Dollhouse tem tudo que um jogo de terror pediria como fórmula de sucesso. O cenário noir, misturado com o ar de anos 50, itens que lembram a cultura cyberpunk e uma protagonista sem memórias, presa na sua própria psique, torna o clima amedrontante.
Conforme avança, as manequins fazem um excelente trabalho pelas fases, se movendo subitamente e de forma assustadora. A entidade que caça a personagem também arrepia a espinha a cada vez que aparece. Tudo isso contribui para deixar você intrigado com esse ambiente, além de te mergulhar numa atmosfera aterrorizante. Porém, a péssima execução do game o faz sentir mais raiva do que medo.
Aterrorizante de todas as piores formas
Infelizmente, o trailer e toda a mídia que vieram previamente o lançamento escondem falhas grandes em Dollhouse. O jogo, basicamente, é um gato e rato de terror. Conforme avança nas fases, a entidade sombria virá ao seu encalço e, com o uso da lanterna, você consegue míseros três segundos para dar meia volta e começar a correr. Isso em todos os cenários.
Assim como a repetitividade da proposta inicial, você terá em todos os cenários os mesmos itens para procurar nos labirintos. Chaves, giz, rolos de filme e bateria estarão em todos os locais. Não há algo de diferente ou que consiga modificar um pouco o gameplay do título.
Quanto mais tempo você passa nas fases, mais ameaças surgirão. A princípio, as manequins se mexem ocasionalmente, se movendo rapidamente apenas para assustar. Com o seu progresso, elas começam a surgir atrás de você enquanto não olha. De uma forma semelhante ao exército de Anjos Lamentadores, de Doctor Who, descoberto por Avus. Depois, te atacam.
![Imagem do jogo Dollhouse](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Dollhouse-review-02.jpg)
Porém, nenhuma te ameaça tanto quanto a entidade que te caça enquanto tenta resgatar suas memórias. Se você usar sua habilidade para ter um vislumbre de onde ela está ou resgatar um evento anterior, já pode começar a correr. A única forma de fugir dela e exterminar a ameaça dos manequins é usando a lanterna.
Porém, se ambos aparecem em sequência, esquece, você já morreu. Quando utiliza o item, ele demora um tempo para recarregar e quando surgem um seguido do outro não há mais nada que possa fazer. A parte mais frustrante de Dollhouse não é morrer, pois aprendemos com Dark Souls que isso pode servir como aprendizado vital. O que mais irrita é ver que o jogo não te dá opções para vencer.
A morte não te dá parabéns
Dollhouse chega a ser injusto, pois além de te matar, ele toma quase todos os seus itens, regressa completamente a fase e te tira grande parte da pontuação de experiência de níveis. Não reclamaria de sofrer perdas, tanto que em Sekiro: Shadows Die Twice isso ocorre de forma firme e consegue passar a sensação de que é disciplinar. Porém, este título te tira quase tudo e quando retorna, a dificuldade que estava no momento que foi atacado se mantém.
![Imagem do jogo Dollhouse](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Dollhouse-review-01.jpg)
Veja bem, se eu não consegui escapar de forma ideal já com os itens e com o nível elevado, como posso enfrentar o mesmo perigo sem meu inventário e prejudicado pelo último encontro com o inimigo? Isso torna o fator replay completamente inviável, pois o próprio game te tira recursos para que possa retornar. A curva de dificuldade favorece a inteligência artificial de um modo ainda mais prejudicial que os Soulsborne da vida.
Além dos defeitos citados, os aspectos técnicos também decepcionam. Dollhouse tem glitches como a aproximação de itens, que não aparece o botão de ação para pegá-los e te obriga a ficar dançando em volta dele para obter sucesso. As telas de loading também demoram muito mais do que o esperado, dando tempo de mandar mensagens, checar o Facebook e Instagram, beber uma água…
![Imagem do jogo Dollhouse](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Dollhouse-review-03.jpg)
A câmera, apesar de ter ajuste de sensibilidade, sempre vai te passar a sensação de estranheza ao se mover. O modo online, ao menos na experiência que tive, me deixou 15 minutos aguardando por uma sala e não surgiu uma alma sequer em algumas tentativas. Talvez a entidade tenha conseguido aniquilar meus possíveis companheiros de jogatina pela internet.
Desligue o videogame e vá ler um livro
Nem a gama diferente de personagens e motivações ajuda Dollhouse a sair da mesmice e te fazer esquecer todos estes problemas. Até mesmo as explicações e texto sofrem com os bugs, travando a legenda na tela ou misturando línguas, o que não aconteceu apenas uma vez. Uma hora você lê o texto em português e ele trava para retornar em inglês, ou o menu alterna sozinho entre ambas as línguas.
![Imagem do jogo Dollhouse](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Dollhouse-review-04.jpg)
Há uma opção chamada Vouyer, caso queira passar por tudo isso sem enfrentar absolutamente nada. Mas, sendo sincero, isso não te traria prazer algum ao jogá-lo. Se ele já é repetitivo e morno com os inimigos e armadilhas pelo caminho, sem nada disso ele pode trazer uma experiência ainda pior.
Sendo vendido a R$149,99 na PlayStation Network, aconselho a não fazer o download nem se um dia estiver gratuito no plano da PS Plus. Infelizmente, Dollhouse tem uma ótima ideia e conceito visual gastos numa avalanche de erros técnicos e de desenvolvimento. Praticamente injogável, recomendo que procure outros jogos do gênero para se entreter.