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Um não deve descartas as possibilidades que pairam entre os céus, mares, terra e o que mais exista. Esta é a proposta de Everhood, um jogo que empresta muito do já clássico Undertale. Mas no entanto, Everhood toma uma posição totalmente diferente da proposta por Toby Fox em seu jogo. Até aonde você estaria disposto a ir para poder descobrir os segredos escondidos em tudo o que te cerca?

Trazendo uma excelente trilha sonora, gráficos psicodélicos e muita alucinação, Eveerhood é sem dúvida um dos melhores jogos que tive o prazer de experimentar neste primeiro trimestre. Saído diretamente de um sonho febril, acompanhamos Red em sua busca por memórias, um braço e um poder enorme. Que poderá ser obtido apenas através do abandono de antigas ideias.

Do outro lado

Está atrasado o review? Infelizmente sim, mas não poderia me permitir enfrentar essa escrita sem antes ter experimentado tudo que Everhood tinha para oferecer. Trazendo gráficos convidativos e um protagonista que parece uma versão de São Tomé das Letras do Geno da Nintendo. Assim temos aqui uma mistura bem excêntrica, mas que funciona muito bem misturando desafio, narrativa e diversão.

Imagem do review de Everhood
Pior do que um boss difícil, é ter que voltar nele por ter chego antes da hora.

Mas do que se trata Everhood? Bom, assim que você começar, pode acreditar que vai demorar para começar a entender o mundo ao seu redor. Nosso misterioso protagonista, conhecido apenas como Red no começo da aventura é uma bizarra marionete. Desmontada e largada ao léu, a mesma volta a vida quando um pequeno ser rouba um de seus braços. Em busca de seu braço, Red irá formar alianças e explorar os mais diversos locais, além de conhecer peculiares seres.

No entanto Red não é realmente o protagonista por assim dizer, mas sim o próprio jogador, que deve fazer difíceis escolhas pelo caminho. O próprio jogo nos pergunta no começo, se desejamos abandonar nossa humanidade para nos tornarmos imortais. Afinal todos os habitantes deste lugar são seres praticamente imortais, mas será mesmo que essa imortalidade e eterna repetição de ações é algo bom? Resta a vocês decidirem.

Everhood lança diversas bolas curvas nos jogadores, fazendo com que cada vez mais ele se questione. O que eu pessoalmente gostei bem mais do que a narrativa padrão de Undertale, mas claro são dois jogos com objetivos em  mente diferentes. Em Everhood, atitudes que parecem malignas, se mostram um verdadeiro desafio a ser ultrapassado afim de se alcançar não só a felicidade de Red, mas dos outros seres deste estranho mundo.

Imagem do review de Everhood
Pé na tábua!

Verum Mortis

Everhood também questiona o jogador em diversos outros aspectos, criando ainda mais confusão sobre o que pensar de Red. Um excelente exemplo disto é quando encontramos um dos habitantes deste mundo chamado Green Mage. Quando o encontramos a primeira vez, o mesmo está sem seu olho, e o jogador pode escolher entre devolver ou não a visão para a pobre criatura.

Uma vez que tenha feito isto, o mesmo irá ficar incrédulo que alguém como Red faria algo assim e promete não nos atacar. Na próxima vez que encontramos o mesmo, ele irá mestrar uma aventura de RPG de mesa para nós, colocando Red como um herói de uma terra distante. Com seu companheiro e grande amigo Rasta Beast ao seu lado, ambos derrotam o maligno Red Mage, um ser que busca apenas consumir a vida dos habitantes locais.

Imagem do review de Everhood
Não é meu primeiro rodeio com um espirito da floresta, cai dentro.

O jogo cria uma experiência muito semelhante ao caminho de Heather em Silent Hill 3, mostrando um forte viés Budista no cerne do mundo e da história. Mas não espere referências a série de terror da Konami aqui, as semelhanças são mais relacionadas a maneira que o jogo quer que você enxergue este mundo e meça suas ações. É uma excelente aventura que com certeza irá prender o jogador até o final, fazendo ele conhecer quem sabe até melhor a si mesmo.

Se liga no passinho

Mas se a história é tão envolvente assim, seria o restante digno de manter os jogadores até o fim? Bom, eu acredito veemente que sim, em quase todos os aspectos o jogo se mantem consistente. O mundo de Everhood fará com que o jogador navegue por portas que sempre o levará a diferentes reinos e locais. Sejam estes um parque de diversões, uma floresta mágica, um castelo ou até mesmo uma cidade saída diretamente de um sonho febril.

Imagem do review de Everhood
David Bowie with lasers.

No começo, após encontrarmos o antagonista, Gold Pig, somos lançados a uma armadilha criada pelo mesmo para dar fim a Red. Aqui o negócio pega fogo, literalmente, afinal de contas estamos dentro de uma fornalha projetada para destruir o corpo de madeira de Red. Admito que sobrevivi boa parte da armadilha, mas acabei perecendo pois perdi o o ritmo da música.

Em Everhood os combates e desafios se dão todos através de músicas. Em uma arena semelhante a track de Guitar Hero, os inimigos irão enviar notas, das quais Red precisa desviar para sobreviver até o fim da apresentação. No caso da fornalha, que já é bem desafiadora para o começo do jogo, o melhor a se fazer é tentar sobreviver, mas caso não consigo há uma surpresa incrível. A batalha mais piscodélica do universo, ou seja, evite o game caso tenha problema com luzes piscando.

Imagem do review de Everhood
Quem é Pink?

Agora eu finalmente posso dormir

Porém, uma vez que o jogador recupere o braço de Red, uma nova mecânica entra em jogo. Usando a seta para baixo, Red pode absorver a energia das notas musicais, e após se energizar com duas notas, pode atacar com essa energia. No começo devemos desviar, mas com o passar do tempo, o jogo vira e temos um embate entre duas forças agora. Aqueles que desejam parar Red e a morte carmesim.

As músicas e batalhas são todas muito divertidas, mas tenho que admitir que certas batalhas são literalmente o inferno. O que acaba gerando certos spikes de dificuldade que são terríveis. Red pode absorver notas com o centro branco, enquanto notas com o centro vazio devem ser desviadas. Muitas batalhas que parecem ser difíceis são tranquilas, enquanto outras são um exercício que dará cansaço até em campeões de Dance Dance Revolution. Batalhas como DevGnomes e Light Warrior são literalmente provas de fogo!

Now that’s a pro gamer move.

Somado ao estilo pixelado, mas muito bem feito, Everhood traz uma história muito refrescante em um mundo fantástico. O design de Red e de Blue Thief, o ladrãozinho que rouba o braço de Red, mas acaba se tornando um aliado após perder as pernas é simplesmente fantástico. Me trazendo memórias nostálgicas de quando garoto fazendo gnomos de Durepox que havia aprendido a fazer com meus primos.

Em suma Everhood é um excelente jogo de aventura, trazendo um enredo cheio de reviravoltas e um excelente fator de replay. Além de um mundo repleto de referências as mais diversas mídias de entretenimento. O jogador se sentirá muito afim de jogar o New Game+, afinal ainda existirão segredos a serem descobertos em Everhood. Afinal, a morte nem sempre é o destino e sim, uma pequeno intervalo nessa nossa longa caminhada.

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