Review – Foamstars

Com a missão de impressionar desde o início pelo carisma e um mundo repleto de cores, Foamstars substitui as armas de fogo por lançadores de espumas coloridas na tentativa de deslumbrar os jogadores mais casuais.

Trocando a violência pela fantasia, as comparações iniciais com Splatoon se mostraram superficiais, resumindo-se apenas na aposta da Square Enix ao buscar o mesmo público que procura por jogos competitivos mais lúdicos e leves.

Simples, divertido e competitivo

Uma fusão criativa do estilo colorido e irreverente de Splatoon, com heróis e arenas inusitadas de Overwatch, fez com que a Toylogic buscasse um arena shooter capaz de manter o interesse competitivo ao mesmo tempo em que uma nova IP fosse lançada como game as a service. Afinal, mesmo com um elenco inicial muito interessante e balanceado, Foamstars já chega com um season pass e muitas microtransações para a customização dos personagens disponíveis.

Tudo é muito simples em Foamstars. Você e outros três jogadores formam um time que utilizará um lançador de espuma para atingir seus adversários até sua barra de energia zerar e ele ficar preso numa esfera de espuma. Neste momento, enquanto você pede por socorro para alguém do time resgatá-lo, seu inimigo pode surfar pelas espumas e causar um dano final com sua prancha, utilizada para se locomover rapidamente, arremessando você para longe ou apenas esperando a bolota colorida inflar até estourar.

Com um especial e duas habilidades, você precisará ponderar o estilo de jogo do seu personagem (de curto a longo alcance) para enfrentar seus adversários e preencher o cenário com espuma. Neste ponto está a comparação mais próxima de Splatoon, pois você precisará de espuma da sua cor para se mover rapidamente pelo cenário, até mesmo criando morros espumosos para alcançar locais mais altos, caso contrário ao se locomover na espuma do outro time (de outra cor) o seu personagem terá uma movimentação mais lenta e será presa fácil para ataques.

Essa é a premissa básica do jogo competitivo de “tiro” com espumas, que se divide em três modos de jogo. Ao melhor estilo Team Deathmatch temos o “Smash the Star”, em que após pontuar (nesse modo chamado de Chill) sete vezes ao derrotar os adversários na arena, um jogador é transformado na “estrela do time” e será perseguido pelo time inimigo até ser eliminado. Em “Rubber Duck Party” você terá um modo parecido com o de escoltar de Overwatch, para batalhar e conquistar o gigantesco pato DJ no centro do cenário, fazendo com que ele deslize até uma das extremidades do campo e vencendo ao obter a maior porcentagem do trajeto no término do tempo.

Aposta da Square Enix ao buscar o mesmo público que prefere jogos competitivos mais lúdicos e leves

Um terceiro modo (e menos divertido) é o “Happy Bath Survival” em que a equipe é dividida, tendo 2 vs 2 se enfrentando dentro da arena enquanto os outros dois de cada time ficam de fora auxiliando na partida, jogando espuma por todo o espaço para facilitar ou atrapalhar a locomoção dos personagens. Em todos os casos, ao optar pelo rankeado, você acessa um lado mais competitivo de Foamstars e com pontuação no ranking geral da temporada.

Infelizmente o modo singleplayer, chamado de Mission, não é muito desafiador e logo de início o primeiro evento não foi nada atrativo. A chamada “Happy FriYAY” serviu apenas como degustação de um possível personagem futuro, mas sem nada além de uma demonstração do que podemos ter no futuro. O brilho fica mesmo por conta de todo o restante, mesmo com muitos problemas de conexão e mais de sete minutos no match making, que só foi resolvido ao mudar a localização do Brasil para o Estados Unidos.

Self-proclamed Tonix fan

Com oito opções iniciais de escolha para as partidas, Foamstars oferece um bom e balanceado grupo de heróis. Começando por Soa, a personagem mais icônica do jogo, ela oferece velocidade e muita espuma num curto alcance (oi Tracer); no mesmo estilo temos Agito, com ataques rápidos, porém difícil de ver como opção em partidas. Rave Breaker, fechando o time de curto alcance, pode cobrir facilmente grandes espaços com espuma. Mel T, que chega como a primeira desbloqueável pelo season pass gratuito, possui ataques com Lock-On e ataques fortíssimos. Para o suporte temos Jet Justice, com seu campo impenetrável (oi Winston) e O Barista, que possui jogabilidade parecida com o Rave Breaker, mas de longo alcance.

Tonix, a minha personagem preferida de Foamstars, possui o equilíbrio perfeito entre ataque e assistência, além de conseguir lançar uma boa quantidade de espumas para preencher o campo. No entanto, depois de mais de 10 horas de jogo, percebi que Penny Gwyn vem se tornando a preferida da galera. A guerreira pinguin é a única que se aproxima do estilo tradicional dos jogos de tiro, com habilidades de ataque mais agressivas.

O design dos personagens é muito bem trabalhado, mirando num público mais casual e até mesmo apostando na nova IP como uma fábrica de cosplay, para que facilite na disseminação de um estilo que mescla o colorido, kawaii e tecnológico. Gostei bastante da proposta em trazer personagens com próteses, não apenas como um adereço, mas buscando trabalhar um mínimo de inclusão e subvertendo o capacitismo inerente do dia a dia, principalmente em esportes.

Mesmo com uma temporada longa e muitos desbloqueáveis, infelizmente a Square Enix já iniciou Foamstars de olho nas microtransações, com valores altíssimos para a compra das skins. O season pass oferece bastante conteúdo, porém apenas alterações de cores no visual base dos personagens, fazendo com que o mais legal da customização fique atrelado ao investimento pesado por parte do jogador, além das horas dedicadas ao jogo.

Viva Las Bath Vegas!

Transportado para um mundo em que Las Vegas ganha um banho de espuma (desculpa o trocadilho) para se tornar Bath Vegas. As luzes, cores e luxo da cidade americana famosa pela jogatina ganha vida com belíssimas arenas, potencializado ainda mais pelo hardware do PS5. Mesmo que pequenas e simples, todos os ambientes competitivos possuem muitos detalhes e transformam a competição num show frenético e colorido, até mesmo no lobby que você possui para interagir com NPC e escolher suas customizações ou modo de jogo.

A trilha sonora auxilia na atmosfera lúdica que Foamstar possui, contribuindo na diversão e imersão que você precisa para acreditar no potencial que a jogatina com espumas pode oferecer. Seja pelas trilhas desbloqueáveis, para ouvir um pouco mais das músicas no lobby ou até mesmo aumentar a sensação de urgência durante a partida, o estilo sonoro trabalhado pela Toylogic agrada bastante.

Foamstars é úninico, divertido e colorido, com mecânicas simples e que carregam no uso da espuma uma camada extra para quem busca a estratégia durante o competitivo. Com modos de jogo irreverentes, que subvertem o estilo de gameplay consolidado em outros jogos, o elenco de personagens fecha a equação de forma positiva e agradável.

A Square Enix precisará trabalhar bastante para manter o jogo vivo, oferecendo uma opção para as viúvas de Overwatch e para quem cansou de Fall Guys, sendo uma boa alternativa para quem não tem um Switch para jogar Splatoon.

Um agradecimento especial ao Alloku por ter dividido as várias horas de jogatina para testarmos Foamstars e que você pode conferir no canal dele no Twitch.