O início de 2024 tem sido um período caótico para os fãs de JRPG, abarrotado de títulos de peso como Like a Dragon, Persona e o todo-poderoso Final Fantasy VII, que chega no fim do mês. Contudo, uma pequena joinha rara que certamente merece uma parcela do seu reconhecimento pode acabar passando despercebida em meio a tantos lançamentos populares – sim, estou falando de Granblue Fantasy: Relink.
Se você não faz ideia do que se trata a franquia Granblue, está tudo bem. No ocidente, a série da Cygames nunca foi famosa, tendo feito sua estreia em 2014 através de um RPG mobile. Desde então, o estúdio japonês vem pensando em formas de popularizar seus personagens fora do continente asiático, algo que foi parcialmente conquistado com Granblue Fantasy Versus, jogo de luta ambientado no universo da franquia. Dessa vez se aventurando nos RPGs de ação, Relink pode ser uma boa porta de entrada para os novatos – mas com ressalvas.
Já vimos isso antes
JRPGs são famosos por serem jogos muito densos, repletos de diálogos e com histórias bem malucas. Granblue Fantasy: Relink acaba sendo um título fora da caixinha neste quesito, já que por mais que o foco de todo RPG japonês recaia sobre o enredo, aqui tudo é extremamente básico e genérico. A trama principal é clichê do início ao fim, assim como todos os personagens envolvidos, que são moldados nas personalidades mais estereotipadas do gênero.
Sendo assim, se você é um grande fã de jogos com boas histórias, esse aqui vai acabar te decepcionando. O enredo se transforma em algo totalmente secundário e o que chama mesmo a atenção neste jogo é o gameplay. A boa notícia é que ele também não tenta ser um daqueles JRPGs que consomem sua vida, tendo uma campanha com duração de 20 a 25 horas. Isso é bem pouco para o gênero e, particularmente, eu achei ótimo.
Aqui controlamos o capitão de uma embarcação aérea, que pode ser um garoto chamado Gran ou uma garota chamada Djeeta (quem você escolhe não tem peso na história, já que eles são mudos). Sem entrar em muitos detalhes para evitar spoilers, a trama envolve explorar diversas ilhas pelo Espaço Celeste de Zegagrande, a fim de derrotar monstros conhecidos como bestas primordiais e investigar um misterioso culto chamado Igreja de Ávia.
Se esse for o seu primeiro Granblue Fantasy, vai ser um pouco difícil se entrosar em meio aos pormenores deste universo, que foi introduzido em outros jogos. Relink não se preocupa em explicar nada sobre o contexto daquele mundo, apenas contando as informações relacionadas à sua própria trama. Conforme jogamos, dá para ir entendendo aos poucos a proposta da série, mas no geral, achei esse um ponto bem falho.
Outra questão que me incomodou foi a falta de cuidado que tiveram com os personagens que nos acompanham ao longo da aventura. De início, não sabemos absolutamente nada sobre eles, só tendo oportunidade de conhecê-los melhor através de suas respectivas Fate Stories, que funcionam como sidequests para contar um pouco mais sobre o passado de cada um. Contudo, eles optaram por fazer essas cenas em forma de visual novel, ficando bem longe de ser a melhor forma de manter o jogador interessado.
Combate requintado
A boa notícia é que Granblue Fantasy: Relink alcança o equilíbrio ideal através do seu combate, compensando todas as suas falhas relacionadas à história. A Platinum Games, estúdio especializado no gênero hack and slash, participou do desenvolvimento e deu uma mão para a Cygames refinar essas mecânicas, então é de se esperar que as batalhas sejam bem frenéticas e divertidas.
O combate do jogo não chega a ser inovador ou revolucionário, mas definitivamente é a parte mais crocante do conjunto. Podemos formar grupos com quatro personagens e combinar ataques entre eles, criando combos bem dinâmicos e devastadoras. A inteligência artificial dos BOTs não é lá essas coisas, mas consegue fazer o mínimo que se espera. Somente em batalhas mais difíceis que a situação aperta um pouco, já que nossos companheiros morrem o tempo inteiro.
Para quem não está muito disposto a entrar de cabeça em todas as nuances do sistema de batalhas, é possível automatizar tudo que for mais complexo, facilitando um bocado para focar apenas na diversão. O jogo ainda conta com um sistema de esquivas que exige bastante timing e dá uma dinâmica bem estratégica para o combate, uma das marcas registradas da Platinum Games (os fãs de Bayonetta vão se sentir em casa).
Até mesmo grindar é divertido em Granblue Fantasy: Relink, mas o verdadeiro destaque está somente no pós-game, depois de terminar a história. O jogo tem um grande foco nas dungeons especiais, que carrega uma de suas maiores virtudes: co-op online. Nessas masmorras, temos a oportunidade de nos unir com até três jogadores para matar geral, buscando ganhar levels e dropar itens raros para fabricar as melhores armas do jogo.
Considerando que a campanha é relativamente curta, são essas dungeons que carregam a vida útil do game, podendo estender o gameplay por tempo indeterminado. Não dá para negar que é bem legal fazer esses desafios, principalmente porque são neles que temos a oportunidade de encarar as batalhas mais pesadas do jogo. Contudo, uma vez que a história já tenha terminado, não será algo que vai te prender por muito tempo.
Granblue Fantasy: Relink é um RPG de ação bem competente. Saindo um pouco dos padrões do gênero, ele não surpreende em nada em termos de enredo, mas consegue se redimir através de um gameplay rápido, frenético e viciante. As dungeons online acabam sendo apenas um bônus e uma desculpa perfeita para continuar jogando. Se você é fã de JRPG, não deixe esse título passar batido!
Prós:
🔺 Combate frenético e bem refinado
🔺 Campanha mais curta foi um acerto e tanto
🔺 Pós-game com bastante conteúdo
🔺 Fazer dungeons em co-op online é bem legal
Contras:
🔻 Histórica fraca e extremamente clichê
🔻 Momentos em visual novel tira um pouco da relevância das cenas
🔻 Não explica absolutamente nada sobre o universo de Granblue aos novatos
Ficha Técnica:
Lançamento: 01/02/2024
Desenvolvedora: Cygames
Distribuidora: Cygames, XSEED Games
Plataformas: PS4, PS5, PC
Testado no: PS5