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Cada vez mais fica difícil um título se destacar entre os vários jogos do gênero Metroidvania, porém Gestalt: Steam & Cinder consegue conquistar seu espaço ao oferecer diversos pontos positivos e agradando pela qualidade na história, gameplay e visual.

O trabalho da Metamorphosis Games, publicado pela Fireshine, chega após quatro anos do anúncio original num jogo que mistura brilhantemente as características de um plataforma de ação com um sistema de combate muito competente em meio à boa construção de mundo.

Gestalt: Steam & Cinder

Canaan, a Cidade do Vapor, segue como o bastião da humanidade, porém esconde diversos segredos em um mundo que, para evitar sua extinção durante a Calamidade, quando um portal para o Abismo surgiu. Os cavaleiros lendários conhecidos como Akhaianos utilizaram esse poder obscuro obtido através do portal para vestirem armaduras capazes de dar o poder necessário para derrotar os demônios do Abismo, porém foram corrompidos e exilados, após se transformarem em demônios também, jurando vingança.

Uma ruiva em meio ao vapor e cinzas

Dois séculos depois a Vanguarda mantém a paz em Canaan e mantém os demônios Akhaianos nos ermos, porém o confronto entre os humanos e os guerreiros caídos acaba arrastando Aletheia, uma Soldner, mercenária de elite, que pouco a pouco descobre mais sobre as intrigas políticas do reino e seu papel importante nessa guerra. Com muitas reviravoltas na segunda parte do jogo e diversas referências de obras importantes da ficção científica, Gestalt: Steam & Cinder acaba construindo um mundo que se apoia muito na narrativa ao invés de apostar apenas na exploração.

Gestalt: Steam & Cinder

Sim, você tem a oportunidade de jogar um metroidvania que não se justifica puramente pelo ir e vir, com backtracking e a maneira como você avança pelo mapa para conquistar habilidades que possibilitem seu progresso. Isso existe e funciona muito bem, inclusive com ligações que justificam as revelações sobre Aletheia, Canaan, os Akhaianos, seu líder Ente Infiel e o último cavaleiro. No entanto, você encontrará mais diálogos do que ambientes e que são muito bem pontuados para explicar mais sobre quem é a nossa mercenária de longos cabelos vermelhos, e como Irkalla e a Vanguarda estão relacionados à trama principal.

Por conta dos diversos diálogos e muito conteúdo em texto, infelizmente o jogo peca por se referenciar e apontar NPCs, itens ou locais, mas sem deixar claro aonde encontrá-los. Para aqueles que não investirem tempo e atenção, Gestalt: Steam & Cinder pode gerar muita confusão fazendo com que você fique perdido entre uma missão ou outra. Mesmo com um menu de quest, que funciona apenas como um log, você precisará explorar bastante e conversar com muitos personagens.

Gestalt: Steam & Cinder

O padrão dos jogos desse gênero funcionam muito bem e fazem parte de Gestalt: Steam & Cinder, com uma jogabilidade precisa, fluida e divertida. Avance pelo cenário, enfrente ameaças e aprenda novas habilidades que permitirão você alcançar novos locais, num looping gratificante e recompensador, sem ser pesaroso ou repetitivo. Ter uma mercenária como característica da protagonista explica a mecânica de pontos ao completar contratos, facilitando seu progresso e evolução. Essas diversas missões paralelas, no painel de quest, servem para complementar os colecionáveis e equipamentos que podem ser encontrados, comprados ou criados.

Metroidvania competente e assertivo

Ágil e preciso, a movimentação e o combate funcionam muito bem, complementando o estilo de plataforma 2D e fechando o excelente pacote por conta da ambientação steampunk. A arte de Gestalt: Steam & Cinder é maravilhosa. Com uma pixel art muito detalhista e repleta de cores, os ambientes parecem ter saído de um livro e oferecem elementos visuais que impressionam pelo cuidado ao construir cada bioma. O mecânico conflita visualmente com o natural, com fogo, cinza e engrenagens que fazem com que seja possível sentir a rigidez e dificuldades desse universo.

Gestalt: Steam & Cinder

Mesmo que os inimigos tenham certa limitação na diversidade dentro de cada bioma, justificável apenas para os autômatos, mas não para os demais seres desse mundo, tudo é visualmente muito agradável e interessante. O comportamento, os golpes e as mutações são bem executadas ao longo dos cenários, inclusive com muita personalidade para cada personagem que surge e proporcionando excelente batalhas contra os chefões do jogo.

A trilha sonora é muito boa, pesada em muitas horas tensas e mais tranquila nas áreas sem ameaças, digna de obras AAA e que fazem parte desse mundo steampunk, assim como acontece com o visual, respeitando suas principais referências como, por exemplo, Steamworld Dig, Bioshock e Dishonored. O trabalho da Metamorphosis Games entrega um trabalho completo para o sensorial e imersão ao longo das oito horas de jogo.

Gestalt: Steam & Cinder

Gestalt: Steam & Cinder preza pela narrativa, se apoiando em muito diálogo e cenas, com uma curva de dificuldade que não oferece muita destreza, principalmente com chefes que não exigem uma dificuldade muito alta, mas que agrada pelo combate ágil e responsivo. Mesmo com um level design simples, a jornada de Aletheia é interessante, divertida e com conteúdo na medida certa para não se perder em sua proposta. Sem inventar a roda, mas optando em priorizar a história, este é mais um bom metroidvania lançado em 2024.

87 %


Prós:

🔺 Movimentação ágil e responsiva
🔺 Excelente maneira de utilizar a narrativa
🔺 Metroidvania que foca mais na história e diálogos
🔺 Visual e trilha sonora muito boas
🔺 Boa curva de aprendizado

Contras:

🔻 Falta de inovação
🔻 Dificuldade baixa e poucos desafios complexos
🔻 Mapa e identificação de objetivos

Ficha Técnica:

Lançamento: 16/07/24
Desenvolvedora: Metamorphosis Games
Distribuidora: Fireshine Games
Plataformas: PC