Em G-Force, porquinhos da Índia com equipamentos high-tech lutam para salvar o mundo de eletrodomésticos malignos. Esse é o plot do novo filme de verão (e jogo) da Disney para a criançada. Seguindo a aventura nas telonas, o game coloca você no comando de uma equipe de roedores treinada para missões à serviço da paz mundial.
Apesar de o jogo ser baseado no filme, não há nenhuma referência ao enredo em que o filme se baseia. Não sabemos a origem e nem o propósito do governo americano em treinar e equipar porquinhos da Índia para realizar missões de risco. Muito menos é explicado quem são os personagens que te acompanham e conversam com o jogador pelo rádio. Você é jogado dentro das missões do game e ponto final. Para entender melhor a história, o jogador é obrigado a ver o filme no cinema.
Na pele do roedor Darwin, líder da G-Force, você tem como missão perseguir Leonard Saber, o dono da Saberling, uma mega-corporação que manufatura eletrodomésticos e outros equipamentos eletrônicos que tem um diferencial: os utensílios do lar ganham vida e se transformam em criaturas robotizadas, usadas por Saber em um plano de dominação mundial. Cabe a Darwin e a G-Force impedir isso.
G-Force é basicamente um jogo de ação em terceira pessoa, com algumas sessões de pilotagem e quebra-cabeças bem simples. Darwin combate inimigos no corpo-a-corpo usando seu chicote elétrico e atira com uma variedade de armas (de plasma, fogo e gelo). Ele dispõe também de outros equipamentos high-tech em miniatura, como o Jet-pack (que serve para pulos duplos, correr mais rápido e flutuar sobre precipícios) e a Mooch, uma mosca robô que é usada pra ativar certas portas, desativar armadilhas e carregar itens.
O game dura cerca de oito horas, passando por cinco atos e uma infinidade de objetivos secundários absolutamente lineares. Cada um desses atos acontece em um cenário diferente: sejam os escritórios da Saberling, fábrica ou sede do FBI, eles mudam pouco de um para o outro e não são nada inspirados. Os objetivos também sofrem da mesma falta de inspiração, sempre te pedindo para ir do ponto A ao B para pegar um keycard ou acionar uma porta que o leva à próxima missão. Ou seja, nada de chefes ou momentos épicos. Pelo menos os inimigos são fantásticos: fones de ouvido, mouses, máquinas de refrigerante, entre outros. A grande variedade e originalidade de cada inimigo dá um certo frescor ao jogo.
Outro ponto positivo é a jogabilidade, divertida e muito eficaz. Cada arma de Darwin se comporta de um jeito diferente, por exemplo. Ao golpear os inimigos com o chicote elétrico, Darwin se movimenta dando cambalhotas e girando por todos os lados, acompanhado de um eficiente sistema de trava no inimigo que, apesar de funcionar no mano a mano, não existe na hora de atirar. A câmera também ajuda bastante, raramente atrapalhando os combates. Há também os upgrades para as armas e habilidades de Darwin. Esses upgrades podem ser adquiridos ao encontrar CDs e comprados em máquinas de venda espalhadas pelo jogo, fazendo uso dos chips derrubados pelos inimigos destruídos.
No geral, G-Force é um jogo com apelo infantil e relativamente fácil. Munições e itens de cura são encontrados em grande quantidade em todos os lugares. Apesar de oferecer um sistema de vidas, perder todas elas o faz recomeçar do último checkpoint salvo. O desafio é pequeno, exceto por algumas áreas mais avançadas e com maior número de inimigos. Nada de objetivos mais complexos ou que exijam algo além de apertar o botão de ataque repetidamente.
Visualmente, o game se mostra simples nos cenários, mas competente na animação dos personagens. Há até uma opção de gráficos em 3D, com um óculos especial, você pode ver imagens que saltam da tela. Infelizmente esses óculos (o jogo vem com um) não são feitos para quem usa óculos de grau, como eu. Usá-lo junto com meu óculos regular é complicado e desconfortável demais, resultando em um efeito 3D misturado com a minha miopia natural. Aqueles que não sofrem desse problema, se divertirão bastante com a ilusão do efeito, apesar da eventual perda de cores e possível dor de cabeça.
Para concluir esta análise, não há como negar que G-Force seja um jogo simples, mas bem executado. A história não é explicada em momento algum do jogo (o que pode causar tédio durante as oito horas de aventura), mas a variedade de armas, upgrades, sistema de combate, e a mosca robô adicionam valor ao jogo, o que pode agradar até mesmo os jogadores que não viram o filme.