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Chegando para fechar 2024 de maneira explosiva (quase que literalmente), Antonblast é uma dose bombástica de nostalgia e inovação. Desenvolvido pela Summitsphere, este é um jogo de plataforma e ação que consegue aliar velocidade e destruição carregado de irreverência e estilo próprio. Divertido e caótico ao misturar Wario Land e os melhores jogos do gênero da década de 90, sua proposta é trazer esse “BOOM” retrô para o PC e Nintendo Switch.

Tudo em Antonblast é tão simples quanto excêntrico. Você controla Dynamite Anton, um cidadão de Boiler City meio desleixado e cheio de carisma que, após ter seu estoque de bebidas roubado pelo Satan (sim, o coisa-ruim em pessoa), ele parte em uma aventura para reaver seu precioso estoque. Com apoio de Annie, sua companheira, e Brulo, o proprietário do cassino local, você viajará por diversos mundos para destruir suas estruturas, coletar os espíritos de Anton e voltar ao mundo real antes que a Happy Hour termine.

Antonblast

Exploda o tédio

O melhor de Antonblast é perceber que sua jornada de destruição e caos para recuperar o tesouro alcóolico do protagonista possui uma narrativa que não se leva a sério em momento algum, mas isso não é um problema. Tudo faz parte do charme que o jogo possui, com uma história que serve como pano de fundo para o verdadeiro foco do jogo: a jogabilidade. Neste ponto temos uma questão que pode dividir opiniões sobre o trabalho da Summitsphere, pois o jogo carrega um estilo muito familiar para quem cresceu com Sonic, da geração plataforma 2D, tendo a velocidade do gameplay podendo se tornar um diferencial ao mesmo tempo em que surge como fator que pode desagradar.

Controlar Anton é simples e fácil, com um botão para sua marreta, outro para o pulo e mais um para você deslizar. A cada martelada, sua fúria aumenta e como consequência a velocidade do personagem também. Mesmo com um excelente trabalho visual, Antonblast acaba virando um borrão com tantas informações e explosões pela tela, dificultando o entendimento sobre o que se passa durante sua progressão pelo cenário. Pior ainda são os cenários como, por exemplo, Cinnamon Springs, que exige certa precisão para alcançar plataformas com temporizador.

Antonblast

Ao menor contato com elementos pelo cenário ou inimigos é o motivo necessário para explodir o que estiver em sua frente, fazendo com que Anton utilize seu martelo para destruir tudo ao redor e conseguir avançar até o local em que seu espírito está, usando os explosivos de Brulo (com naipes de baralho) para abrir caminho e acionar a Happy Hour, precisando voltar por todo o caminho para escapar com vida. Com a mesma estrutura de Pizza Tower, de avanço e regresso, você precisará voltar e concluir a corrida antes que o contador de tempo zere para conseguir utilizar os elevadores em direção ao inferno.

Parece confuso e sem sentido? Sim! No entanto esse mundinho caótico de Antonblast existe apenas para você se divertir em partidas rápidas ao destruir tudo que tiver pela frente. Para os mais atentos e complecionistas, o level design é competente o suficiente para esconder coletáveis que permitem cumprir 100% do jogo. Talvez você tenha boas doses de vertigem por conta da chuva de informações e velocidade com que a ação se desenrole em frente aos seus olhos, porém é inegável que este jogo indie consegue oferecer uma diversão muito desafiadora.

Antonblast

Nesse quesito, tirando a falta de coerência ao unir precisão e velocidade, a dificuldade do jogo cresce ainda mais quando vamos enfrentar os chefes. Com uma curva de aprendizado bem curta, do primeiro para o segundo chefe, temos uma escalada muito rápida de um combate com apenas uma fase e cinco hits para ser vencido, para um inimigo com quatro fases, dois cenários e 42 contadores de vida. O mesmo acontece com fases que trabalham o cenário com elementos muito mais punitivos e uma grande quantidade de inimigos do que outros.

Talvez falte um balanceamento ou até mesmo outras formas de evolução para Anton, fazendo com que seja mais sutil a diferença no desafio com o avanço do jogo, além de rever escolhas como a falta de pulo duplo para usar a marreta ao alcançar locais mais altos, mas que ao mesmo tempo diminuem a velocidade do personagem. O que será que é mais fundamental? Correr, explodir, fugir ou testar a habilidade dos jogadores na precisão de controles em meio ao caos e confusão visual?

Nostalgia caótica

Antonblast é um dos melhores exemplos de como um jogo pode ser frenético ao mesmo tempo em que consegue combinar elementos clássicos de plataformas, adicionando seu estilo autoral e destrutivo. Além de pular e correr, você pode destruir tudo em seu caminho, o que transforma cada fase num quebra-cabeça de ação, em que a destruição não é apenas incentivada, mas essencial para progredir. Com influências de Donkey Kong, Rayman e Bubsy, além das já citadas, as fases são bem projetadas, com múltiplos caminhos e segredos que incentivam a exploração.

Antonblast

Muito bem trabalhado e com um estilo que lembra os tempos aureos do Super Nintendo, Antonblast pode ser considerado uma belíssima obra retrô. A Summitsphere criou um mundo em pixel art vibrante e detalhado, com animações de Anton e dos inimigos sempre muito fluidas e cheias de personalidade, enquanto os cenários são uma explosão de cores (desculpa o trocadilho) que possuem diversos temas: banheiros, parques industriais, florestas, montanhas, esgotos, entre outros vários. Outro detalhe que merece destaque é o cuidado com os efeitos visuais, fazendo com que cada golpe de marreta, explosão ou colapso de cenário é acompanhado por partículas e animações que aumentam a sensação de impacto, fazendo o jogador sentir cada pedaço do caos que cria.

Para os jogadores que cresceram com trilha sonora em chiptune, Antonblast traz o melhor do rock nesse estilo, com faixas que grudam na cabeça e acompanham perfeitamente o ritmo frenético da jogabilidade. Os desenvolvedores conseguiram fazer com que você sinta vontade em ter a trilha sonora para colocar o fone de ouvido e simplesmente curtir boas músicas. Sem contar que, assim como a atenção aos detalhes, os efeitos sonoros são alocados perfeitamente e de maneira bem exagerada, complementando o tom cartunesco do jogo. Quase como se a MTV e o Cartoon Network se juntassem para fazer um jogo baseado em seus desenhos mais caricatos, como Beavis e Butt-Head, Fudêncio e A Vaca e o Frango.

Antonblast

Antonblast é um jogo que sabe exatamente o que quer: ser uma carta de amor aos clássicos jogos de plataformas, com um tempero próprio. Extrapolando sua fórmula e tentando quebrar a bolha do gênero, a criatividade e adições à jogabilidade, acompanhando sua proposta de história, faz com que seja um bom indie para fechar o ano. Apesar do nível de dificuldade e desbalanceamento entre as fases, principalmente ao mesclar precisão e velocidade, podendo ser um obstáculo para jogadores mais casuais, com certeza quem sofreu com jogos difíceis sem motivo algum na geração 16-bit ou que persistirem no jogo serão recompensados com uma experiência divertida, desafiadora e caótica. Se você é fã de jogos retrô, busca um desafio ou simplesmente quer rir enquanto destrói tudo pela frente, Antonblast é a escolha perfeita para você.

69 %


Prós:

🔺 Estilo visual muito bem trabalhado
🔺 História divertida para justificar o caos do jogo
🔺 Nostálgico pelas diversas influências retrôs
🔺 Controles simples, porém com jogabilidade desafiadora
🔺 Muitos coletáveis para realizar 100% do jogo

Contras:

🔻 Desbalanceamento entre as fases e chefes
🔻 Exigência de precisão durante momentos rápidos
🔻 Confusão visual por conta do estilo artístico
🔻 Curva de aprendizado muito curta

Ficha Técnica:

Lançamento: 03/12/24
Desenvolvedora: Summitsphere
Distribuidora: Summitsphere
Plataformas: PC, Switch
Testado no: PC