O que há do outro lado da vida? Essa é uma pergunta que o homem se pergunta desde os primórdios. Enquanto a ciência não consegue responder com precisão se há ou não algo após a morte, coube à religião a tarefa de, por meio da revelação, dizer o que nos espera quando nosso tempo acabar. Pensando no lado mais cristão, muitas vertentes acreditam na existência do inferno – um local onde as pessoas que morreram em pecado mortal e nunca se arrependeram ficam lado a lado com o capeta. Em Hell Architect, a sua tarefa será justamente gerenciar o inferno, criando um ambiente propício para a punição dos pecados.
Pode parecer que não, mas o inferno, pelo menos em Hell Architect, não é apenas sofrimento. Para garantir que a punição é suficiente, as almas sentem necessidades, podendo até mesmo morrer no processo. Seria uma pena morrer duas vezes, não é mesmo? Bem, na verdade ninguém se importa com a vida das pobres almas, mas não há como punir alguém se essa pessoa está morta, e é justamente essa a razão de se importar, mesmo que minimamente, com a condição dos seus mais novos escravos infernais.
Highway to hell
O estilo do jogo deixa bem claro a sua proposta. Fortemente inspirado por Oxygen Not Included, a jogabilidade em 2D é a marca registrada da série. Em vez de lutar contra gases, bactérias e fluidos, Hell Architect te deixa para lutar somente contra as necessidades das pobres almas confinadas com você no inferno.
Hell Architect gira em torno do sofrimento. A cada 10 minutos, uma nova alma chegará ao inferno, e você será o responsável por garantir a sua punição. Além do castigo, você deverá providenciar todas as necessidades das almas – já que elas podem morrer, e a morte delas não é útil.
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Cada alma terá um tipo de tortura atrelado, onde criar uma máquina de tortura que seja compatível ao tipo correto gerará um bônus nos pontos. Toda a jogabilidade se sustenta em criar verdadeiras salas de tortura a fim de deixar as almas o máximo de tempo sofrendo, pagando seus pecados e gerando pontos.
A preguiça é o maior dos pecados
Em jogos de gerenciamento, eu sempre prefiro experimentar o modo sandbox. Acredito que construir e gerenciar algo sem objetivos pré-estabelecidos seja o ápice da diversão do gênero. Contudo, Hell Architect deixa muito a desejar nesse quesito.
Não há muito conteúdo para o modo sandbox, e você apenas constrói e expande infinitamente o seu inferno até se cansar. Entendo que o foco esteja nos cenários, mas não escondo a minha frustração com essa parte. Em Oxygen Not Included, há uma infinidade de possibilidades e maneiras de evoluir no modo sandbox, mas não é o que acontece em Hell Architect.
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Além dessa constatação desanimadora, parece que as almas não possuem uma autonomia muito bem definida. Eles têm necessidades, mas apenas as satisfazem automaticamente quando chegam no nível mínimo. Se deixá-las sozinhas, sem ordens, provavelmente elas ficarão paradas por um bom tempo antes de tomar a iniciativa para fazer algo que preste. Talvez isso tudo seja uma ideia dos desenvolvedores para te deixar com raiva e sentir prazer ao torturar essas almas inúteis? Não sei, mas poderia ser.
E… é isso
No final das contas, Hell Architect é, sim, um jogo divertido. Não chega a ser tão complexo quanto Oxygen Not Included, mas também oferece muito menos. Enquanto as novidades não acabam, o jogo garante horas de diversão às custas da tortura das pobres almas.
Entretanto, a falta de conteúdo é, aos meus olhos, um problema. A proposta cansa, e não há muito valor de replay em Hell Architect. A alta necessidade de microgerenciamento também é um fator negativo que impacta na jogabilidade. Se você for um fã de Oxygen Not Included, esse é um jogo bem parecido que pode te divertir por alguns momentos. Caso esse não seja seu caso, mas você quer entrar no gênero, guarde seu dinheiro e compre Oxygen Not Included, pois é uma experiência muito mais polida e bem desenvolvida.