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Sempre fui fã de jogos de plataforma desde a era 2D. Esse gênero sempre foi dominado por jogos com mascotes tipo Sonic, Mario e Crash Bandicoot, entre muitos outros. Normalmente são jogos de aventura com elementos de plataforma que, basicamente, consiste em pulos certeiros e precisos para chegar em algum lugar.

Quando vi o primeiro trailer de Glyph, jogo desenvolvido pela Bolverk Games, e notei o besouro se aventurando, achei que iria jogar algo como os jogos estrelados pelos mascotes citados. Acontece que Glyph, o protagonista, é basicamente uma ferramenta e herói ao mesmo tempo. Uma das tags usadas na página do game na Steam o define bem: plataforma com quebra-cabeça.

O dinamismo que desafia e diverte

Como dito acima, Glyph é o cara. Um besouro mecânico criado com o objetivo de salvar a terra destruída por seres robóticos. Seu objetivo é reconstruir o templo principal da civilização daquela terra para, então, destruir o guardião do mal. Uma trama simples que, na verdade, serve como pano de fundo, com um besouro guia te encontrando em vários momentos para explicar o que aconteceu em cada lugar.

E como você vai salvar essa terra? Pulando muito! Todo o jogo se passa em uma região desértica e tocar no chão (ou seja, a areia) é morte na certa. Em todo o jogo, você poderá se deslocar através dos escombros da antiga civilização, pulando em pilares, paredes, plataformas flutuantes e coisas do tipo. O único lugar que você terá paz é no templo que você está reconstruindo, que é o hub do jogo (como o castelo do Super Mario 64).

Glyph
As fases acontecem em períodos diferentes do dia. Essa tem uma coloração bem bonita.

A bola que vira besouro é um carinha bem versátil em movimentos. No formato circular, o Glyph “rola” para qualquer lado no chão, além de pular e, quando no alto, mergulhar em linha reta para poder pegar impulso e ir mais longe. A forma de besouro aparece como um recurso de planeio quando você está no ar e dura alguns poucos segundos, mas dá um baita impulso e permite que você retome o controle.

A princípio parece algo muito difícil, mas ao pegar o jeito o gameplay se torna muito prazeroso. Acertar os pulos em plataformas muito distantes é recompensador. Muitas vezes, a plataforma será do tamanho do Glyph no modo bola e no meio do nada. Ao errar o chão que você pode pisar e cair na areia, o pequeno herói explode e volta para o início da fase.

A física do game funciona muito bem, dada a proposta. Por exemplo, é possível frear no ar e mudar de direção, algo que você irá fazer muito, mas muito mesmo. Quando você entende o “momentum” da movimentação, é possível criar um ritmo muito dinâmico e tornar o jogo bem mais divertido (e desafiador). Outro exemplo é sair rolando no chão e pular na hora exata em que tocar em uma pequena quina. Isso vai impulsionar Glyph mais forte, aí é só aproveitar.

O besouro consegue dar pulo duplo, mas só quando você “abastece” nos pads brilhantes. Ao usar uma vez, precisa tocar em outro pad com luz verde para poder saltar duas vezes de novo. Glyph é capaz de escalar paredes indo contra elas e apertando o botão de pular. Caso faça isso muito rápido, ele será lançado muito alto, um ótima oportunidade para alcançar lugares difíceis. E a forma besouro, usada para planar, só pode ser usada a cada toque no chão ou parede.

Glyph
Toda essa área é o hub e o cristal vermelho é o objetivo final.

Level design inteligente

A versatilidade em mobilidade do pequeno Glyph é metade do jogo, e as fases juntas equivalem a outra fatia do game. São mais de 80 fases, sendo a grande maioria de exploração, além das “time trials” (desafios de tempo). Cada fase gera bonificações que mencionarei mais para frente.

Como dito antes, o objetivo principal de Glyph é reconstruir o templo e, para isso, você precisa coletar as gemas nas fases para ir reconstruindo o caminho. Funciona quase como em Super Mario 64, onde você abre as portas com as estrelas, com a diferença de que poucas gemas são necessárias para avançar em Glyph.

Para abrir novas fases de exploração, moedas são necessárias, e elas são adquiridas dentro das fases. Cada estágio tem uma quantidade específica de moedas, gemas e artefatos, sendo este último usado para abrir fases de desafios de tempo. Muitos estágios contam com segredos que precisam de esforço para encontrá-los. Nas fases de exploração, é possível achar skins para Glyph e a variedade é enorme: vai desde uma caveira com asas (estilo Avenged SevenFold) até um pássaro.

Glyph
Glyph só quer descansar em paz, mas o caminho é tortuoso.

As fases de desafios de tempo recompensam com estilos diferentes de rastros que o Glyph deixa enquanto se mexe. Porém só é possível adquiri-los conseguindo o melhor tempo, o que é muito difícil e quanto mais você avança no jogo, mais absurdo vão ficando esses desafios. Bom, pelo menos eles são opcionais.

O level design das fases é algo de se admirar. São muitas e nenhuma igual a outra. Aos poucos o território das fases vai aumentando, obstáculos como fogo e sentinelas de patrulha são inseridos, bem como plataformas que somem ao tocá-las ou que não deixam você pular alto… Enfim, a variedade é muito interessante.

Você precisa coletar as chaves que abrem o portal para finalizar a fase. No começo é bem simples, mas nos estágios mais avançados algumas chaves requerem um nível de habilidade bem refinado para alacançá-las. Fora as que ficam escondidas. Sobre a exploração das fases, aqui vai uma dica: concentre-se em pegar as moedas, as gemas e o artefato que aparece após pegar todas as moedas. Deixe as chaves e a nova skin por último. Ao cair na areia e retornar para o início da fase, você perderá as chaves e a skin, que sempre será mais difícil de conseguir.

Glyph
Situações como essa são bem comuns: um movimento errado e já era.

Para chegar no final do jogo, não é necessário fazer todas as fases, nem de longe. Na verdade se você conseguir todas as gemas na primeira metade do jogo, mais ou menos, já é possível abrir todo o caminho para o chefe final. Não recomendo fazer isso, já que irá perder algumas fases super desafiadoras que valem a pena a tentativa.

Outro ponto negativo é a câmera quando você a movimenta pra baixo. Ao invés de parar no chão, ela o atravessa e acaba atrapalhando. Apesar do foco do jogo não estar na história, a ausência de tradução em PT-BR dificultará o entendimento das informações passadas a cada fase pelo besouro guia.

Glyph é um jogo obrigatório para quem gosta de ser desafiado. Ele tem sua originalidade e executa muito bem o que propõe. Não é tão difícil quanto esse jogo aqui que analisei e recomendo fortemente, mas pode ter certeza que os momentos de raiva estão garantidos. Oh, se estão!