enfiando uma piada a cada minuto de gameplay. Os comentários dele ainda são muito divertidos, mas uma coisa que me incomodou bastante foi o tamanho das legendas, que por alguma razão estão gigantes! Eu tive que desligá-las para poder jogar numa boa, pois agora elas estão ocupando facilmente uns 30% da tela e não existe opção para diminuir o tamanho da fonte. Pelo menos o jogo é dublado em português, então todos conseguem jogar sem legendas tranquilamente.
Truth Quest estende razoavelmente a vida útil de Maneater, mas no final não adiciona nada de relevante e acaba sendo uma expansão um tanto fraca. As novas mutações são legais, mas todo o restante do pacote consiste basicamente em mais repetição das coisas que já fazíamos no jogo base. O preço também não ajuda em nada, saindo pelo absurdo de R$ 80 na PlayStation Store. Ainda assim, quem estiver procurando algum motivo para desbravar esses mares novamente certamente não sairá desapontado – desde que aproveite uma boa promoção, é claro.
